57,4% das crianças não realizam atividades físicas pelo tempo proposto pela OMS

Crianças que seguem recomendações de tempo da OMS, melhoram em 34% os níveis de atenção, foco e inibição de impulsos indesejáveis

Redação Publicado em 17/06/2023, às 10h00

Equilíbrio entre esses fatores é chave para desenvolvimento infantil integral -

O tempo que as crianças dedicam à realização de atividades físicas como andar, correr, pular, jogar bola e passear de bicicleta, está diretamente relacionado ao aumento da atenção, habilidades motoras e capacidade de socialização. No entanto, cerca de 57,4% das crianças não se movimentam pelo tempo proposto pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Esse é um dos dados apresentados no estudo “A importância do equilíbrio entre atividade física, tempo sedentário e sono para o desenvolvimento infantil”, realizado por Clarice Martins, Professora Associada do Departamento de Educação Física da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

A pesquisa é uma das finalistas do Prêmio Ciência Pela Primeira Infância, desenvolvido pelo Núcleo Ciência pela Infância (NCPI) com objetivo de identificar e reconhecer pesquisadores de diferentes partes do Brasil com estudos focados no desenvolvimento de crianças de zero a seis anos.

O estudo acompanhou 270 crianças de 3 a 5 anos matriculadas em pré-escolas localizadas em zonas de baixa renda da cidade de João Pessoa (PB). O intuito foi identificar se os pequenos de famílias de baixa renda cumprem as seguintes recomendações de distribuição de tempo diário determinados pela Organização Mundial da Saúde (OMS):

Atividade Física: 180 min ao longo do dia, dos quais pelo menos 60 min devem ser com atividades de moderada a alta intensidade;

Comportamento sedentário: não mais que 60 min consecutivos de exposição às telas;

Sono: entre 11 e 13 horas (3 a 4 anos) e entre 9 e 11 horas (5 a 6 anos).

Segundo o levantamento, 64,8% das crianças não dormem a quantidade de horas recomendada, 84,8% ficam expostas às telas por tempo maior do que o máximo indicado, 57,4% não cumprem o tempo recomendado de atividade física e 33% não aderem a nenhuma das recomendações. Além disso, apenas 3% das crianças de baixa renda entre 3 e 5 anos cumprem simultaneamente todas as recomendações da OMS.

Um maior equilíbrio do tempo gasto entre atividade física, sono e comportamento sedentário pode, contudo, influenciar positivamente o desenvolvimento infantil. De acordo com a publicação, crianças que substituíram de 5 a 20 minutos por dia de tempo sentado por atividades físicas apresentaram 34% de aumento na atenção, foco e inibição de impulsos indesejáveis, 35% de aumento nas habilidades motoras, 29% de aumento na resistência cardiorrespiratória, 7% de aumento na força e15% de aumento nas habilidades de socialização.

 

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A primeira infância é fundamental para a formação integral da criança. Nesse período, o tempo despendido em atividades físicas, comportamento sedentário e sono está diretamente associado ao desenvolvimento de habilidades cognitivas, físico-motoras e socioemocionais. Os ganhos de seguir as recomendações da OMS são inúmeros e se refletem na saúde física e emocional da criança, com efeitos na adolescência e na idade adulta, podendo reduzir riscos de doenças futuras, como obesidade, depressão e ansiedade, por exemplo”, explica Clarice.

 

A pesquisa reforça, ainda, o papel da gestão pública na aplicação prática das recomendações da OMS. Segundo Clarice, é necessário promover ações educativas entre pais e filhos e investir na capacitação de professores para melhor adequação de tempo dentro das pré-escolas, evitando longos períodos com as crianças sentadas a partir da inclusão de atividades com movimento durante a rotina.

“A importância do equilíbrio entre atividade física, tempo sedentário e sono para o desenvolvimento infantil” pode ser encontrada aqui.

O Prêmio Ciência Pela Infância é uma iniciativa do Núcleo Ciência Pela Infância para alavancar a disseminação de conhecimento científico relevante e apoiar a formulação ou qualificação de políticas públicas, programas ou serviços voltados a crianças de 0 a 6 anos e suas famílias. As pesquisas abordaram temáticas relacionadas a: infâncias plurais do Brasil; desigualdades e primeira infância; e avaliação de políticas públicas em primeira infância.

 

Sobre o Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI)

Criado em 2011, o NCPI é uma coalizão que tem por objetivo produzir e disseminar conhecimento científico sobre o desenvolvimento da Primeira Infância para promover e qualificar programas e políticas públicas para crianças brasileiras em situação de vulnerabilidade social. O NCPI é composto, atualmente, por sete organizações: Center on the Developing Child da Universidade de Harvard, David Rockefeller Center for Latin American Studies, Faculdade de Medicina da USP, Fundação Bernard van Leer, Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, Insper e Porticus América Latina.

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