Pedagoga explica que escrever à mão ainda é importante, mesmo no mundo da tecnologia
Larissa Fonseca* Publicado em 27/02/2024, às 06h00
Em tempos de uso da tecnologia na comunicação, no trabalho e nas escolas, a escrita a mão tem cada vez mais perdido espaço nas atividades do dia a dia.
Mas você sabia que essa prática é fundamental para a para a aprendizagem e desenvolvimento neurológico e motor, principalmente das crianças e os adolescentes?
A intensa digitalização atual promove a utilização de computadores, celulares e tablets e, consequentemente livros impressos e cadernos deixam de ser o foco da aprendizagem nas Escolas e em casa.
Quando uma criança escreve à mão, ela registra melhor, pensa melhor e é capaz de elaborar as ideias de forma mais organizada. A aprendizagem se torna mais significativa e efetiva, já que é cientificamente comprovado que o aprendizado está diretamente relacionado às atividades motoras, seja escrever, pintar, colorir, desenhar e até fazer trabalhos manuais. Essas atividades possibilitam o desenvolvimento das sinapses cerebrais, preparando e conscientizando os pequenos para um mundo repleto de novas tecnologias onde o novo e o velho não são necessariamente excludentes, mas, sim, complementares.
Incentivar e estimular as crianças a escreverem em um mundo repleto de telas pode ser desafiador e é necessário estabelecer estratégias.
Uma boa opção para aproximar as crianças desse “universo” é ter um espaço dedicado à escrita, como um cantinho ou uma estação de arte e disponibilizar ali materiais diversos como lápis, canetas coloridas, cadernos e papéis diversos.
Promover atividades que estimulem a criatividade e a imaginação, como escrever histórias, poesias, cartões em datas comemorativas, cartas para amigos e familiares e até mesmo listas de desejos, listas de mercado, deixar bilhetes diversos e avisos divertidos etc. também são alternativas construtivas para motivar as crianças a escreverem espontaneamente.
A escrita de um diário também auxilia as crianças e adolescentes a explorar, expressar e trabalhar emoções, o que é bastante agregador. Inclusive, essa escrita pode ser convertida em conteúdos para os famosos blogs!
Estimular jogos e brincadeiras com escrita também é um caminho. Jogos de palavras, charadas e adivinhações que envolvam a escrita é divertido e motivador. É possível ainda criar um sistema de incentivo, como um desafio para escrever um determinado número de páginas ou concluir um projeto de escrita a partir de uma pergunta provocadora, o que pode estimular o interesse das crianças e adolescentes em escrever mais.
São muitas as opções para motivar a prática consistente e ajudar a criar o hábito de escrever. E é essencial mostrar o valor da escrita! Por isso, como exemplos e modelos a serem seguidos, os pais que têm esse hábito tendem a motivar mais os filhos, já que, ao ver os adultos escrevendo e valorizando a escrita, as crianças se sentem mais incentivadas a fazer o mesmo. O segredo é promover uma experiência divertida, significativa e relevante!
*Larissa Fonseca é Pedagoga e NeuroPedagoga graduada pela USP, Pós Graduada em Psicopedagogia, Psicomotricidade e Educação Infantil. Autora do livro Dúvidas de Mãe.
Impor limites sem perder a ternura
Jornada para uma educação de qualidade
Inclusão nas escolas: um novo capítulo de esperança com a criminalização do bullying
O Impacto da digitalização da educação para quem tem dislexia
A pessoa com deficiência e o empreendedorismo