Participantes dos projetos do ChildFund Brasil conseguiram estudar e hoje têm oportunidades de transformar e fazendo a diferença em suas comunidades
Redação Publicado em 02/01/2023, às 06h00
Brasil, anos 70, Fortaleza (CE). Uma casa de taipa, chão batido, sem água encanada ou esgoto. Dentro dela, uma família com cinco filhos que fazia parte dos 68% da população brasileira que se encontrava na linha da pobreza, segundo dados do IBGE. O pai, operador de máquinas, sofreu um acidente e ficou boa parte da vida dependendo da previdência social, por isso, fazia bicos como cozinheiro. A mãe, dona de casa, cuidava dos filhos e do marido em suas idas e vindas do hospital.
Assim era a vida de Erivaldo Paiva, um dos cinco filhos que viu sua história mudar após ser apadrinhado, por intermédio do ChildFund Brasil, quando tinha apenas dois anos. Hoje, aos 54 anos, ele trabalha como gestor do CEACRI (Centro de Apoio à Criança), entidade parceira do ChildFund. “Fui apadrinhado por uma mulher que em suas cartas sempre me incentivou a estudar, assim como a ONG. Então, eu me empenhava e tinha suporte para isso”, relata Paiva.
As cartas fazem parte do apadrinhamento do ChildFund Brasil. Tão importante quanto a ajuda financeira, a relação criada por meio desta comunicação é essencial na busca do pleno desenvolvimento da criança. Foi com o incentivo recebido por sua madrinha que Paiva dedicou-se aos estudos, cursando escola técnica no ensino médio, o que o deixou preparado para o mercado de trabalho. Sem o apoio, Paiva acredita que teria o mesmo destino de muitos amigos, que não tiveram a mesma sorte que ele. “Dos amigos de infância e da juventude, uma parte acabou indo para a criminalidade, muitos foram mortos ou presos. Outra parte, por não ter suporte para se dedicar aos estudos, parou de estudar cedo para trabalhar e não teve boas oportunidades.”
Hoje, o gestor põe em prática tudo o que aprendeu e viveu, lutando pela igualdade e pelo desenvolvimento das crianças de sua região, sempre atuando em organizações não governamentais. Aos 18, foi eleito presidente do Projeto Comunitário Esperança Juvenil. Dois anos depois, foi convidado a gerir o CEACRI, organização social parceira do ChildFund Brasil.
Hoje, além de atuar como parceiro, Paiva também é padrinho de uma criança. “Tento retribuir o incentivo que recebi para me transformar na pessoa que sou hoje, incentivando minha afilhada e dando suporte para ela”, finaliza. O envolvimento dele com a ONG que mudou a sua vida rendeu uma homenagem, em 2016, na comemoração de 50 anos do ChildFund Brasil. “A história do Erivaldo é um exemplo de como o trabalho do ChildFund Brasil e o apadrinhamento transformam positivamente a vida das pessoas. É uma história de esperança de que é possível mudar realidades marcadas pela vulnerabilidade social”, declara Simone Nascimento, assessora de programas do ChildFund Brasil.
Atualmente, o ChildFund Brasil possui 29.906 apadrinhados, entre zero e 24 anos, 3 mil a mais do que em 2019. Os recursos recebidos pelos padrinhos são direcionados para a execução de projetos sociais nas organizações parceiras. A aplicação da verba é monitorada constantemente pela ONG.
Na comunidade rural de Jenipapo de Minas, em Minas Gerais, a professora Daiane Aparecida Sousa Ribeiro, 29, também teve sua vida transformada após ser apadrinhada quando tinha seis anos, junto com seus dois irmãos mais velhos. Filha de trabalhadores rurais, ela conta que as condições na época eram precárias em sua residência, pois viviam em uma agrovila afastada da cidade. “Buscávamos água no rio e o banheiro era com fossa”, relata.
Desde pequena, a menina frequentava as aulas de teatro e informática e participava ativamente das atividades e reuniões de jovens da comunidade, aprendendo desde cedo seus direitos e deveres como cidadã. “Muitas vezes, confiavam a mim algumas ações na comunidade, o que foi fortalecendo o meu lado de voluntária e a lutar pelo bem comum”, relata Daiane. Com o tempo, a jovem passou a ser líder em sua comunidade, inclusive auxiliando as crianças a escreverem suas cartas aos padrinhos e madrinhas.
Formou-se em Letras na cidade vizinha, Araçuaí, e atuou como professora por sete anos, até ser convidada pela Associação Municipal de Assistência Infantil (AMAI) a atuar na organização social parceira do ChildFund Brasil no relacionamento entre crianças e padrinhos. “Tenho uma paixão imensa pelo local onde eu vivo e, desde criança, sempre admirei o trabalho que as educadoras realizavam na minha comunidade”, explica Daiane.
Em seu papel, ela ajuda na escrita das correspondências e explica às famílias que é necessário mostrar aos padrinhos em suas cartas que o ato do apadrinhamento é muito importante e ajuda na formação delas. “O apadrinhamento faz muita diferença na vida das crianças”, finaliza.
A pandemia de Covid-19 fez a pobreza disparar no Brasil, mesmo com o Programa Auxílio Brasil, implementado pelo Governo Federal em novembro de 2021. Dados divulgados pelo IBGE neste mês de dezembro mostram que, em 2021, cerca de 62,5 milhões de pessoas (29% da população do país) estavam na pobreza. Entre estas, 17,9 milhões (8,4% da população) estavam na extrema pobreza.
Em 2021, a proporção de crianças menores de 14 anos de idade abaixo da linha de pobreza chegou a 46,2%, o maior percentual da série, iniciada em 2012. Essa proporção tinha caído ao seu menor nível (38,6%) em 2020, mas teve alta recorde. Com o agravamento dessa situação, o apadrinhamento de crianças se torna ainda mais importe no país. O processo é simples: acesse o site do ChildFund Brasil, onde está disponível a história das crianças que podem ser apadrinhadas por um valor mínimo de R$67 por mês. Após preenchimento dos dados, a ONG entrará em contato para finalizar o processo.
O ChildFund Brasil, organização que atua na promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, impacta positivamente a vida de mais de 110 mil pessoas, entre elas, cerca de 60 mil crianças e adolescentes, com doação de pessoa física, através do apadrinhamento, e doações de empresas, institutos e fundações que apoiam os projetos desenvolvidos. Fundado em 1966, sua sede nacional se localiza em Belo Horizonte (MG). Eleito por três anos a melhor ONG para Crianças e Adolescentes (2018, 2019 e 2021), em 2022, o ChildFund Brasil foi eleito a melhor ONG de Assistência Social, além de estar presente entre as 100 melhores ONGs por seis anos consecutivos.
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