Você sabe qual a diferença entre PIG e CIUR no desenvolvimento fetal?

A ginecologista Lígia Santos explica o que é e a diferença entre PIG (pequeno para idade gestacional) e CIUR (crescimento intrauterino restrito)

Laura Kotscho* Publicado em 28/10/2022, às 06h00

Dra. Ligia Santos é colunista do site Mariana Kotscho -

Em novo vídeo, a ginecologista Lígia Santos comenta sobre o desenvolvimento fetal, principalmente as condições de Pequeno para Idade Gestacional (PIG) e Crescimento Intrauterino Restrito (CIUR). As duas estão relacionadas ao tamanho fetal menor que o esperado, mas existem algumas diferenças, principalmente no que diz respeito a o que causou essa condição.

O crescimento anormal do feto pode desencadear no desenvolvimento de diversas doença que podem, inclusive, serem levadas para o resto da vida, como doenças cardiovasculares na vida adulta, diabetes, baixa estatura e alterações cognitivas. Por isso, é muito importante falar sobre esse assunto, esclarecer dúvidas e ressaltar a importãncia do pré-natal adequado. 

Segundo a Dra. Ligia Santos, tanto o PIG quanto o CIUR são classificados de acordo com a forma da curva de crescimento do bebê. Quando o bebê ainda está na barriga, o ultrassom determina a idade gestacional, ou seja, a curva de crescimento do feto, de acordo com alguns parâmetros como o tamanho da circunferência abdominal, da circunferência encefálica, do fêmur etc... Após o exame, todos esses dados são inseridos em uma tabela, que serve para comparar o tamanho ideal, P50 (próximo da média), com o do bebê em questão.

Se os dados estão muito discrepantes, como quando o bebê é P90, ou seja, muito grande, isso pode ser decorrente de uma diabetes gestacional ou uma mã que possui diabetes descompensada, o que faz com que o bebê cresca mais do que deveria. Isso é um sinal de alerta, porque essa criança tem grandes chances de ter dificuldades no parto, além de uma tendência maior de desenvolver diabetes e hipoglicemia no pós-parto, o que causa lesões cerebrais importantes, e pode levar à morte. 

O bebê também não pode estar muito abaixo da média, como o P10 (percentil 10), ou seja, muito pequeno. Esses fetos muito abaixo do tamanho esperado podem desenvolver ao longo da vida problemas já mencionados, como cardiovasculares, mas também podem ter problemas no nascimento, estando mais propensos a ter hemorragias cerebrais e aspiração de mecônio, já que muitas vezes o bebê já estava em sofrimento dentro da barriga. 

De acordo com a ginecologista, estima-se que os bebês com restrição de crescimento têm 5 vezes mais chance de morrer do que um bebê de tamanho normal, e essa é uma das principais causas de morte entre recém nascidos, juntamente com prematuridade e malformações. 

 

 

PIG E CIUR

Um bebê pequeno para a idade gestacional (PIG), muitas vezes é um feto que é normal, mas que é fruto de uma genética que o favorece ser pequeno, como ter pais pequenos. Isso não significa que há algo de errado, que ele possui alguma doença. 

Entretanto, quando o feto possui um crescimento intrauterino restrito (CIUR), ele será PIG, mas, além de ser pequeno por conta de fatores genéticos, ele passou por algum tipo de alteração que fez com que a placenta não entregrasse os nutrientes necessários, prejudicando o crescimento. 

 

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Causas

As causas que levam um bebê ter CIUR podem ser multiplas. Alguns fatores da gestante podem contribuir para esse crescimento anormal como doenças autoimunes como lupus, hipertensão, uso de drogas ou de medicamentos restritos no período gestacional. Já em relação ao feto, pode ser que ele seja sindrômico, ou que tenha alguma condição genética que impeça o seu crescimento. A placenta também pode ser um fator causal de CIUR, se ela tiver um envelhecimento adiantado, o que é uma tendência de mães hipertênsas. 

Pode ser um bebê que tenha sofrido por alguma infecção que esse bebê pegou no período gestacional. Talvez a mãe pegou toxoplasmose, citomegalovirus, herpes, malária, rubéola, sífilis, que são doenças que causam restrição de crescimento" afirma Dra. Ligia Santos. 

 

Conduta

Quanto mais cedo acontece a restrição, mais grave ela é, então se um bebê já apresenta sinais de restrição com 22 semanas, pior é o caso. Esse diagnóstico pode alterar a conduta do pré-natal de acordo com as condições da mãe e do bebê, ou seja, se será feito um parto de emergência ou se a gestação será mantida. 

Para evitar riscos e buscar saídas possíveis, é crucial a realização de um pré-natal, pois ele pode indicar um diagnóstico precoce. Na consulta, o médico fará um ultrassom para pesar o bebê e analisará o tamanho do fundo uterino. Se esses exames apresentarem algo  fora do comum, acenderá um alerta para a gestação. 

 

De qualquer forma, os 2 casos sãoo para se chamar atenção, porque podem ser bebês que vao gerar intercorrências desde o momento de nascer, como hipoglicemia, até problemas que podem se perpetuar pelo resto da vida. Então, se você está grávida, é importante que procure fazer um pré-natal adequado e contínuo, ou se vc conhece alguem que esta grávida, ajude, dê essas dicas. O pré-natal é a melhor arma que a gente tem. Não dá, muitas vezes, para evitar certas coisas…mas a gente consegue evitar desfechos menos favoráveis,  como a morte fetal, fazendo diagnósticos de restrição, fazendo o tratamento certo, cuidando dessa mãe, cuidando desse bebê pré-natal é vida, não deixe de fazer.” finaliza a Dra. Ligia Santos 

Veja na íntegra o vídeo da Dra. Ligia Santos sobre o assunto:

Siga o canal: https://www.youtube.com/channel/UC3zO39hS-AZ3vA54gcUMvjg
*Laura Kotscho é repórter do site Mariana Kotscho
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