Geriatra especialista em cuidados paliativos comenta de que forma a regulação das emoções está ligada ao risco de demências
Redação Publicado em 23/03/2023, às 06h00
Um estudo publicado no periódico Nature Aging Trusted Source apontou que as pessoas idosas exibem maior conectividade entre as áreas do cérebro ligadas ao processamento emocional e autobiográfico. Segundo a publicação, a partir dessas informações é possível apontar que um maior controle das emoções e do estresse pode ajudar na prevenção contra demências, uma vez que emoções negativas estão diretamente associadas a condições neurodegenerativas.
De acordo com a geriatra especialista em cuidados paliativos Dra. Maria Carolyna Fonseca Batista Arbex, o estresse psicológico acelera o envelhecimento fisiológico e imunológico em vários aspectos. “Possuir emoções equilibradas reduz o risco da neurodegeneração, pois auxilia a manter o cérebro mais preservado, o que impacta positivamente a atenção na velhice.”
Durante o estudo, mais de 150 voluntários de diversas idades assistiram a pequenos clipes com pessoas em estado de sofrimento emocional – como em um desastre nacional ou situação de angústia – e também a vídeos com conteúdo emocional neutro. Os resultados da pesquisa mostram que os indivíduos idosos possuem um padrão de atividade cerebral divergente ao dos mais jovens.
“As análises apresentadas indicam que pessoas mais velhas tendem a regular melhor suas emoções, pois focalizam em detalhes positivos, mesmo durante um evento negativo. Carregar emoções negativas de um momento para o outro está concentrado em pessoas jovens e saudáveis, porém esse processo está ligado a condições como depressão, ansiedade e ruminação, o que pode, com o tempo, aumentar o risco de demência”, explica Dra. Maria Carolyna.
Apesar de oferecer esclarecimentos sobre determinados aspectos do funcionamento do cérebro e do envelhecimento patológico, os pesquisadores alertam que o estudo ainda observa uma quantidade pequena de pessoas para prever com exatidão se a má regulação emocional e a ansiedade são causas ou consequências das demências.
“Dessa forma, é preciso que os profissionais da medicina sempre considerem uma diversidade de fatores quando buscam elementos que justifiquem o surgimento ou agravamento de determinados quadros neurológicos. Embora emoções ruins sejam consideradas um fator de risco para a neurodegeneração, essas condições não podem ser explicadas unicamente pelo descontrole emocional”, diz Arbex.
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