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Cardiopatia congênita: diagnóstico precoce contribui no prognóstico das crianças

Malformações cardíacas estão entre as que mais matam crianças

Dra. Mônica Shimoda* Publicado em 24/06/2023, às 10h00

Ecocardiograma fetal é o principal  exame para o diagnóstico precoce da condição.
Ecocardiograma fetal é o principal exame para o diagnóstico precoce da condição.

Junho é o mês de Conscientização da Cardiopatia Congênita, doença que consiste na anormalidade na estrutura ou função do coração. Por isso, temos que ressaltar a importância do diagnóstico durante o período pré-natal, pois é a partir desse momento que será iniciado todo planejamento perinatal. No último dia 14 de junho de 2023 foi sancionada a lei nº 14.598 que inclui no protocolo de assistência às gestantes a realização do ecocardiograma fetal no pré-natal das gestantes em nosso país.

Um a cada 100 nascidos vivos no Brasil é acometido por alguma cardiopatia congênita, que é a malformação congênita mais prevalente e com mortalidade elevada quando nascem fora de centros especializados e com infraestrutura de referência para atendê-los.

Os exames de ultrassom morfológico realizados rotineiramente nos primeiro e segundo trimestres gestacionais podem identificar alguma malformação no coração do bebê. Mas o ecocardiograma fetal é fundamental para o diagnóstico pré-natal, já que detecta de 70% a 90% dos casos, enquanto o rastreamento por meio do ultrassom morfológico demonstra-se falho em aproximadamente 50% dos casos. O melhor período para realização do ecocardiograma do coração do feto é entre 24ª e 28ª semana de gestação.

O diagnóstico precoce é de suma importância, especialmente nos pacientes que necessitarão de alguma intervenção cirúrgica logo ao nascimento, o que acontece em cerca de 25% a 30% dos casos. Além disso, é fundamental a interação multiprofissional: pré-natal de alto risco, ultrassom obstétrico, ecocardiografia fetal, cardiologia infantil e cirurgia cardíaca infantil.

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Desta forma, quando temos o diagnóstico precoce há um alinhamento das condutas entre os profissionais das diversas áreas, planejamento da via de parto (vaginal ou cesárea), momento mais adequado para interrupção da gestação, local de nascimento com estrutura para o manejo clínico-cirúrgico de cardiopatias congênitas. É importante também o preparo e orientação prévia do casal quanto à programação peri-parto, definido como a fase entre as três semanas pré-parto e as três semanas pós-parto.

Neste tipo de malformação tão grave, todos esses cuidados evitam a descompensação cardíaca precoce do bebê, que será encaminhado para o procedimento cirúrgico nas melhores condições clínicas possíveis que, consequentemente, contribui para um melhor prognóstico pós-cirúrgico.

*Dra. Mônica Shimoda é coordenadora do serviço de cardiologia pediátrica do Hospital e Maternidade Santa Joana