Psicanalista comenta sobre as inseguranças das mulheres durante a menopausa
Marcia Cunha* Publicado em 24/06/2023, às 16h00
Recentemente li uma matéria sobre sintomas menopausais e uma palavra me chamou atenção. Uma das especialistas entrevistadas usou o termo “doença” ao se referir a essa fase da vida, que é natural e pela qual todas as mulheres do planeta passam ou passarão. A reflexão que trago aqui, a partir deste fato relatado, é o quão prejudicial pode ser a defasagem e as distorções de informações que cercam esse tema. Entender o que é e como funciona a menopausa é crucial para que possamos não só passar por esta fase, como dar suporte às mulheres, para que se sintam seguras.
Como psicanalista e empreendedora do setor de saúde da mulher madura, percebo que a sociedade como um todo, e nisso incluo homens e mulheres, possuem pouco ou nenhum conhecimento sobre o que ocorre nos períodos de perimenopausa, premenopausa , menopausa e pós-menopausa. Recentemente, uma pesquisa qualitativa rodada pela Plenapausa, femtech focada em saúde madura feminina, frases como “menopausa é quando se para de fazer sexo” e “menopausa é quando a mulher para de menstruar e sente uns calorões”, foram ditas por homens e mulheres quando perguntados se sabiam “o que é menopausa?”
A média de idade das mulheres quando entram na menopausa é 51 anos. O período mais propenso é entre os 45 e 55, sendo considerada menopausa quando fica-se pelo menos um ano ou doze ciclos sem menstruar. Aproximadamente oito anos antes desse momento, as mulheres vivem a perimenopausa, que é o período de transição antes da menopausa - é quando os ovários gradualmente começam a produzir menos estrogênio e algumas mulheres podem experimentar uma série de sintomas semelhantes aos da menopausa, como períodos menstruais irregulares, ondas de calor, sudorese noturna, insônia, alterações de humor, diminuição da libido, secura vaginal, ganho de peso e alterações na textura e qualidade da pele e dos cabelos.
Após a fase reprodutiva, aquela em que ocorre ovulação, podendo assim ocorrer a gravidez, muitas vezes, a mulher já não vê mais perspectivas de qualidade de vida, prazer, vida sexual ativa. Acontece que, hoje, a expectativa de vida é de 79 anos para mulheres e 72 para homens no Brasil, 6,76% a mais do que 10 anos atrás. O que significa que as mulheres viverão em média 28 anos em pós menopausa, que é o período após a ocorrência da última menstruação e dura pelo resto da vida da mulher. Por isso, além de informação e conhecimento sobre o tema, produtos e tratamentos que conservem o conforto dessa mulher, são cada vez mais importantes e recomendados.
O porquê da menopausa não ser doença
Quando ficamos doentes, queremos nos livrar daquela enfermidade o mais rápido possível, seja tomando medicamentos ou fazendo tratamentos e, muitas vezes, tendo uma relação de rivalidade com os sintomas. A partir deste ponto de vista, se pensarmos na menopausa como doença, nossa relação com ela será de embate. Quando na verdade, acolher cada uma das mudanças sentidas nessas fases é fundamental.
Então, entendam: a menopausa, assim como a gravidez, não é uma doença. Na maioria das vezes traz incômodos e transformações no dia a dia das mulheres, mas como já falamos neste mesmo texto, mais acima, é uma fase natural pela qual todas as mulheres passam ou passarão.
De acordo com pesquisa feita com mais de 5 mil mulheres pela Plenapausa, 80% das pessoas em fase menopausal apresentam sintomas e 60% não utilizam nenhum tipo de tratamento para aliviar os desconfortos. Mas apesar dos sintomas mais comuns a todas, cada mulher é única, por isso devemos conhecer e observar as transformações hormonais, corporais e emocionais pelas quais passamos ao longo da vida, para que consigamos agir em prol da nossa saúde e bem-estar, em todas elas.
Outro ponto importante é que quanto mais nos conhecermos e tivermos acesso à informações - seguras, checadas e confiáveis - mais tranquilo será passar e acolher quem está passando por essa fase.
Uma mulher feliz na menopausa é aquela que conhece seu corpo físico e investe na sua saúde física, social e mental, podendo assim, aproveitar de uma forma plena e leve a fase da maturidade, sem tabus.
Um ponto importante que afasta as pessoas do conhecimento e da informação é o tabu. Muito se fala do homem que deve viver plenamente ativo até os 100 anos de idade, já para a mulher é como se não houvesse perspectivas, o que é muito prejudicial e equivocado e se faz necessário levar cada vez mais informação, para que essa realidade mude e tenhamos muitas mulheres preparadas para passar pela menopausa de forma leve e saudável.
*Márcia Cunha é psicanalista, empreendedora, fundadora e CEO da femtech Plenapausa, a primeira do Brasil a ter serviços e produtos focados na mulher madura no período menopausal.
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