Tatuador Raphael Lopes foi diagnosticado com autismo aos 32 anos

Tatuador lança campanha neste dia internacional pela conscientização do autismo

Redação Publicado em 02/04/2024, às 16h00

O tatuador Raphael Lopes -

Diagnosticado com Autismo aos 32 anos, o Tatuador Raphael Lopes cria Campanha que reúne relatos de anônimos e artistas. De maneira inesperada, o reconhecido tatuador Raphael Lopes recebeu o diagnóstico tardio de autismo aos 32 anos — fato que só ocorreu porque à época, ele e a esposa, Amanda, investigavam a possibilidade de seu filho mais velho, Miguel, fazer parte do espectro.

Tanto pai, quanto filho, foram diagnosticados como Autistas Nível 1 de Suporte, mas apesar de ser considerado “leve”, os desafios e até mesmo limitações da condição, como define o Tatuador, impactam diariamente o curso das suas vidas. "Sempre achei que minhas dificuldades em interagir socialmente eram apenas traços da minha personalidade, algo que eu deveria simplesmente aceitar", confessa Raphael.

Este entendimento equivocado o levou a enfrentar desafios significativos, desde se forçar a participar de eventos sociais, que inevitavelmente resultavam em períodos de "shutdown "— extrema exaustão e dor —, até a luta constante com a sensibilidade sensorial, especialmente a olfativa, e a dificuldade em decifrar as complexidades da comunicação humana, como sarcasmo e metáforas.

 

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A percepção de Raphael sobre si mesmo, de ser um "estranho” aos olhos dos outros, foi uma constante em sua vida, um sentimento que agora ele reconhece como parte de sua neurodivergência. "A verdade é que sempre soube que as pessoas me viam como diferente, mas não conseguia entender o porquê", ele reflete.

Este entendimento veio apenas com o diagnóstico de autismo, que, apesar de tardio, trouxe uma clareza e uma capacidade de autoregulação antes inimagináveis para o tatuador. A história de Raphael não é apenas uma narrativa pessoal de autodescoberta e aceitação, mas também destaca um fenômeno crescente: o diagnóstico de autismo em adultos e sua importância vital. "O diagnóstico mudou a forma como vejo a mim mesmo e ao mundo, e estou determinado a garantir que meus filhos, Miguel e Benjamin, tenham o suporte necessário desde cedo", afirma ele, e como pai de duas crianças com autismo, ele reforça o enorme impacto do conhecimento e do suporte adequado na vida de uma pessoa no espectro.

Confrontado com a ignorância e o preconceito após revelar seu diagnóstico, Lopes se deparou com reações de surpresa e descrença. "As pessoas frequentemente dizem, 'mas você não tem cara de autista!' ou 'nem parece!'", relata. Essa falta de conhecimento motivou Raphael a agir, levando-o a criar a Campanha "Cara de Autista".

"Não existe 'autismo leve'. O autismo é uma neurodivergência que afeta profundamente a vida de quem está no espectro", ele esclarece, com o objetivo de desfazer mitos e promover um entendimento mais profundo sobre o autismo. A Campanha "Cara de Autista" é uma iniciativa que busca ampliar a visibilidade e compreensão do autismo através de histórias pessoais, engajando desde indivíduos anônimos até artistas nas redes sociais.

Lançada oficialmente no dia 2 de Abril, em alinhamento com o mês de conscientização sobre o autismo, a campanha convida a todos a seguir Raphael Lopes no Instagram (@raphafons), onde essas narrativas poderosas e esclarecedoras serão compartilhadas. "Minha esperança", diz Rapha, "é que, ao compartilharmos nossas experiências, possamos construir uma sociedade mais informada e empática, onde ser 'diferente' não significa ser 'menos'." Com essa mensagem, a Campanha "Cara de Autista" não apenas destaca a pluralidade do espectro autista, mas também celebra a diversidade humana em sua forma mais autêntica e ressonante.

 

Raphael Lopes, diagnosticado com autismo aos 32 anos

 

 

 

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