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Poder da arte marcial para a saúde mental de mulheres

A treinadora de judô Rosicleia Campos discute como a prática da arte marcial é uma ferramenta de autoconhecimento e empoderamento feminino

Redação Publicado em 14/02/2025, às 06h00

Artes marcias também ajudam a saúde mental
Artes marcias também ajudam a saúde mental

Condicionamento físico, fortalecimento emocional, redução do estresse e aumento da autoconfiança, esses são alguns dos benefícios do judô comentados pela treinadora e referência do esporte, Rosicleia Campos. Atleta desde os 15 anos, ela ressalta a importância da disciplina e do controle emocional que o esporte ensina, ajudando as mulheres a enfrentarem os desafios diários com mais resiliência e coragem.

“O judô ensina a lidar com a frustração, a manter a calma em situações de pressão e a seguir em frente mesmo após quedas, tanto na luta quanto na vida. Esse aprendizado é especialmente valioso para as mulheres e meninas, que muitas vezes lidam com múltiplas responsabilidades, expectativas e estereótipos sociais. A prática regular da luta ajuda a reduzir os níveis de estresse, proporcionando momentos de foco e conexão consigo mesma”, afirma Rosicleia.

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De acordo com a pesquisa do Grupo de Estudos em Treino Cognitivo da Universidade de São Paulo (GETCUSP), de 2024, a prática regular de esportes pode melhorar o desempenho de memória, de atenção e da capacidade de aprender novas informações. A atividade física regular está associada a melhorias significativas na função cognitiva e na neuroplasticidade (capacidade do cérebro de se adaptar e reorganizar).

Um dos principais benefícios do judô, destacado pela treinadora, é o aumento da autoconfiança. “Cada técnica aprendida, cada vitória no tatame, por menor que seja, contribui para que as mulheres se sintam mais seguras e confiantes. Elas têm a oportunidade de se reconectar com sua força interior, de desafiar seus próprios limites e de descobrir um poder que, muitas vezes, não sabiam que tinham. Isso é crucial para o empoderamento e para a capacidade de se posicionarem de forma mais assertiva e confiante em todas as esferas da vida”, destaca a ex-atleta.

Segundo o relatório publicado este ano pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), o Brasil registrou 1.463 casos de mulheres que foram vítimas de feminicídio no ano passado, ou seja, cerca de 1 caso a cada 6 horas. “Com o treinamento do judô as mulheres se sentem mais preparadas para situações de violência, promovendo assim a segurança pessoal. Pode ser uma maneira eficaz de promover a capacidade de proteção, permitindo que se sintam mais seguras em situações vulneráveis”, afirma Rosicleia.

A treinadora destaca ainda que o esporte exige dedicação, respeito às regras e aos adversários, além de uma constante busca por superação. Esse rigor disciplinar, segundo Rosicleia, ajuda as mulheres a desenvolverem uma rotina de autocuidado e a cultivarem hábitos saudáveis, como a persistência e foco nos objetivos.