No Brasil, cerca de 8 milhões de indivíduos podem ser inférteis e precisam de óvulos ou sêmen doados para engravidar
Redação* Publicado em 22/03/2024, às 06h00
No Brasil, muito se fala a respeito de doação de sangue e da doação de orgãos. Mas e quanto a doação de gametas? Este tipo de ação possibilita o sonho da paternidade e da maternidade para casais que enfrentam problemas na fertilidade. Conforme os últimos dados da Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida (SBRA), no Brasil, cerca de 8 milhões de indivíduos podem ser inférteis.
Tanto os espermatozóides (gameta masculino), quanto aos óvulos (gameta feminino), ambos envolvem processos de doação com uma série de etapas, desde a seleção rigorosa dos doadores até a realização dos procedimentos médicos necessários.
Segundo a Dra. Cristiane Hagemann, médica especialista em Reprodução Assistida da Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR), muitos fatores podem levar à infertilidade. Ela cita doenças da infância, como por exemplo a caxumba, ou então um câncer, que não necessariamente precisa ser nos órgãos genitais, mas que pode comprometer a saúde reprodutiva por meio dos tratamentos realizados (quimioterapia ou radioterapia).
“Temos também doenças cromossômicas que interrompem a produção natural de óvulos e sêmen e também os casais homoafetivos, que possuem o desejo da concepção e precisam dessa doação”, afirma a médica.
Alguns países têm legislação própria no que diz respeito à Reprodução Humana e Assistida. No Brasil, não existe uma legislação específica e as condutas dos centros de reprodução são ditadas por normas do Conselho Federal de Medicina (CFM). Neste caso, não pode haver caráter lucrativo ou comercial quando envolve a doação.
“A doação é anônima e voluntária, no caso da doação de sêmen ou de óvulos. Nos óvulos, também existe a possibilidade de ser compartilhada, em que um casal, com problemas de fertilidade, pode se beneficiar de uma doação de uma mulher fértil”, comenta a Dra. Cristiane. “No caso de doações não anônimas, é permitido apenas de parentes de até quarto grau”, completa.
Por meio dessas normas, as etapas seguintes envolvem o preenchimento de formulários a respeito de características físicas: cor do cabelo, cor dos olhos, peso, histórico de saúde familiar, etc. Ao preencher o cadastro, existem exames laboratoriais que precisam ser feitos: avaliação genética, tipagem sanguínea, investigação infecciosa, entre outros.
No caso da idade, o limite para doação é de mulheres até os 37 anos de idade, enquanto para homens é aceito até os 45 anos. Além disso, um único doador pode ser vinculado ao nascimento de até duas crianças de sexos distintos dentro de uma área de 1 milhão de habitantes. Se uma clínica utiliza o sêmen de um banco de doadores, é obrigada a fornecer um retorno sobre o resultado do nascimento associado a esse material genético.
“Essa ação se traduz como um grande ato de amor ao próximo e de generosidade. É um ato de se deixar tocar pela história do outro. Poder permitir com que outros se tornem pais e mães e realizem o desejado sonho de ter uma família”, finaliza a médica da AMCR.
*Sobre a Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR)
A AMCR – Associação Mulher, Ciência e Reprodução Humana do Brasil – é uma entidade sem fins lucrativos, suprapartidária. Fundada em março de 2021, pela médica ginecologista, Prof. Dra. Marise Samama, possui 47 associadas, pós-graduadas da área da saúde, distribuídas em todas as regiões do Brasil. A associação é fruto da vontade dessas mulheres (cientistas, médicas, biomédicas e profissionais de saúde), que defendem a igualdade de oportunidade entre gêneros, reconhecimento e valorização da mulher e da ciência e atuação das mulheres nas áreas de saúde feminina e Reprodução Humana. Para saber mais informações, acesse o site.
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