Consumo de álcool na gravidez é prejudicial ao bebê e à gestante. Compartilhe a informação e contribua para a geração de vidas saudáveis. Não beba grávida
Sara Machado de Assis* Publicado em 24/05/2024, às 06h00
Já é de conhecimento de todos a frase: Se beber não dirija e se dirigir não beba, uma vez que álcool e direção veicular não combinam em nada, e de conhecimento da maioria da população os estragos gerais que esta combinação pode ocasionar. Mas quando o assunto é álcool na gravidez, muitas pessoas consideram possível o consumo razoável da bebida, dizendo: “Uma tacinha não faz mal” – o que é um grande mito.
Assim como não há dose segura de álcool para condutores de veículos, avaliando quão grande poderá ser o estrago lá na frente, seja na vida deles ou na vida de outros, também não há pesquisas científicas que apontem qual seria a dose segura de álcool para mulheres grávidas, portanto qualquer consumo pode ser prejudicial à vida da gestante e do bebê.
A grande diferença é que existem grandes campanhas para condutores não beberem, incluindo orientações médicas, de amigos, familiares, veiculação em grandes mídias, rótulos nas garrafas, advertência do Ministério da Saúde e até multa de trânsito, e ainda muito precisa ser falado constantemente, maaas quando o assunto é álcool na gravidez, as informações são escassas e ainda geram muitas dúvidas.
Quando o assunto é gravidez, não existe talvez
O álcool na gravidez tem a possibilidade de gerar graves consequências para a mãe, além de causar vários danos ao bebê.
O álcool atravessa a placenta, o que permite que, em pouco tempo, a concentração dessa substância no sangue fetal se torne equivalente à materna. Entretanto, o organismo do feto – ainda em formação – não consegue metabolizar o álcool, que permanece no seu sangue por mais tempo, até ser eliminado pela circulação materna.
No período embrionário, isso pode provocar alteração na divisão, proliferação, migração e diferenciação celular, levando a malformações. Já entre a 9ª e 14ª semana de gestação, sua ação provoca alterações principalmente no sistema nervoso central, podendo, inclusive, levar à morte neural¹.
O consumo de álcool na gravidez pode causar Espectro Alcoólico Fetal, dentre eles está a SAF – Síndrome Alcoólica Fetal, uma doença que não tem cura e traz consequências para vida toda, como: retardo de crescimento intra e extra-uterino, deformidades na face e disfunção do sistema nervoso central.
A SAF é a doença mais grave dentro do espectro alcoólico fetal e é a principal causa evitável de deficiências e de desenvolvimento da criança.
No mundo todo, quase 10% das gestantes consomem álcool. No Brasil esse número é ainda maior, chegando em 15,2% ¹, ou seja são 15,2% de gestantes que estão colocando em risco a saúde do(a) seu filho(a), muitas vezes por desconhecimento da gravidade que o álcool pode causar na gestação.
Não importa o tamanho do copo, mas importa muito a informação chegar para todo mundo.
A campanha www.zeroalcoolnagravidez visa alertar a população em geral, além de incidir em políticas públicas, do qual já gerou um PL Municipal n. 503/2023 que dispõe sobre estabelecer a obrigatoriedade de que toda a rede municipal atuante no pré-natal oriente os pacientes sobre a importância do não consumo ao álcool para a prevenção da SAF, além de prevenir outras doenças que fazem parte do Espectro Alcoólico Fetal. Pasmem, isto não é um procedimento recorrente nos pré-natais.
Artistas consagrados como: Patricia Abravanel, Glória Vanique, Reginaldo Faria, Ana Botafogo juntamente com entidades renomadas Associação Médica Brasileira, Sociedade Brasileira de Pediatria, Sociedade Pediatria de São Paulo, Instituto Olinto Marques de Paulo, Associação Paulista de Medicina, Federação Brasileira de Ginecologia, CISA (Centro de Informações sobre Saúde e Álcool) dentre outras, somam-se a esta rede, buscando alertar a população.
Se você chegou até aqui, junte-se a nós e compartilhe a informação contribuindo para a geração de vidas saudáveis. Não seja a pessoa que bebe e nem a pessoa que oferece bebida alcoólica para a gestante. Faça a diferença e apoie esta campanha.
Informar é uma forma de amor
Como apoiar:
Ficou com dúvida, saiba mais em:
https://www.instituto-omp.org.br/gravidezsemalcool
*Sara Machado de Assis é gerente de projetos sociais, mobilizadora da campanha zero álcool na gravidez e integrante do Núcleo de Estudos dos Efeitos do Álcool na Gestante, Feto e Recém-nascido da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
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