A importância do diagnóstico precoce de doenças reumáticas na infância
Lara Melo* Publicado em 24/08/2023, às 12h00
O Dia da Infância (comemorado em 24 de agosto) é uma data propícia para abordar um assunto importantíssimo: doenças reumáticas não acometem somente adultos ou idosos. Embora este fato seja pouco conhecido, neste artigo quero alertar que tais doenças também ocorrem entre as crianças.
Existem muitos tipos de doenças reumatológicas e o surgimento de cada uma delas costuma ocorrer em faixas etárias diversas durante a infância e a adolescência. Há, por exemplo, doenças já identificáveis nos primeiros dias de vida de um bebê, assim como outras com maiores taxas de início na adolescência, já próximas da idade adulta. Contudo, não importa quando surgem e, sim, que quanto mais cedo uma doença reumatológica é descoberta, mais chances existem de controle da mesma e redução de sequelas.
Acredito que a conscientização em torno das doenças reumatológicas que podem acometer as crianças é fundamental, pois o conhecimento em torno desse assunto, bem como a busca pelo diagnóstico precoce, possibilita melhora na qualidade de vida dos pacientes.
Mas quais são as doenças reumáticas mais comuns durante a infância? Vejamos: mundialmente, a Artrite Idiopática Juvenil é a doença mais comum; mas também cito a Dermatopolimiosite; o Lúpus Eritematoso Sistêmico e as vasculites Doença de Kawasaki e a Vasculite por IgA. Ressalto também que no Brasil temos uma alta prevalência da Febre Reumática entre as crianças, o que não acontece em países europeus e nos Estados Unidos. Agora, vamos ‘falar’ sobre como identificá-las durante esta fase da vida: aqui ressalto que os relatos dos pais durante uma avaliação médica que seja complementada com exames de sangue, urina e imagem (caso necessário) são essenciais para termos um diagnóstico preciso. Quanto aos tratamentos mais indicados, esclareço que estes se relacionam aos sintomas e à gravidade dos quadros apresentados. No entanto, volto a lembrar que o diagnóstico precoce é essencial, bem como o uso da medicação adequada e a regularidade do tratamento.
Cada um destes aspectos contribui para conseguirmos obter os melhores resultados possíveis durante o tratamento. Chamo a atenção para algo importante: independentemente do contexto da doença reumatológica, a presença dos pais durante todo o processo é essencial, pois é importante que ambos estejam cientes da doença e aprendam a identificar fatores de piora e complicações para procurar atendimento médico com rapidez. Como no Brasil o desconhecimento em torno das doenças reumatológicas que acometem as crianças ainda é grande, quero salientar que as escolas, dentro do possível, também podem contribuir para disseminar informações corretas sobre o tema. Digo isto porque tanto a família quanto a escola são grupos sociais importantes na vida das crianças e adolescentes, podendo, sem dúvida, trabalhar para promover mais conhecimento sobre estas doenças, como desmistificando que essas possam ser transmissíveis entre as crianças.
Por fim, explico que crianças portadoras de doenças reumatológicas possuem alguns fatores genéticos que as predispõem a desenvolver tais patologias e quando elas são expostas a fatores ambientais, como infecções, por exemplo, podem apresentar sintomas da doença. Em relação aos tratamentos, informo que estes podem ser desde analgésicos comuns e anti-inflamatórios aos quais já estamos acostumados, como o ibuprofeno, até medicamentos imunossupressores. Assim como há medicamentos que podem ser prescritos por via oral e/ou injetáveis. Dependendo da doença, o paciente pode usar estes tratamentos tanto por um curto intervalo de tempo, quanto por muitos anos. Lembro ainda que na faixa etária pediátrica as medicações mais utilizadas são os corticoides, as drogas modificadoras de atividade de doença como metotrexato e leflunomida, e alguns biológicos autorizados para a faixa etária como adalimumabe, etanercepte e tocilizumabe.
*Lara Melo, é médica reumatologista pediátrica pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com título de especialista para Sociedade Brasileira de Reumatologia, e faz parte do corpo clínico do Grupo CITA, empresa formada pelas clínicas EV CITI e Quíron Reumatologia, sediadas na capital paulista; e pelas clínicas IBIS e Novaclin sediadas em Salvador. Hoje o Grupo é referência em tratamentos de saúde nas áreas de Dermatologia, Reumatologia, Gastroenterologia, Neurologia, Alergologia, Centro de Terapia Assistida e Vacinas. A história do Grupo começou quando, em 2021, um grupo de especialistas em reumatologia e outras áreas médicas realizaram a fusão da clínica IBIS em Salvador (BA) e da Clínica EVCITI em São Paulo (SP) dando origem ao Grupo CITA. A fusão foi tão benéfica que, em 2022, a holding optou por mais uma expansão e investiu também na Novaclin (BA) e na Quíron Reumatologia (SP). O Grupo Cita oferece equipe de médicos reumatologistas pediátricos tanto para realização de consultas médicas como para acompanhamento das crianças que realizam tratamento no centro de infusão de medicamentos imunossupressores injetáveis (subcutâneos e intravenosos). A intenção é garantir acompanhamento completo desse paciente, desde o diagnóstico até a acessibilidade aos medicamentos mais modernos, como os biológicos.
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