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Divórcio não é o fim

Advogados explicam como o divórcio pode ser visto como um recomeço belo e feliz

Afonso Paciléo * Caroline Serbaro** Publicado em 10/06/2023, às 12h00

O divórcio, seja ele judicial ou extrajudicial é um processo que se inicia dentro da pessoa
O divórcio, seja ele judicial ou extrajudicial é um processo que se inicia dentro da pessoa

Guarde estas três fundamentais palavras: Respeito, diálogo e maturidade. Elas são importantes para o tema que tratamos neste artigo.

No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de divórcios aumentou 16,8% em 2021, comparado a 2020. Tivemos um recorde de 386,8 mil divórcios registrados em um ano, de acordo com os dados divulgados agora em 2023. Observando assim em números exatos e olhando “de fora” a primeira coisa que podemos pensar é: “Nossa, quantas famílias destruídas e passando por processos talvez traumáticos”. Mas não é porque um casal decidiu se separar que o processo precisa ser doloroso. O divórcio não é o fim. Ele significa um recomeço que pode ser belo e feliz.

Nem toda a dissolução definitiva do matrimônio precisa ser carregada de dor. É possível passar por este processo (seja ele qual for: Extrajudicial; Litigioso ou Judicial Consensual) de forma aberta, leve. E para que isso ocorra a chave está nas três palavras que trouxemos no início: respeito, diálogo e maturidade.

A separação interfere diretamente em toda a rotina da família, principalmente daqueles casais que possuem filhos e num ambiente de brigas tende a ser muito pior.

Conscientemente, devemos pensar da seguinte forma: como aquela pessoa que passou anos ao seu lado, que viveu momentos muito felizes, foi sua melhor amiga, agora passa ser sua inimiga? É por isso que o divórcio precisa do respeito, de ser conduzido de forma respeitosa. Cada uma das partes deve se autoconhecer para manter o bom senso, saber a hora de parar.

O divórcio, seja ele judicial ou extrajudicial é um processo que se inicia dentro da pessoa. Quando um dos dois começa a se questionar, percebe que o casal já não tem o mesmo propósito, os mesmos valores, não está feliz é o momento de iniciar o diálogo.

Vale também para aqueles casos em que um dos dois não quer mais continuar. Quando o outro não está de acordo com a separação tem de refletir. Como será ficar com alguém que não está feliz? Este lugar não é mais meu.

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Permanecer em uma relação em que não há mais conexão, respeito e admiração não é saudável. Nem para o casal e nem mesmo para os filhos.

Esta tentativa ou teimosia em continuar em algo que já não está bom pode gerar a perda do respeito, a falta da admiração e é a partir daí que, sem o diálogo, surgem ainda mais brigas.

Por medo do divórcio, muitas pessoas permanecem em casamentos infelizes tornando a própria vida e a vida da família uma experiência conturbada e de sofrimento.

Por isso, quando as alternativas de reconciliação estiverem esgotadas, o melhor é cada um seguir seu caminho e buscar novas formas de ser e viver com harmonia e amor no coração, pois, sempre haverá um lindo caminho com novas possibilidades pela frente.

Maturidade:  Aceitar o que não dá para mudar e maturidade para conduzir o que há de vir.

Como advogados, a nossa função social é contribuir para a resolução dos conflitos familiares, com esta mensagem de maturidade, de respeito. O advogado tem de ser responsável e adotar a postura mais conciliadora. Precisamos nos colocar em uma posição de contribuir com bons conselhos, não só os jurídicos, mas também os pessoais. Afinal de contas, quem vive o processo de divórcio é o casal e auxiliá-lo a passar por isso de uma maneira leve é um dos nossos deveres. E ao vivenciarmos experiência própria de divórcio no passado, nos unimos para fazer com que os casais possam passar por este processo de forma mais tranquila possível e fundamos o @divorciandos. Uma maneira de auxiliar estas pessoas não somente da forma jurídica, mas também de como se relaciona com o outro. 

E quanto aos filhos... Filhos de pais divorciandos não são infelizes. Infelizes são os filhos de pais que permanecem brigando, tornando o ambiente familiar insustentável.

*Afonso Paciléo é advogado, founder do escritório Afonso Paciléo Sociedade de Advogados, é professor, palestrante, escritor, mentor de advogados e conselheiro estadual da OAB/SP

**Caroline Oehlerick Serbaro é advogada especialista em Direito de Família e Sucessões com ênfase interdisciplinar em Psicanálise e Solução de Conflitos e Head direito de família do escritório Afonso Paciléo Sociedade de Advogados