Sesc Bom Retiro realiza festival de Arte e Cultura Negra para crianças

Programação dedicada a crianças celebra as culturas afrobrasileiras para expandir reflexões sobre as negritudes e a diversidade na infância

Redação Publicado em 06/06/2023, às 12h00

O Festival tem por objetivo enaltecer culturas afrobrasileiras na relação com as várias formas de ser criança - Foto: Divulgação

A palavra omodé, em yorubá, abrange os universos das crianças. Seu significado percorre o início da vida humana, fase que exige cuidado e encantamento. E é a partir desse conceito que o Sesc Bom Retiro realiza Omodé: Festival Sesc de Arte e Cultura Negra para a Molecada, uma mostra artística e educativa que, entre junho e agosto, oferece apresentações de teatro, dança e música, exibições de filmes, exposição, atividades físico-esportivas, ações formativas e bate-papos.

O Festival tem por objetivo enaltecer culturas afrobrasileiras na relação com as várias formas de ser criança, além de reverberar a importância de se pensar coletivamente a ancestralidade, o antirracismo e a diversidade na infância, através do convívio, do compartilhamento de saberes e da arte.

Suas atividades se inserem no contexto do aniversário de 20 anos da Lei 10.639/03, que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e estabeleceu a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afrobrasileira na educação pública e privada, posteriormente atualizada para 11.645/08, que inclui a história e cultura indígenas, contemplando a pluralidade de heranças étnicas presentes no país.

Uma intensa programação de abertura está prevista para o feriado prolongado de 8 a 11 de junho de Corpus Christi. O espetáculo infantojuvenil O Pequeno Herói Preto, que tem idealização e atuação de Júnior Dantas (RJ), narra as aventuras de Super Nagô, um youtuber de 10 anos que descobre seus poderes através da ancestralidade.

Em Infância Negra: um encontro literário, Miranda Martins, participante do Programa Curumim do Sesc voltado a crianças de 7 a 12 anos, e Nilma Lino Gomes, doutora em Antropologia Social e professora titular da Faculdade de Educação da UFMG, compartilham pontos de vista de duas gerações sobre suas infâncias e, de forma poética, trazem ao público as sensibilidades e dúvidas sobre ser uma criança negra no Brasil. A pesquisadora realiza ainda o lançamento do livro "Infâncias Negras: Vivências e lutas por uma vida justa", sua mais recente publicação. Apresentações, oficinas e vivências compõem a programação que segue até domingo.

 

Veja também

 

O projeto também conta com ações direcionadas ao público adulto – sem deixar de trazer as crianças. Uma dentre essas ações é o conjunto de bate-papos em diálogo direto com as temáticas de curadoria da mostra. No primeiro dos encontros, chamado “Valores Civilizatórios Afrobrasileiros e sua importância na infância”, Célia Cristo (coordenadora da ReCEN - Rede Carioca Etnoeducadoras Negras) e Carlos Caçapava (percussionista, compositor, luthier, professor e pesquisador) abordam a reflexão sobre a importância dos valores civilizatórios afrobrasileiros na formação da identidade e em processos de educação das crianças, reverenciando o legado do pensamento de Azoilda Trindade.

O segundo encontro — “Afetividades Negras e Infâncias” — traz Renato Noguera (professor doutor da UFRRJ e autor) e Lili Almeida (chef de cozinha e comunicadora baiana), figuras bastante conhecidas por abordarem o assunto de forma generosa em meio às redes sociais. Já o terceiro bate-papo do mês tem como tema “Olhar para as infâncias negras: desafios do cuidar” e contará com a presença de Tiganá Santana (compositor, cantor, instrumentista e pesquisador) e Janaína Costa (mestra em história ativista e produtora de conteúdo com o perfil Ela é só a babá). E é justamente, tendo o cuidado como um pilar do Festival que todos os bate-papos contarão com espaço de acolhida às crianças.

Ainda na programação com foco nas pessoas adultas acompanhadas das crianças, o Festival traz apresentações inéditas de Ellen Oléria e de KL Jay junto à sua filha, Hanifah. Nestes encontros, os artistas apresentam um repertório com foco nas diversas infâncias vividas e em horários mais atrativos para que as crianças participem também.

Acompanhe a programação completa pelo site: sescsp.org.br/omode 

 

OMODÉ: FESTIVAL SESC DE ARTE E CULTURA NEGRA PARA A MOLECADA 

De 8/6 a 30/8/2023 
Sesc Bom Retiro
Rua Alameda Nothmann, 185. Campos Elíseos, CEP 01216-000. São Paulo – SP. 
Telefone: (11) 3332-3600

arte cultura sesc bom retiro afrobrasileiras negra

Leia mais

Movimento Pela Base lança e-book sobre educação antirracista


"Cabelo ruim" : expressão é racista e deve ser eliminada do vocabulário


Para descontruir o racismo estrutural, pratique a educação antirracista com suas crianças e adolescentes


Educação antirracista: uma pauta urgente!


Letramento racial: ações necessárias para construir uma escola antirracista