A ginecologista e obstetra Dra. Tatiana Provasi Marchesi explica como a técnica deve ser aplicada no parto e a importância do acompanhamento profissional
Redação Publicado em 18/08/2022, às 12h56
Um estudo publicado pela revista britânica BMJ utilizou dados de mais de 157 mil nascimentos realizados em unidades obstétricas, casas de partos ou ambientes domiciliares no Reino Unido, e chegou à conclusão de que mulheres que tiveram parto humanizado na água sentiram menos dor, além de uma menor necessidade de intervenções médicas. A ginecologista e obstetra Dra. Tatiana Provasi Marchesi destaca que apesar de ser uma constatação positiva, é preciso apontar que nem toda assistência humanizada ao nascimento inclui parto na água.
O uso da água durante o trabalho de parto é somente um dos muitos métodos não farmacológicos que podem ser adotados para alívio da dor, que incluem massagens, exercícios, técnicas de relaxamento, bolsas de água quente, chuveiro e também a banheira de imersão. “Nesse último, a gestante é colocada em uma banheira repleta de água morna (entre 36ºC e 38ºC para manter o conforto materno e evitar desidratação ou superaquecimento).”
Para a especialista, a grande vantagem do parto na água não é o nascimento do bebê em si, mas o efeito da água durante o processo, antes que a criança de fato venha ao mundo. “A imersão em água morna causa um relaxamento profundo e alívio da dor, natural e não farmacológico, muitas vezes evitando a necessidade de analgesia epidural ou raqui analgesia.”
Outros benefícios apontados pela Dra. Tatiana são: a experiência prazerosa sentida pelas parturientes após o nascimento dos bebês; a sensação de estado gravitacional relativo (se sentir mais leve); e a não ocorrência de alterações na circulação do sangue para a placenta e na oxigenação do bebê com as mudanças de posição materna. “Proporcionando mais liberdade de movimentação e de posturas para a mãe dentro da banheira.”
De acordo com a especialista, os principais riscos atribuídos ao parto na água incluem: o risco de infecção para a mãe e para o recém-nascido; hemorragia materna pós-parto; e asfixia neonatal e risco neonatal de aspiração de água. “Porém, existem poucos casos documentados destas complicações, já que o acompanhamento médico e situações naturais ao nascimento já previnem tais situações.”
Por outro lado, Marchesi alerta que, em relação à assistência ao parto, as manobras obstétricas extrativas na presença de urgências no momento do nascimento do bebê podem ser dificultadas ou impossibilitadas, logo, deve-se evitar o parto na água de gestantes diabéticas descompensadas ou com bebês muito grandes (acima de 4kgs). “Outro detalhe importante é que a retirada da placenta deve ser sempre realizada fora da água, já que o sangramento uterino é difícil de ser quantificado em situação submersa.”
Diante desse cenário, mesmo com importantes benefícios para a gestante e o bebê, é imprescindível que o bem-estar do feto seja periodicamente averiguado durante o trabalho de parto e, diante de qualquer alteração, a gestante deverá ser retirada da banheira.
“Lembrando que a equipe precisa ter experiência e conhecimento sobre parto na água, sabendo o momento certo de colocar e retirar a parturiente na banheira, além de quais situações devem ser evitadas ou estimuladas”, orienta Dra. Tatiana.
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