Neuralgia do Trigêmeo: especialista explica quando a dor facial intensa exige cirurgia

Veja as causas e sintomas da neuralgia do trigêmeo, que exige diagnóstico preciso e acompanhamento especializado

Redação Publicado em 20/11/2025, às 06h00

Neuralgia do trigêmeo: o paciente sente como se estivesse levando um choque ou uma facada no rosto, mesmo sem estímulo aparente. - Foto: Canva Pro

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Imagine uma dor tão aguda e repentina que é descrita por muitos pacientes como um choque elétrico no rosto. Essa é a sensação provocada pela neuralgia do trigêmeo, uma condição neurológica que afeta o nervo responsável pela sensibilidade da face. Embora rara, a doença pode comprometer significativamente a qualidade de vida e, em casos mais graves, exigir tratamento cirúrgico.

O Dr. Afonso Aragão, neurocirurgião com experiência em dor e cirurgia de nervos cranianos, explica que o diagnóstico precoce é fundamental. 

“A neuralgia do trigêmeo é uma dor que não se compara a nenhuma outra. O paciente sente como se estivesse levando um choque ou uma facada no rosto, mesmo sem estímulo aparente”, descreve o médico.

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A dor costuma atingir um lado da face, principalmente nas regiões da bochecha, mandíbula e ao redor dos olhos, e pode ser desencadeada por ações simples como falar, mastigar, escovar os dentes ou até sentir o vento no rosto.

“É uma dor incapacitante. Muitos pacientes passam por diferentes especialidades, achando que é problema dentário ou de ouvido, antes de chegarem ao diagnóstico correto”, explica Dr. Aragão.

Na maioria dos casos, a neuralgia é causada pela compressão do nervo trigêmeo por uma artéria ou veia próxima, o que provoca irritação e disparos anormais dos impulsos nervosos. Em outros casos, pode estar associada a doenças como esclerose múltipla ou, mais raramente, a tumores cerebrais.

Segundo o especialista, o tratamento inicial é medicamentoso, com uso de anticonvulsivantes e neuromoduladores que reduzem a sensibilidade do nervo. Entretanto, quando as dores se tornam resistentes aos remédios, a cirurgia pode ser indicada.

“A cirurgia é indicada quando o paciente já tentou tratamentos clínicos sem sucesso ou quando os efeitos colaterais dos medicamentos comprometem a rotina. Nosso objetivo é restabelecer o bem-estar e devolver a qualidade de vida”, explica o neurocirurgião.

Dr. Aragão explica que há diferentes abordagens cirúrgicas, e a escolha depende da causa e da condição do paciente.

“O procedimento mais comum é a descompressão microvascular, em que afastamos o vaso sanguíneo que está pressionando o nervo, aliviando a dor sem causar danos à estrutura”, detalha.

Em casos específicos, outras técnicas minimamente invasivas, como a rizotomia percutânea ou a radiocirurgia estereotáxica, também podem ser indicadas.

“A decisão pelo tipo de cirurgia é individualizada. O importante é oferecer uma solução duradoura e segura para cada paciente”, reforça o médico.

O diagnóstico é feito com base na história clínica e em exames de imagem, como a ressonância magnética, que ajuda a identificar compressões ou outras causas estruturais.

“Quanto antes o paciente buscar ajuda, mais chances temos de controlar a dor e evitar que o nervo fique sensibilizado de forma crônica”, alerta Dr. Aragão. O especialista também ressalta que o acompanhamento após o tratamento é essencial.

“Mesmo após a cirurgia, o acompanhamento regular é fundamental. Nosso foco é garantir que o paciente retome a rotina sem medo da dor”, afirma.

Além do sofrimento físico, a neuralgia do trigêmeo pode afetar profundamente o aspecto emocional e social. Muitos pacientes desenvolvem ansiedade e depressão devido ao medo constante das crises de dor.

“A dor crônica muda o comportamento e a forma de viver. O paciente passa a evitar falar, comer ou sair de casa. Por isso, o tratamento deve ser multidisciplinar, envolvendo também o cuidado emocional”, explica o neurocirurgião.

A neuralgia do trigêmeo é uma condição desafiadora, mas que tem tratamento eficaz quando corretamente diagnosticada. A orientação médica especializada é indispensável para definir a melhor estratégia — seja ela medicamentosa ou cirúrgica.

“A dor não deve ser normalizada. Procurar ajuda é o primeiro passo para retomar a vida com qualidade e sem sofrimento”, conclui o Dr. Afonso Aragão.

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