Agosto Dourado: um convite à proteção, protagonismo e saúde pública com foco no leite materno

Descubra como o leite materno é essencial para a saúde do bebê e da mãe, além de ser uma opção econômica e sustentável

Chrystina Barros* Publicado em 14/08/2025, às 06h00

A importância da amamentação - pexels

O aleitamento materno é insubstituível — atua desde o primeiro instante como alimento e vacina. O leite materno transmite anticorpos, adapta-se ao desenvolvimento da criança e jamais é “fraco”. É biologia pura: o alimento exato, natural, com o teor nutricional que evolui conforme a criança cresce. Além do valor imunológico, amamentar é uma medida econômica: é gratuito e ainda protege a saúde da mulher, reduzindo o risco de câncer de mama.

Em tempos de era digital, a desinformação se espalha rápido. Mesmo diante de campanhas de marketing robustas que promovem leites industrializados com aparência de “fortificados”, precisamos resgatar o olho no olho entre mãe e bebê como símbolo de cuidado verdadeiro. O contato materno, presencial e real, não pode ser substituído. A sociedade precisa apoiar esse vínculo também no retorno ao trabalho: oferecer condições para que a mulher retire, armazene e forneça seu leite, garantindo segurança e respeito ao seu papel.

 

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A pauta do Agosto Dourado deste ano reforça também a sustentabilidade. Amamentar evita embalagens plásticas, transporte e processos industriais que deixam alta pegada de carbono. Alimentar exclusivamente um bebê com fórmula por seis meses pode gerar mais de 200 kg de CO₂ e consumir milhares de litros de água — impactos ambientais que o aleitamento ajuda a reduzir de forma direta. Em um planeta já marcado por microplásticos no sangue humano, cada mamada planejada sem embalagem é um gesto de saúde e cuidado ambiental.

E é fundamental colocar as mulheres no centro dessa ação. São protagonistas que enfrentam desafios reais: dor, insegurança, dúvidas. Amamentar não é um ato cor derosa sem falhas. Requer atenção, orientação profissional e apoio emocional. Uma campanha legítima oferece essa escuta especializada e cuidados reais e é este movimento que a saúde pública traz enquanto política real.

Quando cuidamos da mulher que amamenta — dando informação, protagonismo e apoio estrutural, ela segue liderando sua família com saúde, dignidade e autonomia. Mulher, bebê e sociedade ganham. Porque, no fim das contas, o aleitamento materno também alimenta a felicidade.

*Chrystina Barros é pesquisadora em Saúde, especialista em felicidade e Diretora do Hospital Maternidade Paulino Werneck.

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