Pai, você está pronto para a volta às aulas 2023?

Emanoel Ceress compartilha as angústias de um pai e a importância da presença paterna nos momentos de ensino dos filhos

Emanoel Ceress* Publicado em 04/02/2023, às 06h00

A presença dos pais nos momentos de dia-a-dia com os filhos é muito importante para a formação das crianças - Foto: arquivo pessoal

Quando pensamos na volta às aulas logo vem à mente um turbilhão de coisas: comprar
material escolar, pagamento de matrícula, mensalidades, uniformes... Mas será que isso basta para as vivências escolares de nossos filhos?

Não foi uma pergunta retórica e sim o questionamento que me fiz quando vi meu filho mais novo em uma prova final na escola, no fim do ano passado.

Senti que todo o investimento material que fiz possivelmente não valeria a pena, caso ele não passasse de ano. Não sei se você já passou por uma situação assim, mas esse momento me fez refletir sobre o tipo de direcionamento escolar que fora dado por mim, para meus filhos, ao longo do ano.

Comecei a analisar as minhas próprias experiências como filho em período escolar e me
deparei com a seguinte indagação: quantas vezes meu pai me ensinou uma atividade da escola? E ao mesmo tempo veio a reflexão, quantas vezes provavelmente meu avô ensinou ao meu pai uma lição? Diante de negativas, seria este um comportamento estrutural?

Estrutural ou não, esta é uma reprodução comportamental que pode ser revertida. Foi então que comecei a pensar em como mudar isso e agucei minha percepção para as diversas formas possíveis de nós pais agirmos. Sem nenhuma pretensão de prescrever uma fórmula de ação, a análise pessoal me fez lidar com [mais] um desafio. Mesmo sabendo da diversidade de contextos e que os tipos de pais são “inclassificáveis”, no ritmo em que falou a canção do grande Arnaldo Antunes, haverá sempre algo a melhorar de nossa parte. O exemplo mais expresso que eu pude me dar naquele momento foi o da importância da nossa presença nas resoluções das questões escolares dos nossos filhos. É que a ciência de nossa presença pode
agregar bastante ao desenvolvimento deles e consequentemente na convivência social como um todo – independentemente das peculiaridades familiares.

 

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Foi nesta linha que a Universidade de Brigham Young ( EUA ) desenvolveu uma pesquisa com a finalidade de demonstrar que a presença paterna em tarefas escolares, o brincar no quintal, o almoçar juntos, dentre outras coisas, têm um efeito muito mais robusto na formação humana do que proporcionar uma viagem de férias ou dar um presente caro.

Portanto, se devotamos nossos esforços ao entendimento de que a infância e adolescência são períodos cruciais na formação de qualquer indivíduo, pouco importará o contexto da diversidade que vivemos. Vale lembrar que a inexistência de um pai (ou dos moldes patriarcais) não impede que as famílias proporcionem a participação dos adultos na vida diária das crianças e jovens, da melhor forma que as possibilidades permitirem. Assim, ao desmistificar todo este afastamento estrutural que existe entre “pais” e filhos, poderemos edificar uma educação mais colaborativa promovendo um maior cuidado físico e emocional em casa e na escola.

*Emanoel Ceress é Emanoel Rodrigues da Silva, intérprete de língua inglesa, professor de inglês no Gran Cursos Online, especialista em Linguística Aplicada e em Psicopedagogia. Professor de inglês e também tem um canal no youtube.

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