A nutrição adequada em criança prematura é fundamental para o desenvolvimento na infância

Brasil é o 10º do mundo com maior número de prematuros; pesquisa alerta para o aumento silencioso e global dessa condição na infância

Redação* Publicado em 11/01/2024, às 06h00

A alimentação saudável é importante para os bebês -

O nascimento de bebês prematuros foi declarado como uma emergência global silenciosa pela Organização Mundial da Saúde (OMS), após apresentação do relatório da entidade em parceria com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), publicado neste ano. Na última década, foram registrados 152 milhões de partos de bebês prematuros no mundo. O dado merece atenção, já que a prematuridade se tornou a principal causa de mortes na infância. A condição representa um de cada cinco óbitos antes dos 5 anos de idade.

Em nosso país nascem por ano 340 mil bebês antes da 37ª semana de gestação (36 semanas e 6 dias), condição que determina a prematuridade. Essa alta incidência coloca o Brasil no 10º lugar em relação às nações com maior número de prematuros do mundo.

Entre os principais fatores de risco para a prematuridade estão a gravidez na adolescência, infecções, alimentação inadequada e doenças, como por exemplo, a hipertensão na gestação. Um bebê prematuro pode apresentar uma série de condições de saúde, como problemas respiratórios, cardíacos, intestinais, entre outros.

 

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De acordo com Dr. Danilo Klein, médico nutrólogo pela Universidade Federal Fluminense e gerente médico da Baxter, um dos desafios neste período é garantir a nutrição adequado para o recém-nascido: “O bebê que nasce antes do tempo esperado não teve tempo suficiente para acumular os nutrientes necessários para seu desenvolvimento via placenta e, assim sendo, poderá estar mais exposto a doenças”.

Outro ponto de atenção está relacionado às dificuldades de sucção e deglutição dos prematuros, tendo em vista que o trato gastrointestinal ainda é considerado imaturo e, portanto, não está preparado para absorver o volume de nutrientes presente no leite materno.

Para esclarecer as dúvidas sobre a nutrição na prematuridade, o Dr. Klein listou alguns mitos e verdades sobre essa fase da vida.

O bebê só é considerado prematuro quando nasce antes das 37 semanas de gestação?

Verdade.  A Organização Mundial da Saúde classifica que todo bebê que nasce com menos de 37 semanas de gestação (até 36 semanas e 6 dias) é considerado prematuro. Os bebês prematuros podem ser classificados de acordo com a idade gestacional ao nascer. Os bebês prematuros extremos são os que nascem antes das 28 semanas, os muito prematuros entre 28 semanas e 31 semanas e 6 dias e os moderados ou tardios são os que nascem entre 32 semanas e 36 semanas e 6 dias de gestação.

A nutrição é menos importante que a oxigenação para um prematuro? Mito. A nutrição é tão importante quanto à oxigenação e qualquer outro cuidado que a gente tem com o bebê prematuro dentro da UTI. É um cuidado integral que envolve desde a nutrição, a oxigenação até protocolos de neuroproteção e cuidados centrados na família. A nutrição desempenha um papel essencial para o desenvolvimento do recém-nascido, é por meio dela que o bebê irá obter os nutrientes necessários para o seu desenvolvimento.

O bebê prematuro também pode ser amamentado?

Verdade. O bebê prematuro não só pode como deve ser amamentado sempre que possível e desde que não se tenha situações específicas que contraindiquem o aleitamento materno. Quanto mais prematuro, mais tarde ele vai mamar no seio materno, porém durante a sua internação é realizado a extração do leite materno e a colostroterapia (técnica que utiliza o colostro, leite produzido na primeira fase da amamentação. No hospital, o recém-nascido recebe, a cada três horas, 0,2ml desse leite), desde as primeiras horas de vida. O leite materno é fundamental e é durante a internação que o prematuro passa pelo processo de desenvolvimento, amadurecimento e crescimento. É por meio dele que o bebê prematuro irá adquirir propriedades imunoprotetoras, que são importantíssimas para o desenvolvimento de sua imunidade.

O leite materno é a melhor forma de alimentação e apenas ele é suficiente para nutrir um bebê prematuro?

Mito. Os recém-nascidos prematuros apresentam alto risco de déficit de crescimento pós-natal, por isso a terapia nutricional é um aspecto importante dentro da UTI Neonatal. Nos primeiros dias de vida, o prematuro passa por algumas fases de adaptação onde a nutrição parenteral – terapia nutricional inserida no bebê diretamente pela veia (via endovenosa), pode ser necessária e exercer papel fundamental para garantia da saúde, visto que o seu intestino ainda não está preparado para absorver o volume grande de nutrientes. Já a nutrição enteral (através de sonda orogástrica) deve ser iniciada o mais precocemente possível, a depender da condição clínica do bebê. O leite materno é o alimento de escolha, e sempre que possível deve ser oferecido para o bebê. Dependendo da necessidade nutricional desse prematuro, para o adequado crescimento, pode ser necessário colocar um aditivo do leite materno, aumentado a quantidade de proteína, caloria, cálcio e fosforo. Na ausência ou impossibilidade de oferecer o leite materno, as fórmulas para prematuros podem ser utilizadas.

O bebê prematuro é mais vulnerável às doenças?

Verdade. A parte imunológica do prematuro ainda é imatura, por isso ele tem mais risco de desenvolver infecções bacterianas, fúngicas e virais durante a internação na UTI neonatal. Após a alta hospitalar uma das principais causas de reinternação são problemas respiratórios, geralmente por causas virais. Por isso destaco a importância dos cuidados da equipe multidisciplinar durante toda a internação e dos cuidados gerais de toda a família, além da importância da vacinação dos bebês durante a internação e no pós-alta, seguindo o calendário vacinal do prematuro (PNI, SBP e SBIM).  Importante também a vacinação dos contactantes desses bebês, com destaque para as vacinas contra gripe e coqueluche.

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