Hábitos nocivos e a dificuldade para combatê-los

Especialista explica diversas razões que podem dificultar a mudança de hábitos nocivos

Carolina Mantelli* Publicado em 29/04/2024, às 06h00

Mudar esses hábitos pode levar a uma vida mais saudável -

Mudar hábitos nocivos pode ser uma tarefa desafiadora por uma variedade de razões, incluindo aspectos psicológicos, emocionais e até mesmo biológicos. Aqui estão algumas razões pelas quais é difícil mudar hábitos nocivos:

Padrões estabelecidos: Hábitos nocivos muitas vezes se desenvolvem ao longo do tempo e se tornam padrões enraizados em nossa rotina diária. Esses padrões são reforçados por repetição e associações com certos contextos ou situações, tornando-os difíceis de quebrar.

Recompensa imediata: Muitos hábitos nocivos oferecem gratificação instantânea ou alívio temporário, mesmo que tenham consequências negativas a longo prazo. Por exemplo, comer junk food pode proporcionar prazer imediato, enquanto ignorar o exercício físico pode evitar o desconforto temporário. Essas recompensas imediatas podem dificultar a motivação para mudar.

Fatores de estresse e emoção: Hábitos nocivos muitas vezes estão ligados a emoções e estresse. Por exemplo, fumar pode ser uma forma de lidar com o estresse, enquanto comer em excesso pode ser uma maneira de lidar com emoções negativas. Mudar esses hábitos pode exigir encontrar novas formas de lidar com emoções difíceis ou estressantes.

Resistência à mudança: O cérebro humano tende a preferir a estabilidade e a familiaridade, resistindo a mudanças que representem uma ameaça percebida à segurança ou ao conforto. Mudar hábitos pode envolver sair da zona de conforto e enfrentar o desconhecido, o que pode ser assustador e desafiador.

Crenças limitantes: Crenças pessoais sobre habilidades, autocontrole e autoeficácia podem influenciar a capacidade de mudar hábitos nocivos. Se alguém acredita que não tem força de vontade suficiente ou que é incapaz de mudar, isso pode se tornar uma profecia auto-realizável, dificultando ainda mais a mudança.

Ambiente social e cultural: O ambiente em que vivemos e as influências sociais e culturais ao nosso redor podem facilitar ou dificultar a mudança de hábitos. Por exemplo, se amigos ou familiares praticam hábitos nocivos, pode ser difícil resistir à pressão social ou encontrar apoio para mudar.

Apesar desses desafios, é possível mudar hábitos nocivos com esforço, persistência e estratégias eficazes. Isso pode envolver definir metas realistas, identificar gatilhos e substituir hábitos prejudiciais por alternativas mais saudáveis, além de buscar apoio emocional, social e profissional, quando necessário.

Além das razões mencionadas, outros fatores também podem contribuir para a dificuldade em mudar hábitos nocivos:

Ciclo de recompensa cerebral: Hábitos nocivos muitas vezes ativam circuitos de recompensa no cérebro, liberando neurotransmissores como dopamina, que causam sensações de prazer e reforçam o comportamento. Essa resposta neuroquímica pode criar uma dependência psicológica dos hábitos prejudiciais, tornando a mudança ainda mais desafiadora.

Inércia comportamental: Uma vez que os hábitos nocivos se tornam automáticos, exigem menos esforço mental e atenção consciente para serem realizados. Mudar esses padrões automáticos requer esforço deliberado e persistência para substituir os comportamentos antigos por novos.

Comportamento condicionado: Os hábitos nocivos muitas vezes estão ligados a certos estímulos ambientais, como locais específicos, horários do dia ou estados emocionais. Esses sinais podem desencadear automaticamente o comportamento habitual, tornando difícil resistir à tentação mesmo quando se está motivado a mudar.

Efeito de compensação: Às vezes, quando as pessoas tentam mudar um hábito nocivo, podem compensar involuntariamente com outros comportamentos prejudiciais. Por exemplo, alguém que está tentando parar de fumar pode acabar comendo mais para lidar com a ansiedade da abstinência.

Falta de suporte e recursos: A falta de apoio social, recursos financeiros ou acesso a informações e tratamentos eficazes pode dificultar a mudança de hábitos nocivos. Sem o suporte adequado, pode ser desafiador enfrentar os obstáculos e manter a motivação ao longo do tempo.

Veja também

Apesar desses desafios, é importante lembrar que a mudança de hábitos é possível com o tempo, esforço e suporte adequados. Abordagens como estabelecer metas realistas, identificar e evitar gatilhos, buscar apoio social e profissional, e praticar a autocompaixão e a persistência podem ajudar a superar os desafios e alcançar um estilo de vida mais saudável e equilibrado.

Mudar hábitos nocivos pode ser desafiador, mas é possível com o tempo, esforço e estratégias eficazes. Aqui estão algumas etapas que podem ajudar a promover a mudança de hábitos nocivos:

Identificar o hábito a ser mudado: O primeiro passo é reconhecer e identificar o hábito específico que deseja mudar. Isso pode envolver uma autoavaliação honesta e uma reflexão sobre os hábitos que estão prejudicando sua saúde, bem-estar ou qualidade de vida.

Definir metas claras e realistas: Estabeleça metas específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com prazo definido (metas SMART) para orientar seu processo de mudança. Por exemplo, em vez de simplesmente querer "parar de fumar", defina uma meta concreta, como "reduzir o número de cigarros fumados pela metade em um mês".

Entender os gatilhos: Identifique os gatilhos ou situações que desencadeiam o hábito nocivo. Isso pode incluir certos horários do dia, emoções específicas, locais ou interações sociais. Conscientizar-se desses gatilhos pode ajudá-lo a desenvolver estratégias para evitá-los ou lidar com eles de maneira mais saudável.

Substituir o hábito nocivo por alternativas saudáveis: Em vez de apenas tentar eliminar o hábito nocivo, substitua-o por comportamentos mais saudáveis e construtivos. Por exemplo, se você costuma comer junk food como forma de lidar com o estresse, experimente desenvolver novas estratégias de enfrentamento, como praticar meditação, fazer exercícios físicos ou praticar hobbies relaxantes.

Modificar o ambiente: Faça alterações em seu ambiente físico para tornar mais fácil a adoção de novos comportamentos saudáveis e a eliminação de hábitos nocivos. Por exemplo, livre-se de alimentos não saudáveis em casa, crie um espaço de exercícios em casa ou evite locais frequentados por fumantes, se estiver tentando parar de fumar.

Buscar apoio social e profissional: Compartilhe seus objetivos de mudança com amigos, familiares ou grupos de apoio que possam oferecer incentivo, suporte e responsabilidade. Além disso, considere procurar a orientação de profissionais de saúde, como terapeutas, nutricionistas ou treinadores pessoais, que podem oferecer orientação especializada e estratégias específicas para ajudá-lo a alcançar seus objetivos.

Praticar a autocompaixão: Mudar hábitos pode ser um processo desafiador e pode haver contratempos ao longo do caminho. Lembre-se de ser gentil consigo mesmo e praticar a autocompaixão, aceitando suas falhas e aprendendo com elas, em vez de se criticar. Celebrar cada pequena vitória ao longo do caminho pode ajudar a manter a motivação e o ânimo.

Persistir e ajustar: A mudança de hábitos pode levar tempo e exigir persistência. Se enfrentar contratempos ou recaídas, não desanime. Em vez disso, avalie o que funcionou e o que não funcionou, ajuste suas estratégias conforme necessário e continue avançando em direção aos seus objetivos.

Mudar hábitos nocivos não é fácil, mas com dedicação, comprometimento e um plano de ação bem elaborado, é possível alcançar uma vida mais saudável e equilibrada.

*Dra. Carolina Mantelli é médica, endocrinologista e metabologista e tem a missão de amenizar a dor física e da alma através do auto resgate.

Saúde emocional hábitos mudança dificuldade

Leia mais

Jovens podem aprender programação e robótica brincando e gastar seu tempo frente às telas de forma mais produtiva


Os celulares em sala de aula e as consequências educacionais


Tempo seguro de exposição às telas em cada faixa etária


Tecnologia e Sono: celulares dominam as noites dos brasileiros, revela pesquisa


Mochila, mobiliário escolar e celular colocam em risco a estrutura óssea dos estudantes