Conexão entre intestino e saúde mental ganha destaque na ciência e na nutrição

Foco na nutrição auxilia na produção de neurotransmissores como serotonina e dopamina e pode prevenir sintomas como ansiedade e depressão

Redação Publicado em 06/08/2025, às 06h00

Uma alimentação equilibrada faz bem para o intestino e para a cabeça - pexels

Os benefícios de uma alimentação saudável para o bom funcionamento do corpo são amplamente conhecidos, mas uma área que vem recebendo cada vez mais atenção da ciência é a relação entre intestino e saúde mental. Em 2023, mais de 1.800 artigos científicos foram publicados na base de dados PubMed – criada e mantida pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos - tendo como base o eixo intestino-cérebro, uma extensa e complexa rede de comunicação entre o trato gastrointestinal e o sistema nervoso central.

Entender como os dois órgãos estão conectados ajuda a compreender a função da microbiota, popularmente conhecida como flora intestinal, que é o conjunto de microrganismos que habitam o intestino, como, por exemplo, as bactérias. Para ter uma microbiota equilibrada é necessário o bom funcionamento do intestino. Além disso, ela tem participação fundamental na digestão, produção de vitaminas, modulação do sistema imunológico e controle da inflamação.

 

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E não são apenas benefícios para o corpo físico, ela também influencia na saúde mental. “A microbiota em desequilíbrio reduz a produção de neurotransmissores, como serotonina, GABA e dopamina, e pode favorecer o aumento de citocinas inflamatórias, afetando diretamente a regulação do humor e contribuindo para ansiedade, depressão, dificuldade de concentração, entre outros sintomas, explica a nutricionista especializada em saúde intestinal Bianca De Luca.

A nutricionista alerta que alimentos ultraprocessados, com excesso de glúten, laticínios em exagero - em indivíduos sensíveis -, fast foods, açúcar refinado, adoçantes artificiais, gorduras e uso abusivo de álcool podem prejudicar a microbiota e, consequentemente, afetar o cérebro.

Por outro lado, escolhas alimentares adequadas são grandes aliadas do bem-estar emocional. “Nossa microbiota intestinal se beneficia com o consumo de fibras solúveis e insolúveis, presentes em frutas, legumes, verduras, aveia e sementes, além de alimentos prebióticos, como alho, cebola, chicória e banana verde; polifenóis como cacau, azeite de oliva e frutas vermelhas; e fermentados como iogurte natural, kefir, kombucha e chucrute”, recomenda De Luca.

O cuidado com a alimentação, portanto, vai muito além da estética ou da prevenção de doenças físicas, é também uma poderosa ferramenta de suporte para a mente. A conexão entre o que se come e como se sente nunca foi tão clara. Bianca De Luca

A nutricionista Bianca de Luca - Arquivo pessoal

 

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