Especialista Raíssa Assmann comenta sobre a importância da figura materna no momento da primeira menstruação
Raíssa Assmann Kist* Publicado em 22/05/2023, às 06h00
Em geral, temas relacionados à saúde íntima possuem algumas barreiras que necessitam ser quebradas o quanto antes. Um deles é a menstruação, assunto que ainda é cercado por diversos estigmas. Como especialista em inovação social para a menstruação, tenho visto cada vez mais a necessidade de se falar sobre menstruação de forma clara e sem rodeios. Infelizmente, ainda vivemos em uma sociedade que considera o tema como um tabu, o que dificulta a conversa entre mães e filhas a respeito deste processo natural.
Muitas figuras maternas ainda têm dificuldade em falar sobre a primeira menstruação com suas filhas, o que pode gerar sentimentos de vergonha e medo nas meninas, além de afastá-las da compreensão sobre o funcionamento de seu próprio corpo. No entanto, é importante que este desconforto inicial seja deixado de lado para que auxiliar sua filha a preparar-se para as alterações fisiológicas naturais da puberdade, período de intensas mudanças.
Quando perguntamos para mulheres sobre sua menarca a maioria relata nojo e outras emoções negativas que podem perdurar por toda a vida. Isso acontece pois, ao menstruar pela primeira vez, elas não sabiam exatamente o que estava acontecendo e a quem pedir ajuda. Imagine como seria incrível se tal realidade pudesse ser transformada em algo mais positivo e acolhedor?
Explicar naturalmente o que é a puberdade e a menarca fará com que sua filha aceite, sem medos, as mudanças em seu corpo de adolescente em formação, bem como contribuirá para a construção de uma autoimagem positiva. Dessa forma, sua filha poderá se preparar aos poucos, entender que trata-se de um processo fisiológico natural e saber o que fazer quando menstruar pela primeira vez.
A menstruação deve ser reforçada como um evento positivo, de que o corpo está funcionando de forma saudável. O diálogo aberto entre mães e filhas sobre o ciclo menstrual também pode ajudar a reduzir a falta de acesso a produtos de higiene menstrual adequados e a falta de informação sobre saúde menstrual, abordando a conversa sem esconder, sussurrar ou dar um tom de algo proibido e errado, nem mesmo falar que dor durante a menstruação é normal - porque não é e nem deveria ser.
Quanto mais cedo se explicar a menstruação para sua filha, melhor. É importante que as meninas recebam informações sobre o ciclo menstrual de forma clara e objetiva, e que se sintam confortáveis para conversar com suas figuras maternas a respeito de suas dúvidas e preocupações. A figura materna deve contar com a comunidade, assim todas as outras mães podem contribuir com a educação menstrual para que mais pessoas se envolvam e contribuam com este aprendizado.
*Raíssa Assmann Kist é especialista em inovação social para a menstruação e CEO da Herself, femtech que visa romper com as velhas narrativas sobre o ciclo menstrual.
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