A especialista em saúde mental Fernanda Faria Afonso alerta para os riscos do vício em jogos de azar, destacando seus impactos negativos
Redação Publicado em 23/10/2024, às 06h00
O crescimento dos de azar e o uso massivo da internet têm gerado preocupação entre especialistas em saúde mental. Segundo dados recentes da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), cerca de 1,5 milhão de brasileiros sofrem de algum tipo de transtorno relacionado ao vício em jogos, um número que tem aumentado com a popularização das apostas online. A médica especialista em saúde mental Fernanda Faria Afonso explica que essas atividades podem desencadear uma série de problemas emocionais e psicológicos, impactando negativamente a saúde das pessoas, especialmente em indivíduos com transtorno bipolar.
"Os jogos de azar, como cassinos online e apostas esportivas, ativam o sistema de recompensa do cérebro de forma muito intensa, o que pode levar ao vício. Para pacientes com transtorno bipolar, episódios de mania podem intensificar esse comportamento, resultando em perdas ainda mais expressivas. Tenho pacientes que ganharam grandes quantias em apostas, mas em momentos de mania, jogaram novamente e perderam tudo, sem raciocinar sobre a retirada dos ganhos", explica a Dra. Fernanda. "Essa busca incessante pelo prazer imediato, junto com as perdas financeiras, gera um ciclo de frustração, ansiedade e agrava quadros depressivos", complementa.
Além disso, o uso excessivo da internet também é preocupante. De acordo com a pesquisa TIC Domicílios 2023, 78% da população brasileira está conectada à internet, e o tempo médio diário de navegação ultrapassa 9 horas. "As redes sociais funcionam como um gatilho para muitos. A comparação com os outros e a pressão para mostrar uma vida perfeita geram um desgaste mental contínuo, afetando a autoestima e o bem-estar", complementa a médica.
A Dra. Fernanda alerta que o controle e o uso consciente da tecnologia são essenciais para preservar a saúde mental. "É importante que as pessoas tenham momentos de desconexão, pratiquem atividades ao ar livre e busquem apoio psicológico quando necessário."