Cinco mitos e verdades sobre o parto humanizado

Susana Moscardini, autora do livro “Doula: Mulheres que se ajudam no momento mais importante da gestação” comenta o parto humanizado

Redação Publicado em 08/03/2023, às 06h00

A espera por um bebê é sempre mágica -

O parto é, em grande parte das vezes, a hora mais esperada de uma gestação. Depois de nove meses de muita espera, a mãe, finalmente, irá segurar seu filho nos braços, porém, o processo de dar a luz pode se mostrar complexo e conturbado, caso não haja preparação e conhecimento prévios. O Brasil está entre os países que mais fazem cesáreas no mundo, além dos casos de violência obstétrica serem frequentes, evidenciando uma triste realidade para as gestantes.

Em contrapartida, o parto humanizado vem ganhando cada vez mais destaque, por sua abordagem acolhedora e respeitosa, que busca compreender e suprir as necessidades de acordo com a paciente. No entanto, muitas não possuem compreensão sobre o método, optando por se submeter a procedimentos tradicionais que podem trazer situações desagradáveis, ou até mesmo, traumáticas.

Pensando nisso, Susana Moscardini, professora universitária, educadora perinatal, instrutora de ioga de gestantes e doula, lançou o livro Doula: Mulheres que se ajudam no momento mais importante da gestação, pela Buzz Editora, relatando toda a sua experiência como doula, além de casos emocionantes de mulheres que reencontraram sua força durante a gestação e descreve seu próprio parto e os de suas doulandas, de forma poética e cativante. Por meio de uma roupagem simples e descomplicada, a especialista busca explicar a verdadeira essência do parto humanizado, auxiliando gestantes a encararem o momento de dar à luz de forma leve e revolucionária.

Veja também

Pensando, então, em esclarecer as dúvidas que surgem a respeito do parto humanizado, Susana listou alguns mitos e verdades sobre o procedimento, para ajudar mulheres que estão gestando e/ou pensando em gestar e que querem saber mais sobre o assunto. Confira, a seguir, quais são eles:



1. Durante o parto, deve-se deixar a mulher se movimentar livremente.

VERDADE. Por se tratar de um momento complicado e com picos de dor, as mulheres não podem ficar presas a um único lugar. Na realidade, elas devem ser estimuladas a se movimentarem livremente durante o trabalho de parto. “Para o nascimento, o bebê encaixa na pelve da mulher e realiza dentro dela, com a cabeça, um movimento de rotação, para depois descer por ela”, explica a educadora perinatal. Dessa forma, a movimentação pode auxiliar no processo, além de aliviar dores e fazer com que os ossos da pelve se abram mais facilmente.


 

2. A posição supina é ideal para o parto humanizado.

MITO. Por mais que essa seja uma posição frequentemente adotada, ela não é a ideal para o parto humanizado. “Permanecer deitada de barriga para cima ou na posição ginecológica retira a ajuda da gravidade no processo de descida do bebê por meio da pelve materna e bloqueia o movimento do osso sacro, dificultando a descida do bebê e diminuindo o diâmetro da pelve”, comenta Susana. Por isso, a mulher deve ser encorajada a adotar a posição mais confortável durante o período expulsivo, já que cada anatomia exige uma estratégia diferenciada e de acordo com as próprias necessidades.



3. A gestante deve ser incentivada à realização de puxos espontâneos/involuntários.

VERDADE. Ao decorrer do trabalho de parto, a mulher já faz força de forma instintiva e natural, por causa do período expulsivo e, em partos comuns, às vezes, há a realização dos puxos dirigidos, que é a intervenção médica que direciona a força necessária que a mulher deve exercer. No entanto, de acordo com Moscardini, essa não é a melhor estratégia. “O corpo dela faz força de maneira involuntária, em resposta à descida da cabeça do bebê e sua chegada no canal de parto. É uma sensação irreprimível. Além disso, já existem evidências que mostram que o direcionamento da força aumenta a chance de laceração perineal”, afirma. Por isso, deve-se dar suporte e incentivo para que a mulher empurre de forma natural, mas sempre respeitando seus próprios limites e necessidades.


 

4. É recomendado depilar-se antes do parto.

MITO. Há pouco tempo atrás, ainda era recomendado realizar a tricotomia, ou seja, a raspagem dos pelos pubianos, antes do trabalho de parto. No entanto, recentemente, foi descoberto que essa prática pode provocar microferimentos na região, possibilitando o aparecimento de infecções com mais facilidade. Por isso, a recomendação é a de, apenas, aparar os pelos e higienizar a região íntima com antecedência e evitar, ao máximo, raspá-los, barrando possíveis problemas.


 

5. A mãe não deve estar sozinha durante todo o processo.

VERDADE. Assim como qualquer outro procedimento, em que há possibilidade de acontecer imprevistos, o parto humanizado necessita de assistência especializada e preparada, que disponibilize uma equipe que respeite o protagonismo e autonomia da gestante, desde o início até o final da gravidez, tomando decisões sempre pensando no bem-estar da mãe e do bebê. “Uma assistência humanizada é realizada quando existe o compartilhamento de informações sobre a fisiologia do parto, onde todas as dúvidas são amplamente conversadas, onde há a participação de outros profissionais da assistência ao parto, cada qual dentro da sua alçada de atuação. E aí entra o papel fundamental da doula em todo o processo”, ressalta a instrutora.

Segundo Moscardini, a vontade de escrever o livro surgiu de sua insatisfação com uma realidade na qual acredita que todas as mulheres estão inseridas, afinal, a rejeição de médicos e familiares ao parto orgânico é imediata. “Depois do nascimento de meus filhos, Rafael e Lucas, abracei como missão de vida o desejo de fortalecer gestantes. Por isso, quero dividir para somar com o leitor, partilhando minha experiência como gestante, educadora perinatal e doula. E, assim, espero que você sinta, ao longo destas páginas, meu abraço”, finaliza a autora.

Sobre a autora

Susana Moscardini é formada em Biologia e atuou como professora universitária durante anos. Depois do nascimento de seu primeiro filho, Rafael, Susana se apaixonou pelo universo do parto humanizado. Desde então, trabalha como educadora perinatal, instrutora de ioga de gestantes e doula. Susana acredita no parto orgânico e na força da informação para lutar por um parir mais respeitoso e humanizado.

 

 

livro especialista parto humanizado

Leia mais

Doenças bucais podem levar ao parto prematuro e comprometer a saúde do bebê


A história de Ève: "Eu sabia que nunca escutaria a voz da minha filha"


Combate ao Estresse: sintoma pode influenciar na fertilidade


Direitos das gestantes: entenda as garantias das parturientes na hora do parto


Parto humanizado na água: método diminui dor e gera benefícios para a mulher