Documentário mostra como El Salvador conseguiu diminuir a violência obstétrica

Depois de 10 anos do filme O Renascimento do Parto, o diretor e roteirista Eduardo Chauvet, mostra como uma lei nacional conseguiu modificar a violência obstétrica no país

Redação* Publicado em 15/11/2023, às 06h00

O documentário conseguiu modificar o cenário obstétrico reduzindo as cesáreas desnecessárias e a violência obstétrica -

O documentário “Todos Nascemos”, que estreia no Brasil em novembro, mostra como El Salvador, na América Central, conseguiu modificar o cenário obstétrico reduzindo as cesáreas desnecessárias e a violência obstétrica. Dirigido por Eduardo Chauvet, que foi responsável pela trilogia do filme “O Renascimento do Parto”, o filme mostra como a lei nacional “Nacer com Cariño”, criada em agosto de 2021, melhorou o atendimento de gestantes durante o pré-natal, parto e pós-parto.

A iniciativa da lei foi da primeira-dama, a psicóloga e educadora perinatal Gabriela Rodríguez, que é uma ativista do parto humanizado, amamentação e criação com apego. Com a sanção da lei, os profissionais de saúde do sistema público do país passaram por treinamentos práticos e teóricos para ter um atendimento humanizado e um olhar individualizado para cada mãe e bebê. Apesar de ser uma lei recente, já é possível ver alguns resultados expressivos. “A melhor assistência ao parto reduziu a taxa de mortalidade neonatal em quase 50%”, comenta o diretor do filme. Segundo as estatísticas do Ministério da Saúde do país, o índice passou de 62,8 mortes por 100 mil nascidos vivos em 2021 para 34,5 mortes por 100.000 nascidos vivos em 2022. Por ano, nascem cerca de 70 mil bebês no país.

O documentário mostra em voiceover (narração), por meio de relatos de pacientes e profissionais da saúde que, antes da lei, as práticas de violência obstétrica eram comuns, como a manobra de Kristeller, a episiotomia, o uso de ocitocina de rotina, a posição ginecológica durante o parto e outros procedimentos desnecessários, como enema (lavagem intestinal) e toque vaginal a cada 15 minutos. “As gestantes também ficavam separadas de seus familiares, incomunicáveis e passavam o trabalho de parto em jejum”, conta o diretor Chauvet.

 

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Ainda de acordo com o Ministério da Saúde de El Salvador, após a criação da lei, a manobra de Kristeller, por exemplo, foi totalmente proibida. As episiotomias passaram a não ser recomendadas e foram reduzidas de 19,1% em 2021 para 8,6% até setembro de 2023.  “Foi impressionante ver as estruturas dos hospitais, o engajamento dos profissionais para humanizar e oferecer um tratamento diferenciado para cada parturiente”, comenta Chauvet, que acompanhou partos hospitalares em El Salvador durante todo o mês de fevereiro de 2023.

Além da capacitação dos profissionais do cuidado materno-infantil, as gestantes passaram a ser atendidas por doulas, enfermeiras obstetras e consultoras de lactação. Agora, mais de 80% dos recém-nascidos são amamentados na primeira hora de vida.

Onde assistir?

O lançamento oficial de “Todos Nascemos” acontecerá em São Paulo, no dia 16 de novembro, às 20h, no Espaço Itaú Augusta. Após a exibição, haverá um debate com profissionais da humanização que atuam na capital paulista. Já no dia 20 de novembro, às 20h, o filme será exibido no Espaço Itaú Botafogo e, no dia 22, em Brasília também no Espaço Itaú. As exibições são todas gratuitas e seguidas de uma mesa de debates com especialistas sobre como um modelo de assistência de El Salvador poderia ser aplicado aqui no Brasil e no mundo. Após a distribuição no Brasil, o documentário será exibido em Buenos Aires e Milão neste ano. A partir de 2024, haverá promoção e distribuição em cinemas de diferentes partes do mundo até ser distribuído pelas plataformas de streaming.

 

Ficha técnica

Título: Todos Nascemos

Ano de produção: 2023

Dirigido por: Eduardo  Chauvet

Escrito por: Eduardo Chauvet e Joaneska Grosll

Estreia: novembro de 2023

Duração: 72 minutos

Gênero: Documentário

Classificação indicativa: em análise

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