Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 3.000 pessoas morrem anualmente no Brasil devido a engasgos
Maria Cunha* Publicado em 16/05/2024, às 06h00
A Escola Concept, no Jardim Paulista, está promovendo, nesta quinta-feira (16), mais uma sessão de prevenção a engasgamentos e de primeiros socorros para estudantes e colaboradores. O treinamento é o último de uma série, que contou com outras 13 sessões, e está sendo ministrado pela fonoaudióloga Monica Caiafa Bretas, chefe de fonoaudiologia do Hospital Sírio-Libanês.
Segundo a profissional, esta foi a primeira vez que realizou uma iniciativa tão prática e abrangente. “Esta experiência tem sido extremamente gratificante. Os engasgos podem ocorrer em qualquer lugar, com qualquer pessoa, independentemente da idade. Ensinar crianças a agir corretamente não só aumenta a segurança delas e de outros ao seu redor, como também pode salvar vidas”, explicou.
Cerca de 715 crianças e jovens, do 2º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio, e aproximadamente 300 funcionários do colégio estão participando do projeto. Durante o treinamento, os alunos e colaboradores aprendem a identificar situações de engasgo, tanto em si mesmos quanto em outras pessoas, e as ações e técnicas necessárias para lidar com esses casos.
De acordo com Priscila Torres, diretora da Escola Concept São Paulo, o projeto surgiu a partir de uma visão do colégio de preparar os estudantes para agir através de experiências educacionais propositivas. “A segurança e o bem-estar físico são prioridades em nossa organização. Nosso objetivo era capacitá-los a praticar a segurança em qualquer situação”, afirmou.
Para as crianças mais novas, do 2º ao 4º ano, o treinamento focou em adquirir as habilidades para identificar alguém engasgado, alertar prontamente um adulto e buscar assistência. Por outro lado, para os alunos do 5º ao 12º ano, além de reconhecerem uma situação de engasgo, o treinamento os capacitou a executar efetivamente a manobra de Heimlich.
As sessões foram bem-recebidas não só pelos alunos, que demonstraram interesse pelas diferentes práticas, mas também pelas famílias. O conteúdo e o cronograma do projeto foram comunicados aos pais e responsáveis semanalmente, e muitos também expressaram vontade de participar.
“As crianças demonstraram grande receptividade e em compreender as causas dos engasgos e realmente aprender técnicas que podem salvar vidas”, conta Monica. “A interação e o engajamento delas durante as sessões foram notáveis, assimilando com seriedade e atenção.”
Além disso, a fonoaudióloga explica que crianças absorvem informações rapidamente e tornam-se agentes multiplicadores desses conhecimentos em suas famílias e comunidades. Assim, a relevância do treinamento vai além da escola, pois capacita crianças e jovens a identificar emergências e a agir de forma eficaz em momentos críticos.
Para Priscila, trabalhos como esse devem ser contínuos, assim como a proposta de conectar os alunos a oportunidades na vida que apoiarão a aplicação de suas habilidades, competências, valores fundamentais e conhecimentos desenvolvidos na escola.
“Estamos desenvolvendo cidadãos que impactarão positivamente nosso mundo com conhecimentos práticos sobre como ser agentes de mudança”, pontua a diretora da Escola Concept São Paulo. "Estamos muito orgulhosos deles e de seu compromisso em fazer parte de um movimento tão honroso.”
De acordo com dados do Ministério da Saúde, aproximadamente 3.000 pessoas morrem anualmente no Brasil devido a engasgos, e entre 2009 e 2019, mais de 2.000 crianças foram a óbito por engasgo, com mais de 83% desses casos ocorrendo em creches e escolas.
“Esses números provavelmente são subestimados, pois não incluem aqueles que faleceram após hospitalizações prolongadas por complicações relacionadas ao engasgo”, explica a chefe de fonoaudiologia do Hospital Sírio-Libanês.
Ao se deparar com uma pessoa engasgada, a fonoaudióloga explica que é crucial agir rapidamente e de forma apropriada:
Se uma criança presenciar o evento, Monica reforça que é fundamental que ela procure um adulto para executar a manobra e instruí-lo a chamar o SAMU antes de tentar a realizar técnica de compressão, garantindo uma resposta rápida e segura.