Estudo revela que 78% das empresas ainda praticam etarismo, afetando mulheres acima de 50 anos em suas carreiras colocando idade como obstáculo
Redação Publicado em 28/05/2025, às 06h00
Amadurecer é primordial para avanços e crescimentos em quaisquer áreas da vida. Mas, ao compararmos as oportunidades distribuídas no mercado de trabalho, percebemos, muitas vezes, a preferência de recrutadores em escolhas mais padronizadas e segregadoras. Em grande parte das empresas, mulheres com mais de 50 anos não são priorizadas e relatam o preconceito etário na conquista de vagas e na manutenção dos respectivos empregos.
Uma pesquisa realizada pela Ernst & Young e pela Maturi, no ano de 2022, revelou que 78% das empresas foram classificadas como etaristas e impunham barreiras quanto à contratação de funcionários na faixa etária dos 50 ou mais. Para mulheres, o gênero somado ao tempo de vida tornou a situação ainda pior. Isso demonstra a insegurança empregatícia enfrentada, principalmente, pela classe feminina, afetando diretamente a saúde mental devido ao acúmulo de frustrações que as fazem questionar as suas competências em razão da idade.
A LEI COMO AUXILIADORA NO COMBATE AO PRECONCEITO
A própria Constituição Federal garante o tratamento igualitário a todos, sem distinção de qualquer natureza, o que inclui tanto a idade quanto o gênero. A advogada, especialista em direito trabalhista, Cátia Vita, alerta que “no caso da vítima de preconceito com a idade no trabalho, a primeira providência a ser tomada é documentar os casos de discriminação e denunciar a situação. Seja ao departamento de Recursos Humanos ou aos órgãos competentes como o Ministério Público do Trabalho. Em situações mais graves, pode ser necessário buscar apoio jurídico para defender seus direitos; inclusive, denunciar na delegacia do idoso.”
O CORPO E A MENTE COMO INSTRUMENTOSDE SUCESSO
O preconceito relacionado à idade biológica das pessoas exprime a ideia de que pessoas maduras não possuem capacidades para continuarem ativas profissionalmente. Porém, o envelhecimento saudável depende de cuidados integrados com o corpo e a mente. “Um bom profissional seguirá sendo um bom profissional, apesar da sua idade, uma vez que esteja passando por esse processo de envelhecimento de forma saudável” – afirma a médica geriatra, Thaís Bertholini.
O etarismo pode minar silenciosamente a autoestima, gerando sentimentos de inadequação, vergonha e uma falsa percepção de incapacidade. Segundo o psicanalista Artur Costa “para fortalecer o psicológico diante dessa pressão, o primeiro passo é reconhecer que a competência não é medida pelo calendário, mas pela experiência, pela capacidade de adaptação e pela sabedoria construída ao longo do tempo”.
A mulher que enfrenta o etarismo carrega marcas de uma sociedade que tenta reduzir sua complexidade a um número. “A reconexão consigo mesma começa pelo ato corajoso de olhar para dentro e reafirmar seu valor intrínseco. É lembrar-se que a identidade é muito maior do que o rótulo imposto. É fortalecer a própria voz, investir em projetos que tragam sentido, cercar-se de vínculos que nutram e, acima de tudo, honrar a própria história” complementa a psicóloga Claudia Melo.
O PAPEL DAS EMPRESAS NA IMPLEMENTAÇÃO DA DIVERSIDADE
As empresas precisam ir além dos discursos e adotar práticas concretas que valorizem a diversidade etária no ambiente de trabalho. Isso começa na revisão de processos seletivos, garantindo que sejam livres de viés etário e concentrando o seu foco nas competências e experiências reais das candidatas. “É fundamental criar programas internos de desenvolvimento que contemplem mulheres em diferentes fases da vida profissional, estimulando o protagonismo e a atualização constante.” – declara a especialista em empreendedorismo feminino, Fernanda Machado.
A diversidade no ambiente de trabalho contribui com avanços internos já que a inclusão e o acolhimento promovem debates que trazem mais criatividade e produtividade. “Quando a gente fala de idade, também fala de época e cultura em que cada pessoa cresceu. Ao termos pessoas de diferentes idades convivendo, temos visões e expectativas diferentes. Valorizar as pessoas, além de traduzir uma prática de inclusão, promove o senso de pertencimento que cria e reforça o conceito de marca empregadora, levando-as a se conectaram com os propósitos pessoais e com os da instituição.” finaliza a especialista em Gestão de Saúde pela UFRJ, Chrystina Barros.