O amor e dedicação pela a carreira fazem de Suely um grande exemplo
Suely Apparecida* Publicado em 12/11/2023, às 06h00
"Meu nome é Suely, com y e Apparecida, com dois Ps. "
Sempre explicava isso, logo no começo de uma entrevista de emprego. E, foram muitas, em mais de 40 anos de trabalho. Sou paulistana, nasci e cresci na zona oeste da cidade. Comecei a trabalhar muito cedo. Fui vendedora, costureira, fazia crochê e tricô, trabalhei em hospital. Até que recebi um convite para ser babá. Meu amor por crianças mudou meu destino.
No começo, não tinha experiência. Fui aprendendo com a prática, com as mamães, com os pediatras e com os bebês. Porque, como eu sempre falo: “A gente acha que vai ensinar, mas são os bebês que acabam ensinando a gente.” A linguagem do bebê é o choro: de fome, de cólica, de sono. O choro de alerta quando aparece uma febre ou uma dor.
É importante que a gente saiba identificar cada uma dessas mensagens. Eu sempre falei com os bebês, muito. Desde o dia que eles chegavam da maternidade. E, em cada atividade, banho, troca de fralda, hora de dormir, eu conversava explicando o que estava fazendo.
Cada casa era uma experiência diferente e eu sempre gostei e me adaptei muito bem. Os bebês que cuidei me levaram para outras cidades de São Paulo, para outros estados e até para outros países.
Sempre me virei bem, independentemente da língua ou da cultura diferentes. Morei dois anos com uma família, em Dubai, nos Emirados Árabes. Eu cuidava de gêmeos e os pais foram viajar. As crianças ficaram doentes, com febre. Depois de falar com os pais, levei os dois meninos ao pediatra sozinha (ele não falava nem espanhol). O médico me explicou o que eu tinha que fazer desenhando até inalador num papel.
Fui à farmácia, comprei tudo que precisava, cuidei dos meninos e, quando os pais chegaram, eles já estavam ótimos. Eu sempre tive consciência que: "os pais me entregavam o que eles tinham de mais precioso. E, eu sempre cuidei dos bebês como se fossem meus filhos."
Muitas famílias e crianças fazem parte da minha vida até hoje. Fui babá de irmãos, de primos, de filhos, de amigos. Sempre fui indicada e, saía de uma casa para outra. Nunca fiquei sem emprego. Até hoje, tenho contato com avós, tios, com crianças que cuidei e que já são casadas, estão na faculdade ou algumas que ainda são pequenas. Sou convidada para festas de aniversário, para fazer o bolo de cenoura, que as meninas que vi nascer e hoje tem mais de 20 anos, adoram, para visitar avós e colocar a conversa em dia.
Me aposentei, mas continuo recebendo ligações com propostas de trabalho. Ser babá é o que me realiza e agora, descobri, que o sonho de continuar cuidando e fazendo o que eu mais amo na vida é possível: criei o Beabá da Suely.
Estou contando minhas histórias, experiências, dando dicas e, assim, cuidando de vários bebês, através dos papais e mamães que estão junto comigo nessa jornada do bebê, no recém nascido Beabá da Suely.
Viajar sem fronteiras: histórias de refugiados
Alcoólicos Anônimos me presenteou com uma nova vida
O que aprendemos em missão humanitária no Quênia
Mãe e filho: o amor não tem cor
Minha vitória sobre a infertilidade aos 52 anos