Um apelo para a democratização da saúde bucal no país e por mais investimentos em políticas públicas para tratamento odontológico
Redação Publicado em 27/10/2022, às 06h00
O Brasil é considerado pela Organização das Nações Unidas (ONU) um dos melhores formadores de cirurgiões-dentistas do mundo, além de liderar o ranking mundial como o país com maior número desses profissionais. Segundo dados do Conselho Federal de Odontologia (CFO), em 2010 19% dos dentistas do mundo eram brasileiros, o que representa cerca 220 mil profissionais. Após 11 anos, o número cresceu 51%. O país contabiliza 330 mil dentistas formados, sendo aproximadamente 210 mil auxiliares e técnicos de prótese dentária e saúde bucal, de acordo com o levantamento do CFO de agosto de 2021.
"Em um lugar com tantos profissionais nessa área, é um paradoxo termos tantas pessoas sem acesso à saúde bucal. Pesquisa realizada pelo IBGE em 2019 e divulgada em setembro de 2020 apontou que dos 162 milhões de brasileiros acima de 18 anos, 34 milhões perderam 13 dentes ou mais. E 14 milhões perderam todos os dentes! Esses dados são alarmantes e tristes. Infelizmente, a maioria das pessoas não sabe que as doenças bucais podem acarretar também outros tipos de problemas à saúde, como os cardíacos, por exemplo”, comenta o cirurgião dentista especializado em estética bucal e implantes dentários, Sidnei Goldmann. O profissional é membro da Sociedade Brasileira de Odontologia Estética e da Academia Americana de Osseointegração.
Goldmann ainda alerta para a importância de as gestantes terem acesso ao tratamento odontológico no período de pré-natal. “Problemas na boca interferem no bom funcionamento do organismo e podem colocar em risco a gestação. Focos de infecção de origem odontológica, principalmente a periodontite, aumentam as chances de parto prematuro e nascimento de crianças com baixo peso. As doenças periodontais, como por exemplo inflamação ou infecção nas gengivas, devem ser tratadas para não evoluírem”, explica.
O cirurgião-dentista reconhece que no Brasil, apesar de liderar em número de profissionais no mundo e receber o reconhecimento de um dos melhores na formação, o acesso da maioria da população ao tratamento odontológico pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ainda é muito restrito. E, quando o cidadão é “contemplado” com o atendimento, o serviço é muito básico. “Precisamos investir em prevenção, que tem baixo custo e é muito eficiente. Posso afirmar que 90% dos problemas bucais são resolvidos com a boa higiene da boca e orientação. Reforço também a importância dos investimentos em políticas públicas para essa finalidade. A educação das crianças nas escolas, para cuidarem bem dos seus dentes e da boca, de forma geral é imprescindível. Ter acesso ao atendimento odontológico é tão importante quanto uma consulta médica. Esse é um apelo que faço às nossas autoridades brasileiras a fim de que possamos vencer mais esse desafio”, finaliza Goldmann.
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