Relatos emocionantes que revelam a força e a luta por inclusão das mães de crianças com deficiência. Um dos textos é de Thaissa Alvarenga, mãe do Chico
Thaissa Alvarenga* Publicado em 26/03/2025, às 14h00
Uma tarde chuvosa, uma xicara de café e a tentativa de uma casa silenciosa que é muito difícil sendo mãe de três crianças, diferentes, únicas e tão amadas. Esse seria um mundo ideal para colocar em um papel uma carta profunda com o titulo “À Mãe Que Me Tornei”
Uma obra que reúne cartas escritas por mães atípicas sobre os desafios e aprendizados da maternidade A maternidade é uma jornada transformadora, repleta de desafios e descobertas. Mas, para as mães atípicas — aquelas cujos filhos possuem alguma deficiência, essa caminhada ganha contornos ainda mais profundos, exigindo força, resiliência e um amor que transcende qualquer diagnóstico e rompe barreiras tão grandes que nem conseguem ser imaginadas.
É essa experiência que o livro “À mãe que me tornei” traz à tona, por meio de 29 cartas escritas por mulheres que compartilham suas vivências na maternidade atípica.
E minha singela contribuição é com meu filho mais velho um menino de olhos amendoados, que sim veio ao mundo com a Síndrome de Down, cardiopatia e uma garra em viver desde o meu ventre. Ele marcou o início de uma jornada de mudanças na nossa família e na vida profissional da mamãe e de muitas pessoas.
Reviver algo tão desafiador em uma carta como o nascimento do Francisco em Fevereiro do ano de 2014 e ter vivido momentos de angustias por ele estar em sacrifício e sabendo que viria ao mundo com uma alteração genética e sim uma cardiopatia congênita e hoje perceber que a estrada da maternidade é uma escola tão linda e cheia de altos e baixos.
A sociedade precisa refletir que na convivência com as diferenças construímos um mundo com mais empatia, respeito, dignidade e relações mais humanas. O tempo que cada pessoa segue seu relógio próprio unindo experiências únicas e olhares mais apurados para as coisas mais simples da existência humana.
Cada carta é um testemunho de amor, superação e luta por inclusão, evidenciando tanto as dificuldades quanto as alegrias da maternidade. Muito além de um livro, um abraço acolhedor A sociedade ainda impõe barreiras invisíveis e visíveis às mães atípicas. A falta de estrutura, o olhar julgador e a ausência de acolhimento fazem parte do dia a dia dessas mulheres. No entanto, “À mãe que me tornei” mostra que, apesar dos desafios, essas mães seguem movidas por um amor inquebrantável, que resiste ao tempo e às adversidades. Ao longo das páginas, o leitor é convidado a mergulhar em histórias reais, sem filtros ou romantizações. São relatos que falam de medo, cansaço e incertezas, mas também de alegria, pequenas vitórias e uma força que só quem ama incondicionalmente pode compreender. Seu compromisso com histórias reais e impactantes foi o que a motivou a organizar este livro como uma homenagem à força dessas mães.
Hoje, com uma jornada como Empreendedora Social e fazendo muitas pessoas refletirem o que de fato queremos para nossos filhos, sendo típicos ou atípicos deixo uma singela pergunta.
Será que nas diferenças não nos tornamos pessoas mais completas? Será que cada pessoa não deve ser vista como única e que sem tem seus solhos, emoções e desejos.
Que histórias como a minha escritas neste livro sirva de uma provocação para uma mudança nesse mundo tão rápido e acelerado.
O Instituto Nosso Olhar, em parceria com a Associação Fernanda Bianchini, irá realizar, no dia 26 de março, a terceira edição do jantar “Amigos da Inclusão”, um movimento de solidariedade para engajar parceiros e toda a comunidade. O evento acontecerá às 19h, no 033 Rooftop, na Vila Nova Conceição, e contará com diversas atrações, como a Banda Suhai, a Cia de Ballet de Cegos e o Musical Nosso Olhar, além de um leilão beneficente e a presença do empresário e filantropo Elie Horn, fundador da Cyrela e do Movimento Bem Maior.
Com o objetivo de reunir agentes transformadores para uma sociedade inclusiva, o encontro tem como tema “Cidadania Produtiva Já!” e visa defender que todos tenham o direito de produzir, consumir e influenciar nas demandas culturais, sociais e comerciais da coletividade.
Criador do jantar “Amigos da Inclusão” há três anos, o Instituto Nosso Olhar trabalha com o objetivo amplo da inclusão de pessoas com deficiência, sobretudo intelectual, para melhorar a condição física, emocional e social.
Em cinco anos, o Nosso Olhar entregou transformação através de 6.282 atendimentos, sendo 3.024 nas oficinas culturais, 281 nas aulas de jiu-jitsu e ainda teve 425 pessoas nos atendimentos personalizados na área da saúde e educação.
"Transformar vidas de pessoas com deficiência e em vulnerabilidade social nos move adiante. Torná-los cidadãos produtivos, nos leva além”, afirma Thaissa Alvarenga, fundadora do Instituto Nosso Olhar.
Parceira do Instituto na realização do evento, a Associação Fernanda Bianchini, há 30 anos, transforma a vida de pessoas com deficiências através da arte. Responsável pela única Cia de Ballet de Cegos do mundo, apresentou-se em 10 países e até hoje impacta milhões de pessoas em suas apresentações.
Por meio do seu método próprio de ensino, em 2024, realizou 2930 aulas para 615 alunos em suas 15 modalidades. Em 2025, inaugurou a sua sede própria e, com isso, triplicou sua capacidade de atendimento.
"Nossos alunos são protagonistas de suas histórias, nos palcos e na vida”, explica Fernanda Bianchini.
Na última edição, o evento teve alta repercussão nas redes sociais e contou com 350 convidados entre empresários, formadores de opinião e pessoas engajadas na inclusão.
No total, foram mais de R$800 mil em arrecadação. Já a meta para 2025 é arrecadar R$ 2 milhões.
Agora, é com vocês. Estejam presentes no nosso evento, que deseja transformar vidas através da prática da solidariedade.
Vejam o vídeo
https://drive.google.com/file/d/1Av2e36-s2P5guvPM1WB-j0E91LCDajd1/view?usp=drivesdk
Data e horário: 26/03, às 19h
Local: 033 Rooftop Santander - Av. Presidente Juscelino Kubitschek, 2041 - Vila Nova Conceição
Thaissa Alvarenga é fundadora do Instituto Nosso Olhar, que há mais de 5 anos se dedica à transformação e inclusão de pessoas com deficiências intelectuais e neurodivergentes. Formada em Publicidade e Propaganda, com especialização em Marketing e pós-graduação em Neurociência na Educação, viveu uma transformação pessoal ao dar à luz Chico, que tem Síndrome de Down.
Atualmente, é palestrante, TEDx Speaker e integrante do Conselho Consultivo do Instituto JNG. No mundo corporativo, aborda temas de inclusão e acessibilidade comunicacional, ampliando a conscientização e o compromisso das empresas com a diversidade.
É sócia da empresa de estratégia e comunicação com direitos, Thainom @comunicant. Além disso, colaborou nos livros “À mãe que me tornei”, organizado por Letícia Lefreve, e Tijolos do Bem, biografia de Elie Horn, empresário e filantropo, fundador da Cyrela e do Movimento Bem Maior.
Fernanda Bianchini é bailarina, fisioterapeuta, empresária e palestrante. Casada e mãe de três filhos, é fundadora da Associação Fernanda Bianchini, onde atua como voluntária desde 1995, e responsável pela Cia. Ballet de Cegos, o único grupo de balé profissional no mundo formado por deficientes visuais.
Ao longo desses 29 anos, foi premiada diversas vezes pelo Método Fernanda Bianchini, incluindo o Prêmio Juscelino Kubitschek em 2015 e o Prêmio Governador do Estado em 2024 na categoria Dança. É embaixadora da Liderança Evolutiva e líder HD.
Recebeu três comendas no estado de São Paulo por suas contribuições culturais ao estado e o título de Cidadã Emérita de São Caetano do Sul, cidade onde nasceu.
*Thaissa Alvarenha é presidente do Instituto Nosso Olhar, mãe do Chico, da Maria Clara e da Maria Antonia
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