Médica alergista e imunologista explica sintomas, causas e os avanços no tratamento da urticária
Redação Publicado em 28/10/2025, às 06h00
No último dia 1º de outubro, foi celebrado o Dia Mundial da Urticária, data que tem como objetivo conscientizar a população e dar visibilidade a uma condição de pele que, embora comum, ainda é pouco compreendida por grande parte dos pacientes.
A alergista e imunologista, dra. Thais Ferreira, explica que o diagnóstico clínico da urticária é relativamente simples, já que os sinais costumam ser claros e facilmente identificáveis. “A urticária se manifesta por placas vermelhas na pele, que coçam bastante, e em alguns casos podem vir acompanhadas de inchaço em regiões como boca, olhos, mãos e até genitais”, detalha.
No entanto, a especialista destaca que a grande dificuldade está em descobrir a causa da doença. “Sempre digo aos pacientes que é como montar um quebra-cabeça. Precisamos analisar diversos fatores: histórico clínico, testes alérgicos, exames de sangue e possíveis gatilhos, como infecções, medicamentos, alimentos ou outros agentes externos. Mas, muitas vezes não há um fator externo envolvido. Na chamada urticária crônica espontânea, é o próprio corpo que desencadeia a reação”, explica.
A urticária crônica, especialmente a espontânea, segundo Dra. Thais, pode durar meses ou até anos, impactando significativamente a qualidade de vida do paciente. Além do desconforto físico, os sintomas podem gerar consequências emocionais e sociais, como ansiedade, insegurança e prejuízos no convívio diário. “É comum que eu receba no consultório pacientes que já tentaram de tudo por conta própria. Muitos eliminam alimentos da rotina — como leite, ovos ou carne de porco — acreditando que encontrarão a solução. Mas, na maioria dos casos, essas restrições não trazem resultados, justamente porque a causa não está nesses alimentos. Por isso, o acompanhamento médico é fundamental”, alerta a especialista.
Para a médica, cada caso de urticária deve ser investigado de forma individualizada. “Precisamos de uma história clínica muito detalhada, que analise o dia a dia do paciente, suas crises e hábitos. É a partir disso, somado a exames específicos, que conseguimos fechar o diagnóstico e definir a melhor estratégia terapêutica”, reforça.
Nos últimos anos, a medicina avançou consideravelmente no tratamento da urticária. “O primeiro passo é o uso de anti-histamínicos, que podem ser utilizados até em doses mais altas, sempre com acompanhamento médico. Quando eles não resolvem, recorremos aos anticorpos monoclonais, medicamentos mais modernos e eficazes, que revolucionaram a forma de controlar a doença”, explica a dra. Thais Ferreira.
Esses tratamentos permitem que o paciente retome sua rotina e viva sem os sintomas. “A urticária pode ter cura, mas mesmo nos casos em que isso não é possível, conseguimos manter a doença sob controle. O paciente não precisa se acostumar a sofrer com a coceira ou com o impacto das lesões na pele. Hoje, temos ferramentas para devolver qualidade de vida”, garante a alergista e imunologista.
Para a médica, o Dia Mundial da Urticária é mais do que uma data simbólica: é uma oportunidade de combater desinformações, incentivar o diagnóstico precoce e mostrar que a doença tem tratamento. “Muitas pessoas ainda convivem em silêncio com a urticária, acreditando que não há solução ou tentando se automedicar. Esse é um grande risco. O ideal é procurar um especialista, entender o tipo de urticária e iniciar um tratamento adequado. O paciente não precisa se limitar nem viver à mercê das crises”, conclui a dra. Thais Ferreira.
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