Especialista em reprodução humana esclarece alternativas à estimulação ovariana com hormônios
Redação Publicado em 19/05/2023, às 14h00
Para muitas mulheres, a Fertilização In Vitro (FIV), ao mesmo tempo em que possibilita o sonho de ser mãe, é causa de grande receio, principalmente devido à necessidade do uso de altas doses de hormônios para estímulo ovariano e coleta dos óvulos que serão utilizados no procedimento.
“Esses hormônios podem causar efeitos colaterais como inchaço, enjoo, ganho de peso, cansaço e irritabilidade. Em alguns poucos casos, também aumentam as chances de gestação gemelar e, além disso, podem levar ao desenvolvimento da Síndrome do Hiperestímulo Ovariano, condição rara em que os ovários produzem hormônios em excesso, o que pode causar alterações metabólicas, trombose e até mesmo perda da gestação. Esses fatores geram certa resistência das mulheres à estimulação hormonal”, explica o Dr. Fernando Prado, especialista em Reprodução Humana, Membro da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) e diretor clínico da Neo Vita, que ainda destaca que o uso de hormônios é contraindicado, por exemplo, em casos de pacientes com câncer de mama. Mas, dependendo do quadro, podem ser indicadas técnicas que eliminam a necessidade de estimulação ovariana para realização da FIV.
Uma dessas técnicas é a Fertilização In Vitro por ciclo natural, que consiste no aproveitamento do óvulo desenvolvido naturalmente, sem intervenção medicamentosa. “Na maioria dos casos, apenas um óvulo é coletado para ser fecundado em laboratório. Então, o único embrião gerado é transferido de volta ao útero, o que faz com que as chances de uma gestação múltipla sejam irrisórias. Além disso, caso o tratamento não seja bem sucedido, a mulher pode repeti-lo em meses consecutivos, o que não é possível com o uso de hormônios”, diz o especialista, que destaca a acessibilidade como outra vantagem da técnica, já que o custo das medicações para estimulação ovariana é elevado. “Mas, como apenas um óvulo é coletado, as taxas de sucesso da FIV por ciclo natural são mais baixas em comparação ao método convencional. Além disso, há risco de ovulação espontânea antes da coleta do óvulo, caso não seja realizado bloqueio hormonal, e de falta de óvulos no ciclo, o que impossibilita a realização da FIV.”
O Dr. Fernando Prado explica que a FIV por ciclo natural pode ser indicada para mulheres que possuem baixa reserva ovariana ou que apresentam contraindicações ao uso de hormônios. “No entanto, é importante que a mulher ovule normalmente, caso contrário outras técnicas precisam ser empregadas, como o mínimo estímulo ovariano, que utiliza hormônios em doses muito baixas para a obtenção de uma pequena quantidade de óvulos de forma ainda acessível e com menos efeitos colaterais”, diz o médico. Para comparação, enquanto na técnica convencional são utilizadas 300 ou mais unidades de hormônios diariamente, no método com mínimo estímulo são geralmente usadas 75 unidades em dias alternados.
Mas outra técnica livre do uso de hormônios que tem ganhado destaque é a Maturação In Vitro (IVM – In Vitro Maturation). “Na IVM, os óvulos são coletados diretamente dos folículos ovarianos, ainda imaturos. Então, são imersos em uma solução de hormônios para que possam amadurecer e serem utilizados na FIV tradicional”, explica o especialista. Com todas as vantagens associadas à não utilização de hormônios, a Maturação In Vitro, no entanto, ainda é considerada um procedimento experimental, com taxas de sucesso inferiores a estimulação ovariana tradicional. “Hoje, a IVM é indicada para mulheres que possuem uma grande reserva ovariana, principalmente para pacientes com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), que apresentam uma grande quantidade de óvulos imaturos nos ovários”, acrescenta.
No fim das contas, o mais importante para mulheres que desejam realizar a FIV é consultar um especialista em reprodução humana, que, após uma avaliação, poderá recomendar a técnica mais recomendada para cada caso, com ou sem estimulação ovariana. “Vale ressaltar que a estimulação ovariana não deve ser temida, pois é extremamente segura e eficaz, desde que devidamente acompanhada por um médico especializado. Por isso, antes de realizar qualquer procedimento, certifique-se que o profissional responsável é experiente e devidamente certificado”, finaliza o Dr. Fernando Prado.
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