A especialista, Márcia Cunha, diz sobre o valor de expandir o conhecimento sobre a menopausa
Márcia Cunha* Publicado em 17/12/2023, às 06h00
A medicina define a menopausa como um momento da vida da mulher que acontece 12 meses após ela menstruar pela última vez. Mas esse ‘momento’ que marca a chegada da maturidade para o sexo feminino é, na verdade, um processo biológico longo, que começa com a perimenopausa, por volta dos 40 anos, e se estende no pós-menopausa, que pode se prolongar até além dos 50. Cada mulher vive esse período de uma forma única, apresentando diferentes sintomas, tanto físicos como psicológicos. O que, no entanto, parece ser comum é a falta de conhecimento da maioria sobre esse assunto tão complexo.
Esse desconhecimento, em um país de maioria feminina e onde o número de pessoas com 65 anos ou mais de idade cresceu 57,4% em 12 anos, segundo o último Censo do IBGE, é algo que precisa ser trabalhado com urgência. Apenas com conhecimento maior sobre esse ciclo que envolve a menopausa é que as mulheres poderão se preparar para encarar a maturidade com mais qualidade de vida, desfrutando-a de forma plena e saudável.
Como cada mulher vivencia a menopausa com sintomas e fases muito variadas, isso significa que não há uma solução única que possa beneficiar todas elas. No entanto, um estudo recente desenvolvido pela femtech Phenology com mais de 30 mil mulheres revela algumas características mais marcantes de cada fase, o que é importante para que muitas consigam identificar em que período do processo se encontram e se os sintomas que aparecem com a idade estão ou não relacionados com alguma dessas fases atribuídas à menopausa.
A pesquisa revela, por exemplo, que as alterações de humor, ansiedade e irritabilidade acontecem mais no início da perimenopausa. Entre as participantes do estudo, 72% das que entraram em perimenopausa precoce relataram ter alterações de humor, o que, inclusive, agrava o risco de depressão nessa fase inicial do processo. Por outro lado, sintomas físicos - como ondas de calor, suor noturno e problemas de saúde sexual – são mais visíveis na fase pós-menopausa.
Entre as mulheres na pós-menopausa tardia, 73% apresentam ondas de calor, em comparação com apenas 39% na perimenopausa precoce. Os sintomas sexuais também atingem o pico na pós-menopausa, com 62% das mulheres relatando baixa libido e 52% notando secura vaginal, o que pode levar a dores durante as relações sexuais.
Daí podemos concluir que, infelizmente, o fim dos desagradáveis sintomas da menopausa não acontece, como num passe de mágica, um ano após a mulher parar de menstruar. Mas, para a grande maioria delas, eles continuam (e até aumentam) na fase conhecida como pós-menopausa.
Isso, portanto, reforça ainda mais a necessidade de as mulheres buscarem informação e ajuda para aliviar esses sintomas, já que terão de conviver com eles por um longo período de suas vidas. Entre os tratamentos disponíveis hoje, além da reposição hormonal, muitas escolhem uma abordagem holística e natural, combinando mudanças na dieta e uma rotina de exercícios físicos e terapias alternativas, como aromaterapia e acupuntura. Tudo isso, sem dúvidas, é válido. Passaremos metade das nossas vidas na menopausa, vamos viver mais e podemos sim viver melhor!
*Márcia Cunha é psicanalista, fundadora e CEO da Plena Pausa, femtech brasileira focada em informar as mulheres sobre a menopausa e oferecer produtos que solucionam alguns de seus principais sintomas
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