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Recidiva do câncer colorretal: o caso de Preta Gil e os desafios do tratamento

Após cirurgia e quimioterapia, Preta Gil enfrenta nova batalha contra o câncer colorretal com recidiva e metástase

Redação Publicado em 27/02/2025, às 06h00

O diagnóstico precoce é importante
O diagnóstico precoce é importante

A cantora Preta Gil foi diagnosticada com câncer colorretal em janeiro de 2023 e passou por cirurgia para remoção do tumor, além de sessões de quimioterapia. No entanto, em agosto de 2024, exames de seguimento oncológico identificaram uma recidiva da doença, com linfonodos comprometidos, um nódulo no ureter e metástase no peritônio.

A recorrência do câncer colorretal não é incomum, como explica o cirurgião do aparelho digestivo Dr. Murillo Utrini. “Mesmo após um tratamento bem conduzido, alguns pacientes podem apresentar recidiva, especialmente se o tumor era mais agressivo ou se algumas células cancerígenas resistiram à terapia inicial”, afirma.

Cirurgia de Retirada do Ânus: O Que Isso Significa?

Diante da nova progressão da doença, Preta Gil passou por uma cirurgia complexa que incluiu a remoção do ânus, um procedimento chamado amputação abdominoperineal. Segundo Dr. Murillo Utrini, esse tipo de cirurgia é indicado quando há comprometimento do complexo muscular (esfíncteres) que controlam o ato de evacuar.

“Em casos avançados de câncer colorretal baixo, a amputação do reto e do ânus pode ser necessária para garantir a remoção completa do tumor e reduzir o risco de novas recidivas”, explica o cirurgião. Como consequência, o paciente passa a depender de uma colostomia definitiva, em que as fezes são eliminadas por meio de uma bolsa coletora.

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“O impacto dessa cirurgia vai além da parte física, pois envolve mudanças significativas na qualidade de vida do paciente. Por isso, é essencial o suporte de uma equipe multidisciplinar, incluindo psicólogos e nutricionistas, para adaptação à nova realidade”, ressalta o especialista.

A Importância da Prevenção e do Diagnóstico Precoce

A detecção precoce do câncer colorretal pode ser decisiva para o sucesso do tratamento e a redução do risco de recidiva. Segundo as recomendações da Sociedade Americana e da Sociedade Brasileira de Coloproctologia, a primeira colonoscopia deve ser realizada aos 45 anos como exame preventivo. A periodicidade dos exames seguintes varia de acordo com os achados clínicos, podendo ser realizada em intervalos que podem variar de 1 a 5 anos.

O rastreamento adequado pode identificar lesões pré-cancerosas e permitir intervenções antes que o tumor se desenvolva. “A colonoscopia é uma ferramenta essencial na detecção precoce do câncer colorretal, permitindo a remoção de pólipos antes que evoluam para um quadro maligno”, explica Dr. Murillo Utrini.

O Impacto da Vigilância Médica

A detecção precoce da recidiva no caso de Preta Gil foi possível graças ao acompanhamento médico regular. Segundo Dr. Murillo Utrini, esse monitoramento é fundamental para a eficácia do tratamento. “Os exames periódicos possibilitam identificar sinais de recorrência antes que o câncer se espalhe de forma mais agressiva. Isso permite que novas estratégias terapêuticas sejam aplicadas rapidamente”, explica o especialista.

Quando a doença retorna, o tratamento pode incluir novas rodadas de quimioterapia, imunoterapia ou até procedimentos cirúrgicos adicionais. “Cada caso precisa ser avaliado individualmente. A escolha da abordagem depende do estágio da recidiva e da resposta do paciente às terapias anteriores”, acrescenta o médico.

Avanços no Tratamento e Qualidade de Vida

Embora a recidiva do câncer colorretal traga desafios, os avanços na oncologia têm ampliado as possibilidades de controle da doença. “Hoje, contamos com terapias mais personalizadas, que atacam diretamente as células cancerígenas sem comprometer tanto o organismo. Isso aumenta as chances de resposta ao tratamento e melhora a qualidade de vida do paciente”, destaca Dr. Murillo Utrini.

Casos como o de Preta Gil reforçam a importância da conscientização sobre o câncer colorretal e a necessidade de exames preventivos. “O diagnóstico precoce e o acompanhamento contínuo são cruciais para aumentar as chances de sucesso no tratamento”, finaliza o especialista.