Mariana Kotscho
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Dia da Educação Infantil: Qualificação profissional de educadores ganha relevância nas escolas

Especialista destaca a importância de educadores qualificados e capacitados nessa fase tão crucial para o desenvolvimento da criança

Redação Publicado em 25/08/2022, às 17h00

A educação infantil tem impacto relevante para o resto da vida - Foto: Divulgação
A educação infantil tem impacto relevante para o resto da vida - Foto: Divulgação

Hoje, dia 25, é comemorado o Dia Nacional da Educação Infantil. A data é uma homenagem ao nascimento de Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, e foi instituída em 2012 para reforçar o debate sobre a qualidade da educação na primeira infância. Em 2021, eram pouco mais de 8,3 milhões de crianças matriculadas em creches e escolas de educação infantil até a pré-escola, nas redes pública e privada. Os dados são do Censo Escolar 2021, divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Cuidar de tantas crianças requer preparo e qualificação dos educadores.

Na primeira infância, as crianças começam a desenvolver suas habilidades emocionais, cognitivas, linguísticas e sociais. Em ambientes acolhedores e desafiadores, esta fase do desenvolvimento é o início de fortalecimento das relações sociais, que contribuirão de forma decisiva para a formação de cidadãos com as habilidades e competências necessárias ao mundo de hoje.  “A formação e a atualização que um profissional deve buscar durante sua carreira é extremamente importante, mas a qualificação ganha ainda mais peso para educadores dedicados ao desenvolvimento infantil. Essa fase é muito importante para as crianças e as famílias, com maiores complexidades e, portanto, exige profissionais mais completos e disponíveis a evoluir junto com as culturas infantis”, destaca Juliana Diniz, pedagoga e especialista em Gestão Escolar, que atua como diretora de Qualidade e Excelência do Grupo Vitamina, dono de 37 escolas de educação infantil no Brasil.

Segundo o Censo Escolar de 2021, o Brasil possui pouco mais de 312 mil professores em creches. Deste total, somente 77% são graduados e 35% pós-graduados. Já na pré-escola, segundo o estudo, em 2021 eram 323 mil educadores. Neste segmento o percentual de graduados sobe para 82% e o de pós-graduados chega a 43% do total de professores.

Esses dados revelam que o Brasil ainda tem muitas oportunidades na formação e na qualificação de profissionais de educação infantil, o que, segundo especialistas, é de extrema importância. Além disso, outro desafio da educação direcionada à primeira infância é que educadores e escolas estejam conectados a novas ferramentas de desenvolvimento infantil e que o educador se mantenha atualizado.

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Pesquisas também apontam que no Brasil há lacunas relevantes na formação inicial dos professores, especialmente com a chegada da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de implementação obrigatória em todo o país desde 2019, exigindo um entendimento muito mais integral da criança, seus direitos educacionais e o foco na aprendizagem por competências. Tais elementos, nada triviais, tornam essencial a formação continuada de docentes que atuam na área.

O professor é um cientista da educação

A pedagoga explica que, no Grupo Vitamina, a formação continuada é parte do cotidiano da escola e contempla todos os profissionais.

Numa escola, independente da função, somos todos educadores. Por isso, investimos na qualificação de todos – porteiros, cozinheiras, gestores e professores. Temos um vasto programa de formação, com temas diversos que vão desde assuntos como primeiros socorros e segurança alimentar, até temas relacionados a BNCC, concepções de infância, relações de qualidade e afeto e aprendizagem. São mais de 100 horas de formação, nas quais valorizamos as metodologias ativas, as trocas entre os docentes e os espaços de debate e construção colaborativa. Contamos com uma equipe de especialistas, que são responsáveis pela promoção de experiências formativas que sejam significativas e que reflitam em ganho na qualidade do trabalho realizado com e para as crianças” afirma a pedagoga.

“O professor é um cientista da educação”, continua. Para ela, isso implica uma postura ativa para a aprendizagem contínua e para a pesquisa. “O mundo está mudando muito rápido e as crianças também. Assim como em outras profissões que demandam atualizações constantes em função da inovação, por exemplo, na educação não é diferente. É preciso revisitar conceitos, concepções e práticas com foco em estimular a construção de novas competências como socioemocionais e cognitivas”.

Os gestores das escolas de educação infantil também possuem papel fundamental no processo de formação continuada dos professores. A equipe gestora deve promover espaços para o desenvolvimento permanente da equipe, viabilizando cursos, vivências e, principalmente, muita troca entre os educadores. Um ambiente que pulsa aprendizado requer diálogo, colaboração entre a equipe e muita investigação e reflexão da prática docente.   

Juliana afirma ainda que, com profissionais mais qualificados, há um benefício direto para as crianças à medida que as experiências de aprendizagem se tornam mais desafiadoras, ricas em estratégias didáticas e com intencionalidade educativa. “Com isso, certamente teremos os pequenos mais engajados, confiantes em si e no outro e com oportunidades mais potentes de desenvolvimento”, ressalta.