Estudo revela crescimento alarmante das quedas entre idosos, destacando a urgência de ações preventivas e conscientização
Raquel Gonçalves* Publicado em 01/05/2025, às 06h00
Um levantamento do Estudo Longitudinal da Saúde dos Idosos Brasileiros (ELSI-Brasil) revela um aumento preocupante de 25% no número de quedas entre a população idosa do país nos últimos 4 anos. Este dado alarmante não apenas indica um problema de saúde pública, mas também ressalta a necessidade de medidas preventivas. As quedas em idosos podem ter consequências graves, incluindo fraturas, traumatismos cranioencefálicos, redução da mobilidade, perda de independência e até mesmo um aumento no risco de mortalidade. Além dos impactos físicos, as quedas podem gerar medo de cair novamente, levando ao isolamento social e à depressão, deteriorando ainda mais a qualidade de vida dos idosos.
Segundo o Ministério da Saúde, nos últimos dois anos, o cenário das quedas em idosos no Brasil permanece como uma preocupação constante. Dados recentes indicam que as quedas continuam sendo uma importante causa de morbidade e mortalidade na população com 65 anos ou mais. Estima-se que cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez ao ano, sendo que uma parcela significativa dessas quedas resulta em lesões graves, hospitalizações e perda de funcionalidade.
Em 2023, o Ministério da Saúde reforçou as orientações para a prevenção de quedas, destacando a importância da avaliação individual de risco, da prática de atividade física para fortalecimento muscular e melhora do equilíbrio, da revisão da medicação em uso e das adaptações no ambiente doméstico e público para eliminar potenciais fatores de risco.
A ocorrência de quedas em idosos é multifatorial, envolvendo uma complexa interação entre fatores intrínsecos ao indivíduo e fatores extrínsecos relacionados ao ambiente. Entre os fatores intrínsecos, destacam-se as alterações fisiológicas do envelhecimento, como a diminuição da força muscular, a perda de equilíbrio, a redução da acuidade visual e auditiva, a presença de doenças crônicas como osteoporose, artrite, diabete e doenças neurológicas, além do uso de múltiplos medicamentos. Já os fatores extrínsecos englobam os riscos ambientais presentes no domicílio e nos espaços públicos, como pisos escorregadios, tapetes soltos, iluminação inadequada, obstáculos no caminho, escadas sem corrimão e calçadas irregulares.
Diante deste cenário, a prevenção de quedas em idosos emerge como uma prioridade essencial. As estratégias de prevenção devem ser abrangentes e abordar tanto os fatores de risco individuais quanto os ambientais. No âmbito individual, é fundamental a prática regular de atividades físicas que visem o fortalecimento muscular, o aprimoramento do equilíbrio e da coordenação motora. A avaliação médica geriátrica e de fisioterapeutas é de suma importância para identificar e manejar condições de saúde que possam aumentar o risco de quedas. Outro fator importante é revisar a medicação em uso, ajustando doses e evitando associações que possam causar tontura ou sonolência.
A atenção à saúde visual e auditiva, com consultas oftalmológicas e audiológicas periódicas e o uso adequado de óculos e aparelhos auditivos, também desempenha um papel importante na prevenção. Uma nutrição adequada, rica em cálcio e vitamina D, contribui para a saúde óssea e muscular, reduzindo o risco de fraturas em caso de queda.
No que se refere à prevenção ambiental, adaptações simples no domicílio podem fazer uma grande diferença. É recomendado eliminar tapetes soltos e utilizar antiderrapantes, instalar barras de apoio em banheiros e corredores, garantir uma boa iluminação em todos os ambientes, especialmente à noite, remover obstáculos do caminho, organizar os móveis para facilitar a circulação e utilizar calçados adequados, com solados antiderrapantes e bom ajuste aos pés. Nos espaços públicos, a atenção deve ser redobrada relativamente a calçadas irregulares, buracos e falta de sinalização, sendo importante utilizar bengalas ou outros dispositivos de auxílio à marcha quando necessário. A conscientização da sociedade sobre a importância de ambientes seguros e acessíveis para os idosos também é fundamental para a prevenção de quedas em espaços públicos.
Em suma, o aumento das quedas em idosos no Brasil, exige uma resposta coordenada e multifacetada. A implementação de programas de prevenção que integrem a avaliação e o manejo dos fatores de risco individuais com a modificação dos fatores ambientais é essencial para reduzir a incidência de quedas e suas graves consequências, promovendo assim um envelhecimento mais saudável e com maior qualidade de vida para a população idosa brasileira.
Em junho de 2024, o Ministério da Saúde lembrou o Dia Mundial de Prevenção de Quedas em Idosos, reforçando a importância da temática e divulgando materiais informativos sobre como evitar esses acidentes.
Embora não haja um levantamento atual os casos têm se intensificado e gerado grande preocupação as famílias e idosos que sofrem acidentes dentro ou fora de casa. É importante aumentar os níveis de atenção à saúde e na sociedade. A colaboração entre o Ministério da Saúde, outras instituições governamentais, profissionais de saúde, familiares e a própria população idosa é fundamental para reverter essa tendência e garantir um envelhecimento mais seguro e saudável no Brasil.
*Raquel Gonçalves é fisioterapeuta graduada pela UFSCar, mestre e doutora em Ciências da Reabilitação pela FMUSP. Possui especializações em reabilitação pulmonar, fisioterapia cardiorrespiratória e cardiologia, e MBA em Marketing em Saúde pela USP-Esalq.
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