Descubra como histórias de mulheres brasileiras inspiram mudanças na liderança e desafiam barreiras sociais
Soraya Borges dos Santos* Publicado em 12/02/2025, às 06h00
Em um país onde tantas mulheres enfrentam barreiras invisíveis e visíveis para ocupar espaços de liderança, contar histórias pode parecer um gesto simples. Mas não é. Contar histórias é um ato transformador. É reconhecer a força de trajetórias que, embora cotidianas, têm o poder de inspirar mudanças profundas. Foi a partir dessa percepção que nasceu O Pulo da Gata: Histórias de Lideranças Femininas para Inspirar, um projeto que reúne vozes reais e contemporâneas de mulheres brasileiras.
A ideia surgiu de uma inquietação compartilhada comigo e com as coautoras Raquel Borges Falcão e Cibele Ribeiro Arnaldi: por que ouvimos sempre as mesmas histórias sobre liderança? E, mais importante, quantas histórias incríveis estão sendo deixadas de lado? Mulheres que enfrentam desafios extraordinários diariamente, mas cujos feitos raramente ganham visibilidade.
Começamos com uma pergunta simples: “O que te inspira a liderar?” E foi com essa pergunta que recebemos quase 200 relatos de mulheres de diferentes contextos, idades e origens. Cada história trazia algo único, mas todas tinham em comum a coragem de enfrentar barreiras – algumas externas, como o preconceito e a desigualdade de gênero, e outras internas, como o medo de não ser boa o suficiente.
Entre as histórias que escolhemos destacar no livro, há a de Luuk Luana, uma mulher trans que começou sua carreira escondendo quem era, até decidir liderar de forma autêntica e hoje trabalha com diversidade e inclusão. Também está Ana Cláudia de Souza, que encontrou na educação o caminho para superar os desafios de crescer na periferia e se tornar economista. E há ainda Paula Giannetti, que nos mostra que liderar é também aprender a dizer não, como quando decidiu trocar uma reunião da diretoria para assistir ao balé de sua filha. Um ato simples, mas cheio de significado.
Essas mulheres, e tantas outras, nos lembram que a liderança feminina é, muitas vezes, marcada por saltos de coragem. Saltos que nem sempre seguem um plano linear, mas que exigem flexibilidade, visão e a força de seguir adiante, mesmo quando o caminho parece incerto.
Escrever O Pulo da Gata foi um processo de aprendizado e conexão. Não criamos apenas um livro, mas um espaço para dar voz a mulheres que, de outra forma, talvez nunca tivessem suas trajetórias contadas. Mulheres reais, contemporâneas, que muitas vezes estão fora dos holofotes, mas que, silenciosamente, estão transformando o que significa liderar no Brasil.
Espero que essas histórias cheguem a muitas pessoas. Que inspirem novas conversas, que incentivem outras mulheres a reconhecerem sua própria força, e que nos façam refletir sobre o que ainda precisa ser feito para que a liderança feminina seja não apenas reconhecida, mas plenamente valorizada.
Porque, no fundo, contar histórias é sobre isso: criar conexões, dar voz a quem precisa ser ouvido e lembrar que, em cada uma de nós, existe uma gata pronta para dar seu próximo pulo.
* Soraya Borges dos Santos é umas das autoras do livro O Pulo da Gata
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