Fios e cabos ruins originam incêndios em sua casa: em 11 anos foram mais de 6 mil incêndios no Brasil!
Meire Biudes Martinho* Publicado em 04/05/2024, às 06h00
Não, não vou escrever sobre filmes de terror. Se bem que, pensando bem até poderia ser enredo de um. O perigo que está escondido dentro das suas paredes, infelizmente, não assusta ninguém. Isso até um incêndio acontecer e, aí sim, toda a história se transformar em uma grande tragédia.
Estou falando da falta de atenção que a maioria das pessoas tem com as instalações elétricas de suas casas, comércios, indústrias, escolas... Os fios escondidos dentro das paredes podem parecer inofensivos, afinal nem aparecem para mostrar que algo não vai bem, porém eles podem se transformar em grandes vilões dentro de nossas casas.
Uma instalação elétrica mal dimensionada, a má escolha de materiais, principalmente fios e cabos, e a contratação de ‘pseudo-profissionais’ que ousam se intitular eletricistas, são algumas das péssimas escolhas que as pessoas fazem durante uma construção ou reforma.
A cultura, ou melhor, a falta dela para as boas práticas em segurança com a eletricidade e a eterna mania do jeitinho brasileiro faz com que se pense antes de tudo no que é bonito: azulejos e faixas com detalhes em alto relevo, brilhantes pisos de porcelanato, portas pivotantes com puxadores de design arrojado, detalhes em madeiras nobres e por aí segue uma interminável lista de ‘embelezamentos’ para a tão desejada ‘casa dos sonhos’.
E o que falar na automação de tudo o que existir dentro e fora de casa: pisos aquecidos, cenários computadorizados, janelas que abrem com a luz do sol, geladeiras inteligentes. Isso sem falar nos óbvios alarmes, aparelhos eletrônicos de última geração etc. etc. etc.
E aí pergunto: alguém se lembrou de colocar no seu planejamento algo muito simples que faz tudo isso acontecer? Pois é, e a instalação elétrica? Ah, isso é fácil: é só comprar um monte de fios (do mais barato possível), assim sobra ‘grana’ para comprar aquelas tomadas e espelhos super lindos que acabaram de lançar na Feicon. Não é assim que acontece, meus caros leitores?
A instalação elétrica é o ‘patinho feio’ de qualquer construção. É esquecida, relegada em segundo ou terceiro plano. Projeto elétrico? Para que? Só para gastar ainda mais contratando um projetista? O pedreiro é bom. Ele mesmo faz tudo sozinho! E lá se vai outro ‘Zé Faísca’ fazer o serviço para o qual não foi preparado, ‘mas que aprendeu na prática’ e ‘tem muita experiência’.
Infelizmente, sinto assustá-los, mas em 2023 ocorreram 210 mortes por choque elétrico dentro de residências. A casa, local em que teoricamente você deveria se sentir mais seguro, ‘tirou’ a vida de 210 pessoas. E você sabe quem são os vilões? A extensão, o benjamin, o eletrodoméstico (máquina de lavar, geladeira, ventilador, secador, chapinha), o eletrônico (celular, televisão), aquela manutenção caseira inocente...
Aí então, a casa ‘linda’ fica pronta. Tudo reluz de tão bonito. Tudo funciona na hora. Perfeito! Até o momento em que sua esposa liga a air fryer, o micro-ondas e o juicer na mesma extensão da geladeira (já que você não achou necessário mais que duas tomadas na cozinha), e lá dentro da parede pintada com aquela tinta super chique que não tem cheiro, outro cheiro começa a ser sentido. Cheiro de fumaça e depois, o fogo. Porque lá dentro, aqueles fios fininhos que foram comprados para economizar e altamente recomendados pelo tiozinho pedreiro que entende tudo de elétrica, não aguentam a carga de tantos aparelhos ligados e começam a esquentar, a derreter a sua capa de proteção e a queimar.
E tudo o que foi pensado e planejado com tanto cuidado pode se perder em um incêndio, porque o terrível vilão ‘fio fininho’ resolveu se rebelar!
Os incêndios por sobrecarga de energia são mais comuns do que pensamos. Em 2023, segundo dados da Abracopel – Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade, foram 963 incêndios originados em sobrecarga de energia e posterior curto-circuito nas instalações elétricas. Destes, 500 aconteceram em residências, 191 em comércios, 71 em áreas de grande circulação, 66 em escolas, 30 em empresas públicas, 47 em hospitais e 25 em indústrias. Além da perda de patrimônios, estes incêndios levaram à morte 67 pessoas e, o que é pior 56, ou seja quase 80% dessas mortes aconteceram em residências. Sim, 56 pessoas morreram queimadas dentro de suas casas em 2023 no Brasil!
Eu sei que os números chocam e você deve estar pensando nisso, principalmente se estiver no meio de uma reforma. Então entenda uma coisa: você precisa aprender um pouco sobre fios e cabos de qualidade. Não dê ouvidos ao seu ‘pedrecista’, saiba como diferenciar um cabo ruim que, certamente, será o causador de uma tragédia.
Mantenha em mente: cabo bom é feito de cobre. Ponto final. Quando pegar um rolo de fio ou cabo elétrico, olhe dentro da capa colorida, pegue uma faquinha e abra o interior, ele é todo de cobre? Ponto para ele. Mas....seja um pouco mais chato e dê uma raspada nos fios que compõem o interior do cabo. Eles começaram a clarear ficando prateado e todo o cobre ficou na sua unha? Xiii....más notícias: este é um cabo desbitolado! Fabricado para enganar você por empresas desonestas que só buscam o lucro a todo custo. Este interior prateado é alumínio, este é um cabo ruim. Fique longe! Outras dicas para desconfiar de um cabo ruim são: seu preço é muito menor – não existe mágica, entendam: o cobre é um metal caro! E, também, os rolos de cabos desbitolados são mais leves. São dicas mais básicas, mas que vão te ajudar a se livrar dos espertinhos!
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