A adoção de inteligência artificial por empreendedoras em seus negócios cresce e pode ultrapassar a dos homens até o fim de 2025
Luciane Botto Publicado em 19/11/2025, às 06h00
Nos últimos anos acompanhei de perto a jornada de empreendedoras e líderes em diferentes setores. E há um movimento que se torna cada vez mais evidente: a relação das mulheres com a inteligência artificial está mudando mais rápido do que se imaginava.
Levantamentos recentes mostraram que, até pouco tempo atrás, homens usavam IA generativa quase duas vezes mais que mulheres. Já os dados mais atuais apontam para uma virada importante. A previsão é que, até o fim de 2025, a adoção da IA por mulheres possa igualar ou até ultrapassar a dos homens. Ou seja: não estamos diante de uma barreira permanente, mas de uma transição. Conforme cresce a confiança e a familiaridade com as ferramentas, o avanço feminino tende a ganhar força.
Outro indicador reforça esse movimento. Entre as empreendedoras que já adotaram IA, muitas relatam ganhos concretos de velocidade, eficiência e clareza na tomada de decisão. É exatamente o que tenho visto na prática. Mulheres que antes carregavam sozinhas todas as funções do negócio começam a reorganizar processos, reduzir a sobrecarga e abrir espaço para pensar estratégia.
Ministrei uma palestra recentemente em que uma empreendedora levantou a mão e fez um comentário que ilustra bem esse momento. Ela disse que não tinha medo da inteligência artificial, mas sim de não conseguir acompanhar a velocidade do mercado. Essa fala revela algo importante. A questão não é capacidade. A questão é que, muitas vezes, faltam estrutura, tempo e condições para avançar no ritmo desejado. O segredo pode estar em olhar para a IA como uma aliada, e não como uma ameaça. Porque o que está em jogo agora não é dominar cada detalhe técnico, e sim conciliar visão estratégica com a capacidade de usar a tecnologia a favor do que realmente importa.
Ferramentas que antes serviam apenas para criar conteúdos ou organizar dados agora simulam cenários, automatizam rotinas e aliviam aquele volume de tarefas repetitivas que sempre ocupou boa parte do tempo e da energia das mulheres. Coisas como responder clientes, organizar agenda, revisar entregas, executar processos manuais e lidar com microdecisões o tempo todo começam a ser feitas pela tecnologia. Quando isso acontece, o trabalho deixa de depender do tamanho da equipe e passa a depender do desenho dos sistemas. A empreendedora deixa de operar tarefas e passa a operar contextos.
Neste Dia do Empreendedorismo Feminino, deixo um convite importante: mais do que usar tecnologia, é hora de reorganizar o trabalho para criar coisas realmente significativas. Aproveito para deixar algumas perguntas que podem orientar os próximos passos:
No fim das contas, a próxima geração de empreendedoras será marcada por quem consegue usar a tecnologia para ampliar o próprio alcance, a própria voz e o impacto que deseja deixar no mundo, sem perder de vista o que a torna única.
*Luciane Botto é palestrante, mentora e autora do livro O protagonismo das mulheres na liderança. Há vinte anos desenvolve líderes e equipes, com foco em comportamento humano, futuro do trabalho e novas dinâmicas de liderança.
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