Cyberbullying: como escolas podem lidar com o desafio digital

As escolas têm um papel fundamental no combate ao cyberbullying

Cristine Conforti* Publicado em 22/07/2024, às 06h00

O cyberbullying coloca a saúde mental em risco -

A transformação digital revolucionou a educação, introduzindo oportunidades e desafios. Entre os desafios, cyberbullying emergiu como uma preocupação crescente nas escolas. À medida que avançamos para um futuro cada vez mais digital, é crucial que a gestão escolar esteja preparada para enfrentar esse problema de maneira eficaz.

Mal-estar existencial usualmente se expressa em indisciplina e violência. No ambiente virtual da sociedade contemporânea, entretanto, a intimidação psicológica potencializa seus efeitos, se estende no tempo e se expande, mascarada pelas redes sociais e aplicativos de mensagens. É o cyberbullying. Na escola, anonimato e velocidade de propagação exacerbam a agressividade de palavras e imagens, impactando a saúde mental e emocional dos estudantes. 

 

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Escolas devem assumir um compromisso inequívoco com o bem-estar integral dos alunos. Com uma abordagem proativa, respondem ao cyberbullying e implementam estratégias preventivas robustas.

 

Estratégias que a nossa escola sugere

  1. Princípios e políticas claras e implementação efetiva: Desenvolver políticas escolares sustentadas por princípios éticos e valores morais pactuados pela comunidade escolar. Essas políticas devem ter regras e critérios claros e sucintos, que delineiam as consequências dos comportamentos negativos e garantem sua aplicação. Isso inclui procedimentos para relatar incidentes de forma segura e confidencial.
  2. Educação e conscientização: Integrar o desenvolvimento moral à pedagogia e à vida escolar. Para além da informação e da cultura coletiva, é essencial a construção de uma ética individual interna que nutre o respeito como valor moral básico na escola, não apenas o medo da punição. Algumas propostas: criar, sempre com a participação dos estudantes, projetos que integram temas de bullying e cyberbullying a jogos dramáticos e teatrais, desde as séries iniciais; produção de textos narrativos dramatizando experiências, ou textos e debates simulando a vivência da intimidação tanto pela ótica do autor quanto da vítima; círculos de diálogo socrático ou justiça restaurativa.
  3. Suporte multidisciplinar: Oferecer apoio emocional aos alunos afetados e atuar junto às famílias, disponibilizando conselheiros escolares, psicólogos e especialistas em bem-estar digital.

Para serem consistentes e contínuas, as medidas internas devem promover parcerias com as famílias, fortalecendo o respaldo fora do ambiente escolar. Isso envolve workshops, palestras, materiais técnicos e canais abertos de comunicação para incentivar o diálogo sobre segurança digital e educação tecnológica.

A Lei do Bullying determinou a revisão das disposições do Regimento Interno das escolas, para estabelecer parâmetros conformes à legislação sobre as medidas a serem adotadas em casos de cyberbullying.

Escolas que adotam medidas preventivas proativas, promovem uma cultura de respeito e estimulam a autonomia ética de seus alunos estão na vanguarda dessa batalha. Com firmeza e consistência, podemos transformar o ambiente digital em um espaço seguro e inclusivo para todos os estudantes.

*Cristine Conforti é head do Programa Brasileiro na Avenues

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