Incluir ações beneficentes no dia a dia traz bem-estar e sensação de prazer

Sentimento provocado por ações beneficentes acontecem pela liberação de dopamina, serotonina e ocitocina; Brasil está entre os 20 países mais solidários

Redação Publicado em 10/01/2023, às 06h00

Ser solidário é importante - Foto: Jake Lyell

No Brasil, o interesse pela filantropia tem crescido. Em 2022, o país ficou entre os 20 mais solidários do mundo, segundo o levantamento World Giving Index, elaborado pela Charities Aid Foundation. O Brasil saltou da 54ª posição, em 2021, para o 18º lugar no ano passado. Mais do que ajudar alguém, a caridade traz uma sensação de bem-estar e prazer, e esse sentimento tem explicação científica.

“Como vivemos em bando, assim como outros animais, fazer o bem ao outro também nos faz bem”, afirma Pedro Camargo, especialista em neurociência pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Essa sensação é explicada por reações físico-químicas que provocam áreas do cérebro, liberando dopamina, serotonina e ocitocina, hormônios conhecidos pelo amor, prazer e felicidade.

A empatia, que é definida como se colocar no lugar do outro, é um sentimento muito diferente da simpatia, que é o ato de achar algo legal, mas não se envolver. Quando apresentamos empatia, os sentimentos de prazer e bem-estar são compartilhados e causam um rastro emocional, levando as pessoas próximas a perceberem a ação pela liberação de moléculas no organismo do benfeitor, o que contagia essas pessoas. “É como uma sincronia cerebral, em que as pessoas se sentem bem”, completa Camargo.

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A falta de tempo para dispor e se comprometer com o voluntariado é um dos motivos que afasta muitas pessoas de se dedicar a uma causa. Porém, existem formas mais acessíveis, como o apadrinhamento de crianças e adolescentes, realizado pelo ChildFund Brasil, por exemplo. Nesse formato, o padrinho ou a madrinha escolhe quem deseja como apadrinhado. Além de contribuir financeiramente, é estabelecida uma relação entre ambos por meio de cartas, criando uma conexão essencial para o desenvolvimento da criança ou do adolescente.

Atualmente, o ChildFund Brasil possui cerca de 30 mil apadrinhados, entre zero e 24 anos, 3 mil a mais do que em 2019. Os recursos recebidos são direcionados para a execução de projetos sociais nas organizações parceiras. A aplicação da verba é monitorada constantemente pela ONG. “Com o apadrinhamento, crianças que vivem em vulnerabilidade social têm mais segurança para desenvolver plenamente suas capacidades”, relata Maurício Cunha, diretor do ChildFund Brasil.

“A compaixão é ação. É atender à necessidade imediata do outro”, relata Flávia Lippi, especialista em neurociência e comportamento. Esse sentimento está ligado à crença de que todos devem ter os mesmos direitos. “Quando uma pessoa chega ao estado de compaixão com todos, está em conexão absoluta com as necessidades humanas”, completa.

Ao conhecer o apadrinhamento, Raquel Lima, junto com sua filha Alice, de nove anos, entraram em contato com a ONG. “Como uma das premissas do apadrinhamento no ChildFund Brasil é a troca de cartas entre padrinho e apadrinhado, eu queria alguém com a idade próxima à da minha filha, para que ela pudesse conhecer a realidade de outras crianças e experimentasse, desde cedo, o prazer de poder ajudar quem precisa”, relata Raquel.
 

Aumento da pobreza

 

A pandemia de Covid-19 fez a pobreza disparar no Brasil, mesmo com o Programa Auxílio Brasil, implementado pelo governo federal em novembro de 2021. Dados divulgados pelo IBGE no mês passado mostram que, em 2021, cerca de 62,5 milhões de pessoas (29% da população) estavam na pobreza. Entre estas, 17,9 milhões (8,4% da população) estavam na extrema pobreza.

Em 2021, a proporção de crianças menores de 14 anos de idade abaixo da linha de pobreza chegou a 46,2%, o maior percentual da série, iniciada em 2012. Essa proporção tinha caído ao seu menor nível (38,6%) em 2020, mas teve alta recorde. Com o agravamento dessa situação, o apadrinhamento de crianças se torna ainda mais importante no país.

O ChildFund Brasil, organização que atua na promoção e defesa dos direitos da criança e do adolescente, impacta positivamente a vida de mais de 110 mil pessoas, entre elas, cerca de 60 mil crianças e adolescentes, com doação de pessoa física, através do apadrinhamento, e doações de empresas, institutos e fundações que apoiam os projetos desenvolvidos. Fundado em 1966, sua sede nacional se localiza em Belo Horizonte (MG). Eleito por três anos a melhor ONG para Crianças e Adolescentes (2018, 2019 e 2021), em 2022, o ChildFund Brasil foi eleito a melhor ONG de Assistência Social, além de estar presente entre as 100 melhores ONGs por seis anos consecutivos.
 

Como apadrinhar

 

O processo é simples: acesse o site do ChildFund Brasil, onde está disponível a história das crianças que podem ser apadrinhadas. O valor mínimo de contribuição mensal é R$ 67. Após preenchimento dos dados, a ONG entrará em contato para finalizar o processo.
 

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