O letramento racial é urgente. Um artigo do professor Emanoel Ceress para começar o ano de 2023
Emanoel Ceress* Publicado em 01/01/2023, às 06h00
Quando o assunto é conexão, geralmente buscamos a mesma coisa: eficiência e confiabilidade nas ligações. O melhor é que temos à disposição diferentes tipos de conectividades nas mais diversas velocidades e formas. Então, mesmo que você não pense em como ocorre uma conexão, já se encontra inserido em inúmeros vínculos com o universo, seja ele físico ou virtual. É assim que ao acessarmos diferentes laços de conectividade, nossos hábitos e formas de ver e ser no mundo guiarão nossa interação humana.
Mas como o Brasil está se conectado com sua identidade?
Pesquisas recentes do IBGE mostram que os números de brasileiros que se declaram pretos e pardos aumentaram respectivamente em 32% e 11%, nomenclaturas dadas pelo IBGE. Esse reconhecimento nos deixa mais sincronizados com o que acontece em nossas próprias vidas, na efervescência de um sentimento de unidade e de fortalecimento dos laços de ancestralidade, vindos de uma variedade de origens que começam a ser evidenciadas. Ancora-se aí um resgate extremamente importante, para que nosso senso de identidade humana nos conecte, tornando-nos mais fortes para estruturarmos de maneira efetiva um modelo de gestão que contemple as necessidades dos negros brasileiros. Principalmente aqueles que se encontram dentro das favelas.
É nesse contexto que o letramento racial começa a integrar a identidade brasileira, gerando vinculação com a nossa própria matriz étnica; compreensão que expressa a importância de onde viemos, de quem somos, das nossas circunstâncias econômicas e histórico-educacionais. Eis o aporte em que as políticas afirmativas evidenciam o objetivo básico de promover igualdade de acesso a oportunidades, resultando em um tratamento “desigual aos desiguais, na exata medida de suas desigualdades”. Trata-se, portanto, da equidade que visa ampliar os mecanismos de mobilidade social no Brasil, com fluidez e imparcialidade.
Dessa forma, nosso amadurecimento de identidade caminha progressivamente hoje sendo fruto de nossas próprias escolhas, e não de nossas circunstâncias. É assim, abarcaremos a promoção dos direitos civis, a emancipação material e a valorização de patrimônio cultural que nos pertence.
*Emanoel Ceress é Emanoel Rodrigues da Silva, intérprete de língua inglesa, professor de inglês no Gran Cursos Online, especialista em Linguística Aplicada e em Psicopedagogia. Professor de inglês e também tem um canal no youtube.
Para descontruir o racismo estrutural, pratique a educação antirracista com suas crianças e adolescentes
Educação antirracista: uma pauta urgente!
Letramento racial: ações necessárias para construir uma escola antirracista
"Sua macaca, cor de bosta!": minha filha sofreu racismo na escola
A violência causada pelo Racismo Estrutural na escola