Endometriose não é fim da linha para sonho da maternidade

Com tratamento adequado da endometriose, mulheres que planejam engravidar podem ter uma gestação saudável

Redação Publicado em 19/05/2023, às 10h00

A endometriose pode aparecer em qualquer fase da idade reprodutiva e tem tratamento - Foto: Freepik

Um dos aspectos mais desafiadores da endometriose - doença que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atinge 10% da população feminina - é a infertilidade. Estima-se que até 50% das mulheres com endometriose tenham dificuldade para engravidar. No entanto, com tratamento adequado, é possível conceber e levar uma gestação saudável até o fim.

A endometriose é uma condição na qual o tecido que reveste o útero cresce fora dele, geralmente nos ovários, trompas de falópio ou outras estruturas pélvicas. A doença pode causar cólicas intensas e dor durante a relação sexual, além de outros sintomas. A exata razão pela qual a endometriose afeta a fertilidade não é totalmente definida. No entanto, existem fatores potenciais que podem contribuir para a dificuldade na concepção.

Um deles é que a endometriose pode causar tecido cicatricial ou a formação de aderências entre estruturas do corpo, que podem interferir no bom funcionamento dos órgãos reprodutivos, dificultando a passagem do óvulo entre o ovário e o útero ou a chegada do esperma ao óvulo. Outro ponto é que ela pode causar inflamação, que tende a prejudicar a qualidade dos óvulos ou interferir na implantação deles. Também pode afetar o equilíbrio hormonal do corpo, interrompendo a dança dos hormônios, necessária para a ovulação e a gravidez.

Além disso, algumas mulheres com endometriose podem ter outras condições que complicam ainda mais a fertilidade, como a síndrome dos ovários policísticos ou miomas uterinos.

Apesar desses fatores preocupantes para quem está planejando a maternidade, ser diagnosticada com endometriose não deve pôr fim aos planos de ser mãe, segundo o médico Patrick Bellelis, colaborador do setor de endometriose do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

 

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“Existem vários tratamentos disponíveis que podem ajudar mulheres com endometriose. Após um diagnóstico preciso, definindo os sintomas de cada uma e a gravidade da doença, o médico pode indicar o melhor caminho. O fato é que, quanto antes o diagnóstico for feito, mais chances de sucesso ele terá”, esclarece.

Para quem ainda está tentando engravidar e sofre com endometriose, os cuidados médicos podem envolver mudança de hábitos, tratamento hormonal e até mesmo cirurgia, recomendada em casos mais complexos. Nela, o médico irá remover o tecido endometrial em excesso ou aderências, o que pode melhorar a fertilidade, reduzindo as barreiras físicas à concepção.

Já no caso de mulheres que engravidam espontaneamente tendo endometriose, uma série de cuidados são exigidos. “Quem tem o diagnóstico tem mais probabilidade de sofrer aborto, parto prematuro, ruptura das veias que irrigam o útero e complicações relacionadas à placenta”, cita o médico. “Por isso, é recomendado um período pré-natal mais personalizado, com acompanhamento regular para observar a evolução da doença e da gestação”, acrescenta.

O especialista lembra que a endometriose é uma condição complexa, que pode causar dor e sofrimento para as mulheres, por isso, é importante buscar tratamento não somente quando estão tentando engravidar, mas também para melhorar a qualidade de vida.

É preciso deixar claro que muitas mulheres com endometriose são capazes de engravidar e ter uma gestação saudável com a ajuda do tratamento adequado. Qualquer pessoa que sofra com a infertilidade e suspeita de endometriose deve imediatamente procurar um médico. Com os cuidados certos, é totalmente possível aumentar as chances de engravidar”, concluiu Bellelis.
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