Insegurança psicológica para estar em compromissos com suas crianças é um dos comportamentos que fariam profissionais com filhos a buscar outro emprego
Redação Publicado em 15/10/2024, às 06h00
Pesquisa com mães e pais (ou a espera de filhos) que trabalham em organizações revela que situações e comportamentos, tais como – ‘liderança direta com atitudes discriminatórias com profissionais com filhos, casos de pessoas desligadas no retorno de licença maternidade ou paternidade, ausência de segurança psicológica para participar de compromissos ou desafios pontuais com os filhos – são considerados inaceitáveis e motivadores para a busca de outras oportunidades de trabalho.
O estudo indica ainda que mães possuem uma posição mais exigente para todas as atitudes levantadas, a exemplo de 92% que condenam a atitude ‘Liderança direta com atitudes discriminatórias com profissionais com filhos’ versus 81% dos homens.
As mães também têm uma visão mais pessimista que os pais quando perguntadas se seu ambiente corporativo é um bom lugar para pais e mães trabalharem: 54% delas discordam em alguma medida versus 43% dos pais, revelando uma diferença de 11 pontos percentuais entre as percepções.
Os dados são da pesquisa Radar da Parentalidade, realizada pela consultoria de parentalidade Filhos no Currículo e pelo Talenses Group, em parceria com o Movimento Mulher 360.
“Pressupor que a mulher vai querer ou é capaz de fazer menos depois de virar mãe é, para mim, a atitude mais inaceitável”, afirma a publicitária Lilian Santos, 44. Após voltar da licença maternidade, teve não somente um projeto de grande relevância retirado de suas mãos, como ouviu de seu chefe: ‘- agora que você tem dois filhos, acho que vai querer um trabalho part-time. Respondi: “- Eu quero é trabalhar para um dia sentar na sua cadeira”.
“Eu era gerente de marketing e me foi tirado o maior projeto da companhia, o qual eu dominava tecnicamente. Meu chefe, na época, endereçou esse projeto para meu par: um homem, júnior, que também tinha acabado de ter uma filha", conta.
Lilian conta que não conseguia sair durante o expediente para reuniões de escola ou acompanhar os filhos em ocasiões importantes. “Não via abertura e, pensando hoje, queria provar que dava conta e poderia entregar tudo e até melhor. O que era muito real porque ter filhos é expandir. No meu caso, percebi que fiquei mais atenta, mais multitarefas e com mais gana”, destaca a executiva que pediu demissão da empresa 2 meses depois de seu retorno de licença.
“O problema é quando a liderança pressupõe e faz um pré-julgamento sobre o que aquele funcionário ou que aquela mulher precisa no retorno da licença. O correto é perguntar e dar espaço para que a pessoa possa escolher e não induzir”, explica Michelle Levy Terni, CEO da Filhos no Currículo.
“Os resultados da pesquisa são um termômetro do grau de maturidade das empresas com relação à parentalidade e como elas ainda não estão prontas para acolher pais e mães no retorno à licença. Empresas que desenvolvem planos e práticas para um ambiente de bem-estar parental – para que esses profissionais com crianças sintam segura para vivenciar a parentalidade, além de um suporte contínuo, desde o momento da saída até o retorno da licença, constroem uma base sólida de retenção de talentos e satisfação dos colaboradores”, completa Michelle.
Michelle enfatiza que “Atitudes de discriminação, a exemplo de insinuações de que figuras parentais, principalmente mulheres, não devem assumir cargos de liderança porque não conseguirão dar conta de ambos, ou depreciação da capacidade de profissionais com filhos, não podem mais ter lugar na sociedade de hoje. Inclusive, esse mito de que, ao ganhar uma criança, o profissional pode ou quer menos em sua carreira, é uma falácia que combatemos diariamente. Nesta pesquisa mesmo, foram perguntadas quais as novas habilidades os entrevistados acreditavam ter desenvolvido com a chegada da paternidade/maternidade, e na criação de seus filhos, que os agregaram como profissionais. ‘Paciência’, ‘empatia’ e ‘resiliência’ foram apontadas como as principais adquiridas. Destaque para o crescimento da habilidade de ‘liderança’ em relação a levantamentos anteriores, indicando maior consciência dos entrevistados quanto à relevância da parentalidade como potência em suas carreiras. Somente 1% da base não acredita ter desenvolvido nenhuma habilidade no exercício parental que agregue a seus currículos”.
Consultoria de transformação cultural especializada na criação de programas de parentalidade corporativos, que tem como missão tornar possível Filhos e Carreira coexistirem de forma saudável e sustentável.
O foco é construir uma cultura de bem-estar parental nas empresas por meio de lideranças mais preparadas, times empáticos e políticas internas que sejam acolhedoras e inclusivas para quem concilia filhos e carreira. Atua a partir dos pilares de sensibilização, consultoria e engajamento, em temas como inteligência emocional, equidade de gênero e parentalidade. Dialogam com pais, mães, lideranças, gestores de RH e Diversidade sobre essas pautas.
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