Entenda o que é o trabalho invisível da mulher e como essa sobrecarga afeta a saúde mental
Redação Publicado em 04/06/2024, às 06h00
Fazer a lista de compras do mercado, marcar a consultas médicas, comparecer à reunião na escola, colocar as roupas para lavar, limpar a casa, organizar as contas, cozinhar, trabalhar fora. A lista de cuidados e afazeres das mulheres costuma ser extensa. Poderíamos dizer que esse é um estresse que atinge toda pessoa adulta, mas na verdade, a sobrecarga é quase sempre feminina.
Segundo informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2022, as mulheres gastaram 9,6 horas por semana a mais do que os homens com afazeres domésticos ou cuidados com pessoas. São 21,3 horas por semana no caso delas, e somente 11,7 no caso deles. O levantamento revelou ainda que, enquanto 91% das mulheres realizaram alguma atividade relacionada a afazeres domésticos, essa proporção foi de 79% entre os homens.
A especialista em saúde mental, Dra Fernanda Faria Afonso, explica que atualmente as mulheres têm um menor reconhecimento do trabalho que produzem, principalmente os trabalhos domésticos e com crianças, com filhos, ou até no cuidado com as pessoas que convivem com essa mulher.
“Essa questão envolve uma carga maior porque a exigência é maior com o gênero feminino. Eu acho que isso tudo, historicamente falando, é respondido por conta da nossa possibilidade de vivência e sobrevivência femininas. As mulheres vêm desse ritmo de trabalho invisível, que é o trabalho doméstico, não remunerado, não reconhecido e esse papel foi atribuído às mulheres. E hoje em dia, quando a mulher sai de casa para trabalhar, prestar um serviço, mesmo remunerado, ela não perde esse outro tipo de carga, que é o trabalho invisível”, explica.
As consequências da sobrecarga na vida da mulher são muitas. Primeiramente, vem o cansaço que é físico e mental, decorrente de uma lista de tarefas que parece nunca ter fim. Depois, podem vir outros problemas, como irritabilidade, alterações de sono, estresse e problemas de memória.
“As mulheres assumem realmente a maior responsabilidade porque é meio que inconsciente que a mulher levante para fazer, a mulher fazer uma lista de mercado, da mulher entender o que falta em casa, da mulher pensar nos uniformes escolares, roupas que ficaram pequenas, roupas que precisam ser colocadas para lavar, economia mesmo financeira da casa, fazer o controle do dinheiro que sai e entra ainda que tenha uma outra pessoa trazendo essa renda, cabe à mulher geralmente cuidar dessa administração. E isso gera uma uma sobrecarga muito grande”, destaca Fernanda.
Vale ressaltar que as mulheres também estão tendo mais espaço e independência financeira. O que não é ruim. Mas, a especialista alerta que isso deve ser administrado.
Para ela, o primeiro passo para reduzir essa carga é tomar consciência da situação e iniciar o diálogo com as pessoas do seu convívio. “A mulher primeiro precisa partir para o conhecimento sobre como ela tem vivenciado os seus dias, refletir sobre o que tem sido exaustivo emocionalmente para ela, e conversar, ter conversas maduras com as pessoas que vive, para poder reduzir essa carga, dividir o trabalho”, afirma.
Além disso, é interessante pensar em estratégias em prol da saúde mental, como a prática de atividades físicas, meditação e psicoterapia, por exemplo, quando possível.
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