Alimentação e saúde mental: como a nutrição ortomolecular pode transformar o bem-estar emocional

Entenda a relação entre equilíbrio bioquímico, nutrientes e saúde mental, e caminhos para prevenir ansiedade e depressão a partir da alimentação

Redação Publicado em 03/07/2025, às 06h00

A suplementação pode ser importante para a saúde mental - pexels

Cuidar da saúde mental não é mais uma responsabilidade restrita aos consultórios de psicologia. A ciência vem mostrando que o que colocamos no prato pode influenciar diretamente o nosso humor, foco, energia e até mesmo quadros de ansiedade e depressão. Segundo a nutricionista Elisa Lobo, especialista em nutrição ortomolecular, o equilíbrio bioquímico do organismo é um dos pilares do bem-estar emocional. “A ortomolecular trabalha com a ideia de que mente e corpo estão profundamente conectados. Deficiências nutricionais, desequilíbrios hormonais e até inflamações silenciosas podem afetar diretamente a produção de neurotransmissores como a serotonina e a dopamina”, explica a profissional.

Ela enfatiza que o próprio corpo é capaz de produzir essas substâncias tão importantes para a estabilidade emocional. De acordo com Elisa, nosso corpo produz os neurotransmissores, hormônios, que produzem nosso bem-estar, e o que feito a partir da nutrição ortomolecular é justamente auxiliar e estimular essa produção, ajustando os mecanismos naturais que precisam funcionar de maneira correta.

Entre os principais desequilíbrios nutricionais que afetam a saúde mental, apontados pela especialista, estão a deficiência de vitaminas do complexo B (B6, B12 e ácido fólico), baixos níveis de magnésio, zinco e selênio, desequilíbrio entre ômega-3 e ômega-6, além da hipoglicemia reativa – as famosas flutuações de açúcar no sangue. “Até mesmo dificuldades genéticas de metilação, como em pessoas com mutações no gene MTHFR, podem prejudicar a estabilidade emocional”, ressalta ela.

Triptofano e tirosina, aminoácidos presentes em alimentos como ovos, cacau, peru e sementes, são fundamentais para a produção de serotonina e dopamina. “Além disso, nutrientes como magnésio, ferro, vitaminas do complexo B e ômega-3 são indispensáveis para a comunicação neuronal e para o controle do estresse”, afirma Elisa.

Para pacientes com quadros de ansiedade, a nutricionista recomenda uma dieta anti-inflamatória, rica em alimentos integrais e nutrientes estratégicos. “Folhas verdes, abacate, banana, sardinha e linhaça são aliados poderosos. E é importante evitar açúcar refinado, cafeína em excesso e, em alguns casos, o glúten – por seu potencial inflamatório”, orienta.

Veja também

No entanto, a nutricionista destaca que mesmo uma alimentação considerada saudável hoje não garante 100% da absorção necessária de nutrientes. “Como vivemos uma rotina de estresse elevado, exposição a toxinas, agrotóxicos e alimentos processados há uma interferência direta na absorção e disponibilidade de vitaminas e minerais no organismo. E com o tempo, essas carências vão se somando — e os sintomas vão aparecendo”, pontua.

Elisa Lobo detalha que, ao contrário da abordagem nutricional convencional, a ortomolecular se baseia em uma análise profunda do terreno bioquímico individual. Exames como o perfil de aminoácidos, níveis de vitaminas e minerais, homocisteína, ferritina, vitamina D e até testes genéticos fazem parte da investigação. A partir disso, são montados protocolos personalizados de alimentação, suplementação e, se necessário, detoxificação e modulação intestinal. Segundo ela, a suplementação deve ser sempre feita com acompanhamento e nunca substitui uma alimentação equilibrada, sendo um complemento, especialmente importante em contextos de estresse crônico, doenças ou carências nutricionais evidentes.

Entre os suplementos mais usados para melhorar energia, foco e disposição estão o magnésio treonato, L-teanina, tirosina, Coenzima Q10, adaptógenos como rodiola e ashwagandha, vitaminas do complexo B e DHA (ômega-3).

A especialista reforça que o papel da nutrição ortomolecular é, acima de tudo, resgatar a capacidade natural do corpo de se equilibrar. O foco da nutrição ortomolecular é tratar as causas por trás dos sintomas e a boa notícia é que pequenas mudanças na alimentação já podem gerar grandes impactos. “Cuidar do que você come é uma forma poderosa de cuidar de quem você é”, conclui.

Alimentação estresse nutrição ansiedade mental

Leia mais

Lipedema não é vaidade: veja como alimentação e estilo de vida ajudam no tratamento


Boa alimentação e saúde mental: a conexão vital


Mês da saúde bucal: a importância do cuidado com os dentes de leite desde o primeiro dente


Como a alimentação impacta a pele


Tubinho Mágico: primeira música sobre alimentação enteral promove inclusão