Inclusão e novas descobertas marcam o maior campeonato poliesportivo estudantil do Brasil

Com a presença do atleta Daniel Dias, evento em Feira de Santana-BA promove integração e destaca o papel da família no incentivo ao esporte estudantil

Fernanda Fernandes Publicado em 29/05/2024, às 06h00

10a edição do campeonato contou com a modalidade de natação adaptada para crianças com deficiência - Foto: Mitchel Leonardo/ Liga Esportiva Nescau

No último sábado, 25 de maio, Feira de Santana recebeu a Liga Esportiva NESCAU®, o maior campeonato poliesportivo estudantil do país, reconhecido por unir modalidades adaptadas e não adaptadas em um só lugar. Localizada no interior da Bahia, a cidade, também conhecida como “Princesa do Sertão”, se animou com a notícia do evento, que busca promover o engajamento dos jovens na prática esportiva.

Das 9h às 17h, o SESI Feira de Santana ficou movimentado, repleto de famílias, crianças e de práticas esportivas que se espalharam por todo o espaço. O evento contou com 4 modalidades para crianças e adolescentes entre 7 e 17 anos competirem. Entre elas, handebol, futebol society, natação e tênis de mesa, com as duas últimas também sendo adaptadas para crianças com deficiência.

Assim como incentivar a prática esportiva, a iniciativa também visa ser uma ferramenta de integração, inclusão e diversidade. Nesse contexto, a natação foi um dos principais destaques do campeonato, por ser uma das modalidades adaptadas e contar com a participação de Daniel Dias, maior medalhista paralímpico brasileiro da história e embaixador da marca NESCAU®.

 

Inclusão e apoio familiar

Quando Daniel Dias entrou no SESI, a arquibancada em frente à piscina o aplaudiu com alegria, alegria essa que também ficou visível nos olhos do atleta, que chegou entusiasmado para acompanhar a etapa da natação adaptada para atletas com deficiência.

Algo que me marcou muito foi quando um dos meninos terminou a prova, saiu da piscina, olhou para mim e disse ‘eu consegui’. O esporte muda vidas, mudou minha vida, me deu valores e no final não são as medalhas que me definem, o que importa é saber que eu consegui”. (Daniel Dias)

Como embaixador da Liga, ele vê essa posição como uma oportunidade de retribuir o que o esporte lhe proporcionou. "Hoje, ser uma inspiração para crianças com e sem deficiência é um grande privilégio", destacou, reforçando a relevância do campeonato oferecer oportunidades para pessoas com deficiência e garantir o acesso ao esporte.

 

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O atleta também ressalta a importância de ter o apoio dos seus pais ao longo de sua trajetória, diz que foram as suas grandes referências. E a diferença que faz ter esse suporte familiar para os atletas desde cedo, como cita o campeão paralímpico, fica evidente ao conhecer algumas histórias durante a Liga.

“Ver a felicidade dele e saber que ele realmente está incluído me deixa muito realizada”, compartilha Jaqueline Matos, orgulhosa, depois que seu filho Lucas, de 10 anos, conquistou a medalha de ouro na prova de natação adaptada. Lucas tem autismo nível 1 e é apaixonado por natação e por competir. Com admiração, sua mãe conta que ele pratica o esporte duas vezes por semana e já treina há três anos. O jovem atleta também foi prestigiado por Daniel Dias assim que saiu da piscina.

Lucas e Daniel Dias celebrando a medalha de ouro. Foto: Mitchel Leonardo/ Liga Esportiva Nescau

 

Carolina Pessoa, que acompanhou sua filha Elisa, de 10 anos, na modalidade de natação, categoria pré-mirim, também comenta: “Incentivar o esporte é uma escolha dos pais. Eu falo para a minha filha que, se ela fizer somente o que gosta, não vai começar a praticar esporte. Ficar na frente do celular é mais confortável, não cansa e não é desafiador. Atividades como essas durante a infância são fundamentais, principalmente para a saúde e o desenvolvimento físico e mental.”

 

Conhecendo histórias e novas oportunidades

Valdirene Santos e Felipe. Foto: Fernanda Fernandes

 

Ao lado da piscina, assistindo à competição de natação, estavam Felipe e sua mãe, Valdirene Santos. Juntos, começaram a explorar o espaço. Felipe, ainda tímido, e Valdirene, empolgada para vivenciar a experiência.

Valdirene conta que descobriu que Felipe tinha autismo aos quatro anos de idade e, desde então, tem se dedicado a oferecer as melhores oportunidades para seu filho. “Quando ele nasceu, eu não sabia que ele tinha autismo, mas com o tempo fui percebendo alguns sinais. Ele era um pouco agressivo, se incomodava com barulho, não ficava na sala de aula. Mas, quando uma mãe aceita um filho autista logo no começo, seu filho é abraçado, se sente seguro e tende a melhorar em seu desenvolvimento”, comenta.

Hoje com 11 anos, Felipe se tornou um menino comunicativo que sonha em ser repórter - detalhe que conta empolgado ao participar da entrevista. O barulho não o incomoda mais e, durante o evento, após perder a timidez, aproveitou para explorar todos os desafios e oficinas. “Quando viu várias crianças brincando, ele começou a interagir”, conta a mãe.

Além das modalidades citadas, a Liga Esportiva NESCAU® ofereceu diversas oficinas e desafios para o público, proporcionando diversão e a chance de experimentar novos esportes e atividades. “Tentamos trazer tanto modalidades quanto oficinas e desafios para incluir o público que já tem certeza de sua vocação e aqueles que estão se descobrindo e precisam de um incentivo para dar o primeiro passo”, comenta Ana Maria Monte, gerente de marketing de NESCAU®.

As oficinas contaram com capoeira, slackline e malabares, e os desafios com circuito chute ao gol, embaixadinhas e twister.

O slackline foi uma das oficinas favoritas durante o evento. Foto: Fernanda Fernandes

 

Ao final do evento, Valdirene estava surpresa com o filho, que praticou capoeira, se arriscou no slackline e se destacou no chute ao gol. Além disso, em um dos setores de fotos, tinha uma bola de basquete que encantou Felipe. “Com o evento, eu descobri que ele gosta muito de basquete. Então agora vou procurar um local para ele começar a treinar e, quem sabe, daqui a um tempo, ele também pode virar um atleta”, finaliza.

Felipe descobrindo novos esportes. Foto: Arquivo Pessoal/ Valdirene Santos

 

Cristiane Gonzaga, mãe de Henrique, de 12 anos, que também tem autismo, relatou ao portal que eles descobriram atividades que nunca tinham visto antes e que seu filho participou de todas elas. Com alegria, ela acrescentou: "Hoje ele está indo para casa com uma medalha". Cristiane mencionou ainda que há chances de Henrique começar a praticar capoeira após o evento, por ter se saído muito bem na modalidade.

Já Romilda de Cássia, mãe de Levi, de 15 anos, que tem síndrome de Down e cardiopatia congênita, reforçou que momentos de inclusão como os proporcionados pela Liga serão fundamentais para o futuro de seu filho. "Participar de eventos como esse o deixa mais capacitado e independente para saber lidar com as pessoas", afirmou.

Mãe de Henrique orgulhosa com o desenvolvimento do filho. Foto: Fernanda Fernandes

 

 

Próximos destinos

10a edição da Liga Esportiva NESCAU®. Foto: Fernanda Fernandes

 

Realizada desde 2015, a Liga Esportiva NESCAU® está em sua 10a edição, e essa etapa, na Bahia, já é a quarta do ano. Em 2024, a iniciativa passará ao todo por 9 cidades, e os próximos destinos são Belo Horizonte (MG), Campo Grande (MS), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Florianópolis (SC). Para mais informações, acesse aqui o site.

Em nove edições, a iniciativa já impactou a vida de mais de 55 mil crianças e adolescentes de 7 a 17 anos, além de 7 mil professores, com a participação de cerca de 2 mil instituições de todos os cantos do país. Só em 2023, a iniciativa proporcionou mais de 600 horas de prática esportiva, contando com mais de 45 modalidades, entre convencionais e adaptadas, oficinas e desafios.

* Fernanda Fernandes é jornalista. A repórter viajou para Feira de Santana-BA a convite de Nestlé do Brasil

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