Dezembro Vermelho: a AIDS e a gestação

A ginecologista Dra. Ligia Santos explica sobre como passar por uma gestação sendo portadora do vírus HIV

Redação Publicado em 19/12/2022, às 06h00

Dra. Ligia Santos é colunista do site Mariana Kotscho -

No mês de dezembro acontece a Campanha Nacional de Prevenção a Doenças Sexualmente Transmissíveis. Por isso, em novo vídeo para o site, a Dra. Ligia Santos comenta sobre a relação entre a AIDS e a gestação. 

Segundo a UNAIDS, mais de 38 milhões de pessoas convivem com o vírus do HIV, sendo que 1 milhão e meio contraíram no ano de 2021. De acordo com os dados divulgados, as mulheres fazem parte de mais da metade dos infectados, somando 54%. A doutora traz ainda dois dados alarmantes:

Esse último dado é gravíssimo, pois sigifica que 37% das gestantes não tem acesso ao tratamento que impede a transmissão do vírus ao bebê que está sendo gerado. 

 

Como é a gestação com HIV?

Para evitar a transmissão vertical, ou seja, passar o vírus para o feto, é crucial que seja realizado um diagnóstico precoce. Realizando um pré-natal da forma correta, é possível identificar a presença do vírus nas primeiras semanas da gestação, já que o teste de HIV está entre os exames de rotina necessários. Se por ventura o vírus for detectado, é necessária a realização da terapia antirretroviral, reduzindo as chances de transmissão de 45% para menos de 2%. 

Além disso, como o vírus HIV ataca o sistema imunológico, há uma maior chance da gestante contrair infecções, por isso ela é imediatamente encaminhada para um pré-natal de alto risco, passando a ser acompanhada por um infectologista, além do obstetra. 

A doutora ressalta ainda que a terapia antirretroviral pode causar alterações metabólicas como aumento de glicemia, colesterol, enzima hepática, e por isso são necessários exames semanais para acompanhar de forma controlada esses efeitos colaterais.  

 

Se a carga viral estiver maior que 1.000 cópias, é agendada uma cesariana por volta das 38 semanas, isso para diminuir a chance da transmissão vertical. Antes da cesariana, a mulher vai tomar uma dose de ataque de manutenção de AZT. O rompimento do cordão vai ser realizado de maneira precoce, o bebê vai ser lavado após o parto para ter o mínimo contato possível com secreção materna." comenta Dra. Ligia Santos

 

Se a carga viral for menor que 1.000 cópias ou indetectável, existe a possibilidade de ser realizado um parto normal, tomando cuidado para que realmente seja da forma mais natural possível, e assim evitando o contato do bebê com a secreção materna.  

 

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Amamentação 

As mães portadoras do vírus HIV não podem amamentar. Com isso, o bebê é submetido ao aleitamento artificial. 

Para que não haja dificuldade em suspender a lactação, se usa um comprimido específico, tem mais medicamentos, mas geralmente se usa cabergolina, que é um medicamento para evitar a decida do leite, secar esse leite, e a gente faz o enfaixamento mamário, que pode ser feito com ataduras, por exemplo, para impedir que a mama fique muito pendente e faça com que seque mais rapidamente esse leite." explica a ginecologista

 

O bebê também passará por um acompanhamento médico, mas se o pré-natal tiver sido realizado corretamente, há grandes chances de que ele não tenha sido infectado pela transmissão vertical. Por isso, o diagnóstico precoce é crucial para salvar vidas, tanto da mãe, quanto do bebê. 

Por fim, Dra. Ligia Santos ressalta que, por mais que existam grupos de risco que possuem mais chances comprovadas de contrair o vírus, como profissionais do sexo ou homens homossexuais, as mulheres cis também fazem parte de um grupo vulnerável à essa epidemia.

A AIDS é uma doença grave, que não tem cura, mas que pode ser tratada de forma que o portador possa ter uma vida igual a de uma pessoa que não convive com o vírus HIV. Para isso, é importante ter o diagnóstico, portanto, realize o teste sempre que possível, ele é disponibilizado pelo SUS. 

 

Veja na íntegra o vídeo da Dra. Ligia Santos sobre o assunto:

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