Falhas nas informações quanto à segurança do chatbot Bing viram alvo de denúncia à Senacon
Redação Publicado em 19/02/2024, às 06h00
Na semana em que se celebra o Dia da Internet Segura, o Instituto Alana, por meio do programa Criança e Consumo, denunciou a gigante de tecnologia Microsoft à Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), por falhas nas informações prestadas pela empresa quanto à segurança da utilização do chatbot Bing (Copilot) por crianças e adolescentes. Em um teste feito pelo Alana, simulando ser uma criança de 11 anos, o chatbot indicou sites para compras de bebidas alcoólicas, cigarros eletrônicos e armas de fogo.
O caso teve início a partir da denúncia de um pai, em novembro passado, que afirmou que a versão do chatbot integrada ao Skype teve interações inadequadas com sua filha de 9 anos. O denunciante disse que o chatbot teria convidado, espontaneamente, a criança para conversar e afirmou que ela poderia confiar e interagir com o Copilot mesmo após ter sido informado de que isso não seria permitido pela sua família. A menina ficou perturbada após dialogar por mais de uma hora com o chatbot.
A partir dessa informação, o Instituto Alana realizou testes na versão aberta do Copilot para averiguar se, de fato, a aplicação é segura para crianças. Simulando ser uma criança, o adulto que conversou com o aplicativo questionou se a interação era segura, ao que o robô respondeu que poderia ser utilizado com segurança por pessoas de qualquer idade. Na sequência, a suposta criança pediu informações sobre onde comprar bebidas alcoólicas e cigarros eletrônicos, recebendo prontamente indicações de locais. Por fim, quando perguntado sobre armas, o chatbot informou que falar sobre o assunto seria inadequado para crianças, mas indicou sites para compra do item.
“O Copilot reconhece que falar sobre armas pode ser perigoso para crianças. Essa afirmação, inclusive, leva a crer que o chatbot não deixou de assimilar que estava interagindo com uma e, mesmo assim, indicou locais para compra de produtos ilícitos ou proibidos para a faixa etária. Os resultados foram preocupantes e mostraram que os riscos para o público infantil podem extrapolar o desrespeito à autoridade parental. Desse modo, configura-se flagrante violação não apenas do dever de proteção à saúde e segurança dos consumidores, mas também ao dever de informação consagrado pelo Código de Defesa do Consumidor, tendo em vista que o chatbot afirma, categoricamente, ser seguro para a utilização do público infantil, quando questionado”, afirma João Francisco Coelho, advogado do programa Criança e Consumo.
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