Apesar de oferecer personalização no aprendizado, a IA não substitui a experiência emocional e cultural necessária
Thalita Alves* Publicado em 30/09/2025, às 06h00
Falar inglês apenas com IA não vai te deixar fluente. A inteligência artificial revolucionou o ensino de idiomas, oferecendo personalização inteligente, feedback instantâneo e tornando o aprendizado mais acessível do que nunca. É necessário reconhecer o poder transformador da IA, mas também compreender profundamente o que a neurociência revela sobre suas limitações quando se trata de construir fluência verdadeira.
Seu cérebro é uma máquina extraordinária de aprendizado, equipada com regiões especializadas que trabalham em sinergia para processar linguagem. Essa orquestra neural só atinge seu potencial máximo quando estimulada de forma integrada através de experiências multissensoriais: quando você fala ativamente, escuta em contextos reais, experimenta a vulnerabilidade de errar e interage com pessoas em situações autênticas, envolvendo também as emoções e culturas que dão vida ao idioma.
A IA excela em fornecer práticas personalizadas e correções instantâneas, mas enfrenta limitações fundamentais. Ela não consegue capturar completamente as nuances culturais, o humor contextual ou as sutilezas emocionais que tornam a comunicação natural. Conversas humanas são caóticas, interrompidas, cheias de mal-entendidos produtivos que fortalecem sua capacidade de adaptação linguística — algo que a previsibilidade da IA não pode replicar.
A neuroplasticidade se intensifica quando seu cérebro cria conexões neurais sólidas através de desafios reais e interação social. A motivação profunda, estimulada pela liberação de dopamina, aumenta exponencialmente com o engajamento humano genuíno. Repetir apenas atividades automáticas no computador não gera essa profundidade necessária para a fluência.
O perigo real está no "platô intermediário" — um estágio onde estudantes que dependem exclusivamente da IA compreendem bem, mas lutam para se expressar com naturalidade e confiança. Isso acontece porque as conexões neurais permanecem superficiais, a memória de longo prazo não consolida o idioma profundamente, e a confiança para situações reais nunca se desenvolve completamente.
Por isso, na Journey School combinamos a personalização e o suporte da inteligência artificial com professores humanos dedicados. Somente com essa união é possível garantir interação social autêntica, adaptação dinâmica às necessidades únicas de cada aluno e a motivação que só o contato humano desperta. Nossos professores trazem para a prática a vivência, a cultura e o elemento emocional que a IA não pode oferecer.
A fluência verdadeira exige que você seja protagonista do aprendizado, investindo em experiências que desafiem sua zona de conforto linguística, conversas reais, convívio cultural e prática em situações imprevisíveis.
Investir em aprendizado que conecta tecnologia, pessoas e experiências reais é a chave para superar as barreiras do aprendizado tradicional. A IA é uma aliada poderosa, mas a fluência acontece quando você se envolve além das telas, construindo conexões neurais profundas e confiança através de interações humanas genuínas.
É essencial garantirmos que nossos alunos desenvolvam não só competência linguística, mas também a segurança para se comunicar naturalmente em qualquer contexto, evitando que fiquem presos em estágios intermediários por dependerem só da inteligência artificial.
*Thalita Alves é fundadora e CEO da Journey School, criadora da Jennie AI e cofundadora do BR Founders, comunidade que conecta e fortalece mulheres brasileiras empreendedoras nos Estados Unidos. Engenheira industrial, com pós-graduação em gestão estratégica de negócios na Universidade Presbiteriana Mackenzie, certificação TESOL pela Arizona State University, Thalita alia visão estratégica, expertise em EdTech e sensibilidade pedagógica para repensar o ensino de idiomas globalmente.